Direto de Brasília-DF.
Dentre as muitas lições que essa pandemia está produzindo, parece-me que uma delas é sobre a importância da higiene. Comunicação e economia se globalizaram faz tempo, mas a higiene mal consegue se regionalizar.
A custos pesados, inclusive perdas de vida, este início de século XXI nos concede uma oportunidade preciosa de recomeçar, de avançar em alguns aspectos com mais qualidade para o futuro.
Há movimentos biológicos e instintivos que fazemos por pura dinâmica instintiva como de resto parece fazer todo e qualquer animal. Comemos, bebemos, nos abrigamos e dormimos como fazem as onças, os porcos espinhos, as galinhas. A sobrevivência nos impulsiona a essas práticas naturalmente. Há reações de proteção como piscar os olhos ou nos coçarmos ante estímulos externos de ameaça. Parecem ações natas, ou seja, nascemos com elas.
A higiene é inata. Faz parte de um processo educativo e, também, de ensino. Todos nascemos cobertos de sangue e alguém tem de se encarregar da limpeza, de dar o primeiro banho. Não fosse feito isto o primeiro processo infeccioso viria dos restos de nós mesmos. A limpeza é aos poucos aprendida e em alguns torna-se hábito, enquanto para outros vira sacrifício, que sacrifica o próximo.
A Peste Negra, que semelhante ao Coronavírus/Covid-19 é de origem asiática, teve um pico de 7 anos, matou em torno de 200 milhões de pessoas, números que beiram uns 40% da população europeia, reduziu a população mundial do século XIV de 475 para 350-375, segundo se estima. A Peste negra foi causada pela bactéria Yersínia pestis, viajou por navios mercantes hospedada em pulgas que parasitavam ratos nos navios mercantes que singravam os mares asiáticos e europeus.
Pulgas, são animais parecidos com políticos ruins, pois como diz qualquer site um pouquinho mais especializado na Internet “são pequenos insetos, de 1 a 8,5mm, que não têm asas e vivem como parasitas externos de animais silvestres, domésticos e do homem. Elas se alimentam do sangue do hospedeiro, transmitem doenças para humanos e animais e causam irritações cutâneas”
Ratos, como diz a Wikipedia, “caracterizam-se por possuir focinho pontudo, orelhas pequenas e arredondadas, e uma longa cauda nua ou quase sem pêlos. As espécies mais conhecidas de rato são o Mus musculus, um típico rato doméstico, Rattus rattus e Rattus norvegicus, por vezes chamados de ratazanas e que habitam esgotos e córregos”.
Ratos, apesar de romantizados pela Disney e também no metrô de Nova Iorque, “causam danos estruturais danificando fiações, estruturas, além de ser um vetor para diversas doenças, na maioria das vezes transmitidas pelas suas fezes ou através de seus parasitas que com seus hospedeiros como a Yersinia pestis, causam doenças como a peste bubônica. Além disso, doenças como salmonelose, tifo murinho, escabiose e leptospirose também podem ser transmitidas pelas fezes dos ratos. Na América do Norte, diversos casos onde a vítima apenas respirou o pó gerado pelas fezes do rato, tem sido associada à hantavírus, o que pode levar à Síndrome Pulmonar por Hantavírus (HPS)”.
O que pulgas, ratos e seres humanos possuem em comum? A relação com o processo educativo. A pulga não raciocina(pensa) ou racionaliza o rato, que a sua vez não pensa lógica e criticamente, ou seja não racionaliza que hospeda pulgas, mas o ser humano… Este deveria racionalizar tanto a pulga quanto o rato, já que seu cérebro consegue realizar equações complexas, já que se gaba de ser nascido de Deus ou fruto da evolução.
Explicando melhor a racionalização desse processo educativo e de ensino ao qual faço referência: o ser humano deve proteger-se da pulga e do rato, por meio da assepsia, palavra tão usada nesta pandemia, que significa “Inexistência de matéria infecciosa ou séptica ou conjunto dos métodos capazes de proteger o organismo contra os germes patogênicos, além de impedir a proliferação de doenças”.
Dentro do processo educativo a vida requer de cada ser humano dar exemplo. As famílias do planeta precisam adotar a higiene como hábito. Fazer da higiene própria e de seus membros um modo de vida.
A sociedade como um todo precisa rever seus conceitos e preocupar-se mais com higiene e limpeza, ao invés de terceirizar a educação para professores, escolas e sociedade. Lavar as mãos, remover piolhos e chatos, tosar e aplicar remédios contra pulgas e carrapatos em animais de estimação, cuidar de sua casa e arredores, ou seja, não jogar lixo na rua, sem ações básicas que emitem o sinal indicativo do mínimo de civilização de uma pessoa.
Famílias, sociedade e governos de todas as unidades da federação precisam se envolver diretamente em um novo processo de educação e ensino. Governos municipais, estaduais, distrital e federal precisam criar planos, ações e programas de educação sanitária da população, aproveitando esse momento para exercer com mais rigor o Poder de Polícia Administrativa e MULTAR PESADAMENTE quem joga lixo em espaços públicos.
Quem pensa ser inofensivo jogar uma bituca de cigarro, papel de “balinha” na rua, alimentar pombos, etc.; quem mantém água parada em sua moradia, assim como não recolhe o cocô de seus animais de estimação quando defecam nos passeios públicos, necessita doravante ser repreendido com multas severas. O Estado costuma ser muito duro com quem cumpre seus deveres e extremamente leve com quem os despreza. Com isto sofre mais quem faz a coisa certa, como prezar pela higiene e limpeza.
Dia desses uma repórter estava entrevistando uma senhora que tinha seu quintal cheio de recipientes com água parada, um ambiente perfeito para o mosquito da dengue. Ao ser perguntada sobre os perigos daquela atitude ela afirmou que sabe ser perigoso… Ora, ora, ora… Ser pobre não tem qualquer relação com ser sujo e com desprezar a vida e saúde das pessoas próximas. Minha mãe, uma simples lavadeira de roupa, costumava dizer: – Meu filho você já é pobre, então ao menos seja limpinho, viu?!? Para que juntar duas misérias?
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*Aproveito para agradecer a todos que me deram os pêsames pela morte de meu pai, no último dia 9/4/2020. Está sendo um ano difícil para todos nós do planeta, mas unidos podemos vencer e sair fortes da crise. Receba meu muito obrigado!