A chegada do verão vem, para muitos, com as sonhadas férias na praia e descanso à beira-mar. Todo o relaxamento, no entanto, não pode significar desatenção com a saúde. Com o aumento da incidência solar natural da época, os cuidados com a pele precisam ser redobrados, já que a exposição ao sol aumenta os riscos do câncer de pele. Os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, até o final de 2019, mais de 171 mil pessoas terão sido diagnosticadas com a doença. O número diz respeito a dois tipos de câncer: o câncer de pele não melanoma e o câncer de pele melanoma, somados.
O mais comum deles, o não melanoma, é responsável pela maior parcela de casos, superando a marca de 165 mil novos diagnósticos ao ano, mas possui altos índices de cura quando é detectado e tratado precocemente. Já o câncer de pele melanoma, menos incidente, mas com alto grau de letalidade, pode aparecer em qualquer parte do corpo, sendo subdividido em cutâneo (em geral na pele), acral (palma da mão, sola do pé e debaixo das unhas), uveal (olhos) e de mucosa (caso de boca, intestino, reto e qualquer outra mucosa do corpo). Destes, o cutâneo é o mais frequente e o que tem a exposição solar como principal fator de risco, aparecendo tanto em regiões foto-expostas (antebraço, colo, face, pernas, dentre outros) ou regiões que geralmente são protegidas do sol.
Apesar de corresponder somente a 3% dos tumores malignos de pele registrados no país, o melanoma é considerado o tipo mais grave por sua capacidade de causar metástase. No Brasil, dos cerca de 7 mil casos registrados por ano, foram quase 1.800 mortes relacionadas à doença.
“É necessário ficar alerta ao surgimento de alguma pinta nova ou mudança no aspecto de alguma pinta pré-existente, como aumento de tamanho, variação de cor, perda da definição de bordas ou ainda quando as bordas ficam irregulares ou até mesmo sangramentos. Ao primeiro sinal de mudança, é preciso consultar logo um especialista”, afirma a oncologista clínica do Grupo Oncoclínicas, Carolina Cardoso.
Segundo ela, independentemente da classificação do câncer de pele (se melanoma cutâneo ou não-melanoma), os fatores que aumentam o risco são basicamente os mesmos: a exposição prolongada e repetida ao sol, sem uso de proteção adequada. Ter a pele e olhos claros, com cabelos ruivos ou loiros, ou ser albino (ou possuir histórico familiar) também figuram como fatores que contribuem para o aumentos no risco. “A irradiação ultravioleta do sol – conhecida como raio UV – é a principal vilã no câncer de pele. Continuada, ou mesmo intermitente, como em períodos de férias, por exemplo, se feita de maneira não protegida, pode ser considerada um fator de risco preocupante”.
Carolina ressalta ainda que, além das pessoas que possuem histórico familiar e exercem profissões que exigem exposição solar diária, os tabagistas também podem estar mais suscetíveis a desenvolver câncer de pele. “Além disso, aqueles portadores de alguma imunossupressão também podem ter seu risco aumentado. Porém, tais grupos de risco não invalidam a necessidade de cuidado em todo o tipo de pele. Inclusive, a pele negra, quando há desenvolvimento de melanoma, têm geralmente pior prognóstico”, pontua.
O protetor solar é a melhor forma de proteção. Ele deve ser aplicado a cada duas horas e repassado, principalmente, após o contato da pele com a água. Proteger bebês e crianças é especialmente importante. Antes dos 6 meses de idade, eles devem ser mantidos fora do sol usando roupas, chapéus, cobertores e persianas. Após os 6 meses, adicione protetor solar à mistura, após consultar o pediatra. E não se esqueça dos óculos de sol para crianças pequenas.
“Para se ter uma ideia, os raios de sol podem penetrar janelas, atravessar a cobertura de nuvens e ainda são refletidos pela água, areia e concreto. Ou seja: nem a sombra é completamente protetora”, descreve a Dra. Carolina.
Como detectar e tratar o câncer de pele
Os principais sinais e sintomas de câncer não-melanoma são a presença de lesões cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não cicatrizam e que podem estar associadas a sangramento, coceira e algumas vezes dor e geralmente surgem em áreas muito expostas ao sol como rosto, pescoço e braços.
É importante a avaliação frequente de um especialista para acompanhamento das lesões cutâneas. “A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce. O dermatologista tem o papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares podem causar na pele”, explica Frederico Nunes, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil cicatrização.
Os casos de câncer de pele do tipo melanoma são, por sua vez, geralmente os que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o “ABCDE”- Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro, Evolução. “A doença é mais facilmente diagnosticada quando existe uma avaliação prévia das pintas”, descreve a Dra. Carolina.
É recomendável a ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor do tumor. Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. “Vale ressaltar que o tratamento para o câncer de pele pode ser feito apenas através de cirurgia quando é detectado no início. Já em casos mais avançados da doença pode ser preciso a realização de terapias complementares”, pondera a médica.
“Quando diagnosticada precocemente, quimioterapia, radioterapia imunoterapia ou terapias alvo são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos”, diz o Dr. Frederico.
Ele destaca ainda que diversos avanços têm melhorado a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes, com principal atenção às boas respostas às novas terapias que revolucionaram o tratamento do melanoma, como exemplo, os imunoterápicos, que estimulam o próprio sistema imunológico do paciente a identificar e combater as células malignas.
“O que a gente observava, antes, é que os melanomas avançados não tinham uma resposta boa aos tratamentos mais tradicionais, infelizmente. A chegada da imunoterapia no câncer de pele vem apresentando resultados fabulosos no tratamento dos pacientes com melanoma metastático. Nestes casos, as respostas têm se mostrado sustentadas ao longo do tempo, com importante qualidade de vida. É uma revolução. Ainda fazem parte dessa nova etapa no tratamento oncológico com enorme destaque o tratamento com drogas alvo molecular, por exemplo”, reforça o Dr. Frederico.
Mas o melhor tratamento ainda, segundo os oncologistas, continua sendo a prevenção e o acompanhamento contínuo de possíveis alterações que possam indicar o surgimento da doença, promovendo assim, o seu diagnóstico em fase inicial. Eles recomendam que os cuidados sejam intensificados no verão, com o uso de protetores solares, viseiras, chapéus e/ou bonés, bem como roupas e óculos de sol com proteção UV, mas que devem seguir o ano inteiro. E não deixar de se consultar com dermatologistas regularmente.
“Use proteção solar diariamente, como protetor solar, chapéu, roupas com proteção UV e não fique exposto diretamente ao sol, principalmente em períodos mais críticos no verão, como de 10h à 16h. Não se esqueça de procurar um médico especialista de confiança e de examinar a própria pele sempre. Quando identificado em fase inicial, o câncer de pele tem excelentes respostas aos tratamentos e com altos índices de cura”, finaliza Dra. Carolina.
Fonte: Pedro Paulo – Multi Comunicação
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