Direto de Brasília-DF.
Como dissemos no episódio passado, a expressão “novo normal” entrou em cena em 2009, como descrição das novas rotinas impostas às pessoas, em razão da crise de 2008.
De vez em quando o mundo é sacudido com eventos da natureza, ou casos de força maior que impõem mudanças. Em meio ao forte sentimento de autossuficiência, a humanidade é frágil em quase todos os aspectos.
A peste-negra do século XIV, a pandemia de 1918, chamada de gripe espanhola, mas com suspeitas fortes que, em verdade tenha nascido no estado do Kansas-EUA, e de lá migrado com os soldados para os campos da Primeira Grande Guerra Mundial, na Europa. Agora, a pandemia do Coronavírus-Covid-19, são evidências incontestáveis de nossa fragilidade biológica.
Somos frágeis também socialmente e psicologicamente. Como “animais cívicos”, como nos classificava Aristóteles, somos altamente influenciáveis pela força da multidão.
Somos altamente influenciáveis por vozes negativas e tirânicas, como por otimistas a serviço de propósitos, os mais diversos. Por exemplo, para convencer a população norte-americana de se engajar e alistar para a Primeira Guerra, o presidente Woodrow Wilson, montou uma verdadeira máquina de “marketing”, mandando distribuir cartazes os mais bonitos e instigantes sobre as virtudes de atender ao chamado do “Tio Sam”.
Percebendo, ainda, o poder da influência de uma voz otimista sobre a multidão, Woodrow Wilson, mandou sua Administração contratar “coachings” ambulantes, pessoas que faziam discursos inflamados pelas ruas. Com isto a multidão, mesmo assolada e morrendo às pampas, com a “gripe espanhola”, se alistava e seguia para a segunda morte, nos campos elísios e jardins de bombas, da Europa.
Com isto, quero dizer que cada um de nós tem seu normal, sua rotina saudável, às vezes destrutiva, às vezes construtiva. Não se engane, assim como há pessoas centradas, há aquelas que necessitam se alimentar do caos para se sentirem vivas e, em tese, úteis a si e a terceiros.
Há pessoas que precisam estar apegadas a alguém, ou situação nociva, porque essa “normalidade”, as faz sentir “seguras”. Essas rotinas, que ditam o normal individual, também se tornam o “normal” de toda uma Nação, principalmente, quando as classes políticas governantes plantam seu querer ideológico no inconsciente e consciente coletivo.
Por exemplo, no Brasil, fomos acostumados desde nosso descobrimento, a seguir ideologias politicas que nos tornam, mais povo-massa que indivíduos pensantes. Isto sempre foi útil às classes políticas, porque um povo-massa é conduzido facilmente para a direita, para a esquerda, para o centrão, como ovelhas cegas, surdas e mudas. Felizes seguem para o destino mortal, que outras pessoas traçam.
Pensando nos impactos negativos causados pela crise de 2008, Mohamed A. El-Erian, cunhou a expressão “novo normal”. Afinal, qual ou quais deveriam ser as mudanças às quais o povo deveria se reabituar?
1 — não se endividar, sem a capacidade líquida mínima de pagar débitos;
2 — as instituições deveriam limitar o crédito para não ter de falir ou se submeter a fusões, posteriores;
3 — planejamento prévio ao endividamento. A população, agora, sem-teto e sem emprego deveria aprender a planejar, ou planejar melhor, antes se endividar com moradia, saúde, educação, alimentação, vestuário, etc;
4 — dentro desse “novo normal”, os empresários deveriam mudar a estratégia para com os consumidores? Produzir e comercializar produtos mais úteis, mais baratos e com maior qualidade?
5 — sobre as reclamações mundiais da OMC — Organização Mundial do Comércio, da falta de solos agricultáveis, para saciar a fome dos bilhões de pessoas que já passam fome no mundo, parte dos campos deveriam se seguir sendo plantados para alimentos de “pets”, haja vista que a população de animais de estimação, que são tratados como “pessoas”, já ultrapassa a um bilhão?
6 — e os bancos? Como os Estados deveriam tratar a legislação que os incentiva a ofertar crédito ao tomador, para depois executá-lo sem piedade, tomando sua casa e demais bens?
Considerando que a crise 2008-10, atingiu o planeta como se fosse uma pandemia, outros aspectos dignos de nota são: como a população sem-teto e sem emprego remunerado, deveria se comportar, diante desse “novo normal” de crise econômica?
Quanto à segurança de andar nas ruas, frequentar bares, restaurantes, e para a vida noturna, que cuidados ter diante da multidão de pedintes que perambulam pelas ruas?
O Estado e as pessoas, diante desse “novo normal”, são capazes de se defender da orda de crimes, que aparecem como tsunamis, logo após os deslocamentos das “placas-tectônicas”, que quebram a normalidade social?
Episódio 3, no próximo sábado.
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