DR JUDIVAN VIEIRA

O PROCESSO DE EDUCAÇÃO E ENSINO NA IDADE MODERNA: Renascimento e humanismo lutando para elevar o ser humano da dimensão do “algo” para a dimensão do “alguém” (continuação)

Direto de Brasília-DF.

O ideal humanista e naturalista italiano, nasceu cheio de boas intenções e se formou sobre inúmeras virtudes. Por óbvio teve seus desvios, porque perfeito só Deus, e ele não aceita concorrência.

O humanismo italiano esteve dominado pela ideia errada de produzir uma “donna di palazzo”, ou seja, a “mulher-adorno”, da qual falamos nos artigos anteriores. Também quis produzir “un principe con potere assoluto”, ou seja, o governante absolutista das cidades repúblicas e, os tais “condottiere”, que eram generais mercenários que mandavam em pequenas cidades. Esses “condottiere”, aliás, lembram bem de perto a figura dos “coronéis” brasileiros que comandavam e até hoje comandam cidades nordestinas, no velho estilo patrimonialista.

A todas essas formas de repensar a humanidade e suas relações políticas e de poder do humanismo e do naturalismo italiano, para compreender a Idade Moderna, devemos somar:

1 — O crescente poderio da casa dos Habsburgos, família que foi soberana da Espanha entre 1516 e 1700;

2 — O declínio progressivo do Sacro Santo Império Romano na França e Alemanha, em que Martinho Lutero foi decisivo;

3 — A concentração de poder em mãos de soberanos absolutistas franceses e ingleses;

4 — A recuperação econômica da Europa, que esteve metida na famosa “Guerra dos Cem Anos”, que, na verdade, durou quase 120 anos e ocorreu entre os anos de 1337 e 1453; e

5 — A recuperação econômica da Europa, após a Peste Negra, ocorrida entre 1347 e 1359.

Observe que a Peste Negra, pandemia que chegou a matar entre 75 a 200 milhões de pessoas, no século XIV, surgiu 10 anos após o início da Guerra dos Cem Anos, portanto, uma tragédia dentro da outra.

Que importância tiveram esses fatos para o processo educativo e de ensino? Eles foram determinantes para mudança de domínio, pois gradualmente o ensino sai das mãos da Igreja e se torna “secular”, ou seja, migra das “mãos de Deus” para o domínio  humano e de sua forma de pensar e viver terreno.

Alheia ao humanismo na Europa, está a Espanha que prefere seguir com seu processo educativo e de ensino totalmente vinculado à Teologia Cristã da Igreja Católica Tradicional, que na Alemanha sofria abalos “sísmicos” pelo mínis terremotos causados pelo monge agostiniano e professor, Martinho Lutero, com suas 95 teses contrárias venda de perdão, iniciou uma pequena, mas significativa na teologia cristã.

Segundo historiadores como Thomas Gilles, entre os séculos IX e XIII, a França lidera o processo educativo e de ensino na Europa. Dai até o século XVIII, mergulha em uma espécie de cansaço intelectual e nele o que sobrevive como ponto de maior disputa entre a Coroa e a Igreja, foi a luta pelo controle das escolas.

Na França, foram quase 500 anos de “torpor” intelectual e brigas econômicas e de domínio do controle do ensino às novas gerações, inclusive com lutas homéricas por independência do ensino, travadas entre a Universidade de Paris, sob controle da Coroa, e a Igreja.

Para o bem ou para o mal, no século XV, enquanto coroa francesa e Igreja brigavam, o eixo intelectual se deslocava para a Itália, com o Renascimento, seu humanismo e naturalismo sedentos por produzir o “homem vesuviano”, um ser que pensasse por si.

Um século após o humanismo italiano, Inglaterra e Alemanha despertam para um novo processo educativo e de ensino. Foi assim, que no século XVI, estes dois países se juntaram à tarefa renascentista de modelar um novo homem, um ser humano capaz de reconhecer que ter um cérebro pensante pode transportá-lo da dimensão “algo”, para a dimensão do “alguém”.

Continua…

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Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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