Ontem o Comitê de Política Monetária reuniu-se e pela 8a vez, a taxa SELIC foi elevada mais uma vez. Analistas e economistas prevêem que o aumento em 1,5 p.p. não vai parar por aí. O fim do ciclo de elevação da taxa é esperado para o mês de março. A previsão é de que ainda teremos mais uma subida da ordem de 1 p.p ou 0,75 p.p. O fim desse ciclo de alta marca a necessidade e preocupação do Banco Central em freiar a escalada da inflação.
A partir de maio desse ano espera-se que as elevações da taxa comecem de fato a surtir o efeito de barrar a inflação. E que em 2023 e 2024, possamos finalmente trazer a inflação para o centro da meta.
Dito de outra forma, enquanto a inflação não ceder, o remédio amargo vai ser prescrito.
A adoção de uma política monetária contracionista tem como alvo, conter o avanço da inflação, em um ano eleitoral. É sabido que os efeitos de elevações de taxa de juros ocorrem de forma defasada, até que a sociedade interprete tal medida.
O fato de o Copom estar adiantado no ciclo de aperto cria um colchão para absorver choques vindo do exterior e também deveria tirar um pouco do ímpeto de quem projeta a Selic muito acima dos 12%.
Por outro lado, a expectativa de inflação para 2022 é de 5%, mesmo com a pressão de diversos segmentos dentre eles o de energia – preço dos combustíveis e botijão de gás. O que torna ainda mais urgente a adoção de medidas mais combativas e que impeçam o avanço da inflação.
Em 2015, a SELIC alcançou os dois dígitos e desde então os valores têm ficado restritos a 1 dígito. A extensão da pandemia, a redução da oferta de alguns componentes relevantes para a indústria nacional e estrangeira, a continuidade de chuvas e a quebra de safras agrícolas colaboram para a existência de choque de oferta. O arrefecimento desta dá munição para a elevação nos preços.
Em economia, o sonho de todo policy maker é justamente pensar que as previsões futuras irão se cumprir. Por enquanto, a SELIC está em 10,75% podendo chegar a 12% até março. Essa expectativa de analistas e economistas endossam a complexidade e a dificuldade mesmo em um tempo de baixa demanda e redução de renda, o ímpeto da inflação se mantém.
Na verdade, nos resta aguardar a tempestade passar e aguardar que os ventos mudem de direção de modo que a redução dos juros possas ser uma nova realidade. O único jeito é esperar.