Publicação do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), lançada nesta quinta (30/07), detalha casos que inspiram a participação popular na defesa de áreas protegidas
MEIO AMBIENTE
O que você sabe sobre Educação Ambiental? A princípio pode parecer papo apenas de especialista, mas, na verdade, é um assunto que pode e deve caber a toda a sociedade. Entre 2017 e 2019, o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) capacitou cerca de 150 agentes populares na temática, beneficiando e gerando ações positivas a três Unidades de Conservação (UCs) Estaduais em Pernambuco. A experiência acabou virando livro, a ser lançado pela instituição em live nesta quinta-feira (30/07), às 15h, no Instagram @cepan.ong.
A publicação visa mostrar como a população pode atuar junto às UCs, incentivando-as a cuidar de áreas protegidas e até mesmo a adotar práticas sustentáveis no cotidiano. Por meio de chamamento para projetos da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), o Cepan implementou três grandes capacitações durante um ano e meio, disseminando conteúdos sobre Educação Ambiental, Conservação da Biodiversidade, Planejamento e Legislação Ambiental, Gestão Participativa, Ética e resolução de conflitos, entre outros assuntos.
Foram quase 150 pessoas participantes no processo, entre educadores, ativistas, líderes comunitários e até mesmo moradores locais sem expertise alguma no assunto. Os agentes aprenderam a como planejar atividades ambientais, avaliar recursos e impactos, obtendo ferramentas e técnicas para intervir de forma inovadora nas unidades trabalhadas – o Parque Estadual Mata da Pimenteira, em Serra Talhada; e as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) de Santa Cruz e Guadalupe, nos litorais norte e sul do Estado, respectivamente.
O livro, intitulado “Formação de agentes ambientais no Estado de Pernambuco: O desafio de aproximar as pessoas às Unidades de Conservação” pode ser acessado gratuitamente no site do Cepan a partir desta terça-feira (28/07). Na quinta (30) ocorre o lançamento com bate-papo no Instagram @cepan.ong entre Emanuelle Souza, analista de projetos do Cepan, e Valmir Ramos, agente popular em Educação Ambiental da APA de Guadalupe e membro do Instituto Ecoeducar, ambos detalhando especificidades do projeto e mostrando como o grande público pode se engajar e atuar igualmente pela conservação ambiental Brasil afora.
RESULTADOS MAIS QUE POSITIVOS – A formação no Parque Estadual Mata da Pimenteira, classificada como uma Unidade de Proteção Integral, no Sertão do Pajeú, despertou nos agentes a necessidade de estruturar três trilhas, com devida limpeza e sinalização por meio de placas para guiar os visitantes. “A partir do momento que a gente se viu como parte do meio ambiente, veio a necessidade de cuidar, de proteger”, afirma Daise dos Santos, agente de Educação Ambiental na localidade, em depoimento ao livro.
Na APA de Santa Cruz, os agentes formados realizaram mutirões de sensibilização nas praias da região, além de visitas e explanações em estabelecimentos comerciais e turísticos, associações de moradores e de pescadores, entre outros grupos. Eles também criaram a história em quadrinhos “Maria Natureza”, ensinando a importância da destinação correta de resíduos e da conservação do Manguezal a crianças de escolas públicas de Goiana, Itapissuma e Ilha de Itamaracá.
Eventos e feiras na APA de Guadalupe, envolvendo os municípios de Sirinhaém, Tamandaré, Rio Formoso e Barreiros, inspiraram os agentes locais a unirem esforços coletivos em prol da natureza – eles criaram uma ONG, o Instituto Ecoeducar, que segue de forma independente realizando capacitações, cine ambientais e limpeza de praias. Momentaneamente, as atividades estão paradas devido à pandemia do coronavírus.
De acordo com a CPRH, Pernambuco reúne 86 Unidades de Conservação (UCs) Estaduais, e a experiência com essas formações é um modelo que pode ser seguido nas demais regiões e em outras UCs no Brasil. “Conhecer estas áreas, entender os motivos de sua proteção e como isso afeta direta e indiretamente a vida das populações no seu interior e entorno, traz ao público um sentimento de pertencimento e, como consequência, o desejo de proteger”, ressalta Emanuelle, que acompanhou todo o desenvolvimento do projeto.
Por: Milton Raulino