Direto de Brasília-DF.
Tenho escrito e falado sobre educação e ensino em circunstâncias diferentes e com constância. Divirjo de quem não distingue uma coisa da outra, por mais que sejam parecidas. Assemelham-se à água, em que oxigênio e hidrogênio têm de estar unidos para produzir um produto só, sem que a individualidade das partes devam ser anuladas.
A educação é a formação espiritual de uma pessoa ou Nação. Ela provém de todas as fontes que os sentidos humanos são capazes de captar. Educar é para todos, família principalmente. Está mais vinculada à absorção de valores e princípios.
O ensino está vinculado às informações que decorrem de nossa capacidade de identificar objetos de conhecimento, analisar, classificar e processá-los. Ensino é a matéria-prima das agências de educação, sejam escolas, institutos, universidades, etc. Ensino é passaporte no mundo da meritocracia, adotado como veículo de ascensão social e econômica, principalmente a partir do século XVI.
O produto do ensino é o conhecimento acadêmico, enciclopédico, laboral, etc. Você pode ter ou não. Aliás, qualquer pesquisa rasa te mostra que o mundo possui mais de 20% de analfabetos; que muito além da ideologização de esquerda ou direita política, a evasão escolar, principalmente de alunos mais pobres e com rendimento menor, é astronômica. A evasão escolar é facilmente ligada a fatores como:
1 – necessidade de trabalhar para ajudar a família;
2 – necessidade de garantir o próprio sustento;
3 – miséria e pobreza como “estinlingues” que empurram para o crime;
4 – miséria e pobreza como “estinlingues” que empurram para variadas formas de violência em razão do rancor que desperta na alma a raiva por quem prospera e adquire bens materiais;
5 – a precariedade do ensino com escolas sem recursos materiais e humanos adequados;
6 – conflitos familiares que se transformam em barreiras intransponíveis para muitos filhos continuarem na escola.
Todos esses fatores citados são importantes e estão vinculados ao Ensino. A educação, que está além de tudo isto, é o fio condutor da alma humana. Ela, a educação, decorre do ato de estar vivo e da interação com a natureza, animais, com os humanos, com a flora. Educação deveria ser visto como obrigatório porque conhecimento você pode ter ou não, mas ser educado para conviver em sociedade deveria ser encarado como indispensável a todos.
Talvez, ante essas reflexões, é que o dicionário da Real Academia Espanhola traz uma expressão idiomática que diz que há “burros carregados de letras”, ou seja, pessoas que amontoam diplomas, mas não têm educação.
EDUCAÇÃO PARA PRODUTORES E CONSUMIDORES
Outro dia fui a um supermercado de bairro perto de onde moro na Asa Sul, em Brasília, e fiquei estarrecido com a falta de educação. O Carrefour pôs à venda, garrafinhas de suco de melancia(300ml) por R$ 7,90 cada. Próximo, colocou um quarto de melancia pelo mesmo preço. Resolvi comprar os dois, levei para casa, bati a melancia no liquidificador e consegui encher, TRÊS das garrafinhas com um único quarto da melancia. Resultado, o quarto de melancia rende 3 garrafas e custa R$7,90, enquanto UMA SÓ garrafinha estava sendo vendida por quase QUATROCENTOS POR CENTO MAIS. O que há com o produtor brasileiro? E o que nos leva, enquanto consumidores, a não protestar e boicotar essa falta e educação de preços?
Venho, faz tempo, dizendo que precisamos nos deixar educar para protestar, boicotar e rejeitar essas imposições. Em minhas viagens pela Europa e do tempo que, por alguns meses, estudei em Nova Iorque, fiz questão de relatar e fotografar produtos de excelente qualidade com preços baixíssimos, perto dos preços que praticamos aqui no Brasil. Até mesmo os sucos estrangeiros quando começam a ser vendidos no Brasil, as fábricas recomendam que sejam diluídos ao máximo com água, porque os consumidores não estão acostumados assim.
Em alguns países da Europa e EUA o suco é concentrado, grosso, tem gosto da fruta estampada na embalagem. Aqui no Brasil, não passa de água açucarada se gabando de ter 5%, no máximo 10% do suco da fruta estampada na embalagem. É ridículo!
Você pensa que isto não tem relação com o processo de educação e ensino?
Esta semana recebi um e-mail de uma rede de farmácias dos EUA, na qual fiz cadastro como cliente quando estava por lá, e na qual compro em razão dos preços baixos e da qualidade dos produtos. Aliás, por falar nisto recordo as palavras de AKIO MORITA, co-fundador da SONY(gigante mundial) que dize seu livro “MADE IN JAPAN”, que ao chegar nos EUA da década de 60 do século passado, teve que revolucionar sua forma de pensar porque no seu JAPÃO o lema era produzir porcaria para vender pelo maior preço, enquanto os americanos daquele tempo pensavam em produzir o melhor para vender pelo menor preço. Por óbvio, com a invasão de produtos chineses pelo mundo essa regra foi relativizada muitíssimo, mas o princípio segue incontestável.
Pois, bem! Essa mesma rede de farmácia me informou que estava colocando à venda produtos por preços ainda mais baixos, informou também que no “Alaska, Hawaii, Puerto Rico, and Manhattan, NY”, tais preços poderiam sofrer variação. Assim, se o cliente/consumidor for comprar nesses locais já chega sabendo que o preço pode ser maior. É uma questão de educação de preços e respeito com o consumidor, que é quem sustenta a economia mundial.
Não adianta você, consumidor brasileiro, pensar que os produtores, comerciantes, industriais, e sobretudo os gananciosos empresários do setor da alimentação praticarão preços justos. Eles são extremamente gananciosos e seguem sendo assim, em parte, porque eu e você não os boicotamos.
Outro dia eu e minha esposa resolvemos comer em um restaurante, desses muitos que estão com as “pernas bambas” devido à falta de clientes, em razão da pandemia. Pedimos uma simples carne de sol com arroz, feijão e farofa. Preço final(sem vinho, e apenas água gaseificada para acompanhar a dieta) R$170,00 (cento e setenta reais). Não! O prato não vinha recheado com ouro! Preço de comer em casa, muito mais saudável e saborosa: em torno de R$ 60,00.
Certamente as pessoas estão percebendo quão econômico é comer mais em casa e deixar restaurantes para comemorações. Os comerciantes precisam entender que uma nova mentalidade vai surgir dessa crise e, assim, espero que o seja.
Dá pena ver tanta empresa quebrando devido à pandemia? Dá sim, mas pensei que em casos como tais é melhor que fechem as portas mesmo. Desejo que dessa pandemia nasça uma geração de empresários que entendam que não precisam matar a “galinha para extrair todos os possíveis ovos de ouro”.
Os consumidores, a sua vez, precisam deixar de ficar felizes em ver seus bolsos saqueados por criminosos contumazes contra a economia popular, e contra os quais o governo federal, estadual, distrital e municipal nada fazem! Invertem tanto os valores que algumas secretarias de educação festejam a pandemia no tocante à compra de livros supondo que por não haver aulas presenciais não necessitam adquirir livros eletrônicos para colocar à disposição dos alunos das plataformas remotas.
MORTE, AOS EMPRESÁRIOS MAL EDUCADOS E GANANCIOSOS! VIDA, A UMA NOVA GERAÇÃO DE BRASILEIROS QUE VALORIZEM A MAIOR QUALIDADE COM O MENOR PREÇO!
Alguma coisa boa tem de nascer dessa pandemia, e desejo que a educação quebrante o “espirito de porco” que habita alguns humanos e a esmagadora maioria dos empresários desse país!
Nesta série DIÁRIO DE BORDO, os relatos das cinco protagonistas mostram a raiz de inúmeros problemas que interferem na formação do espirito das Nações. Perpetuar os mesmo problemas e querer resultados diferentes é de uma tolice sem tamanho!
Ou você pensa que educação e ensino não estão relacionados com essas questões?
NÃO PERCA! Amanhã o DIÁRIO DE BORDO da Professora de Francês e Supervisora Educacional, Kátia Silva, segue com relatos dignos de reflexão.