A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) entrou na reta final de uma etapa desafiadora do projeto Olinda+Água. As intervenções para melhoria do fornecimento de água dentro do perímetro do Sítio Histórico da cidade já estão 80% concluídas. Acompanhada de perto pelo governador Paulo Câmara, esta é a maior obra de abastecimento de água em andamento na Região Metropolitana do Recife, recebe o investimento de R$ 152 milhões e possibilitará a substituição de quase 100 quilômetros de tubulações em 15 bairros de Olinda. Só no Sítio Histórico, já foi feita a troca de mais de 12 quilômetros de rede de distribuição de água. Nessa etapa, prevista para ser finalizada no mês de junho, a Compesa vem mantendo um trabalho preventivo e cuidadoso de escavações manuais e, a cada metro de vala aberta, também conta com a assistência permanente de uma equipe de arqueólogos, buscando assegurar a preservação do patrimônio.
Todo esse esforço também está permitindo resgatar artefatos arqueológicos que guardam parte relevante da história de Pernambuco, onde foi estabelecida a primeira vila em Olinda, a partir de 1535. No último levantamento, foram contabilizadas mais 2,8 mil peças encontradas, desde o início da obra na “Cidade Alta”, em junho de 2018: fragmentos de faiança, louça, cerâmica, cachimbos de caulim, garrafas de vidros manufaturadas, material construtivo, ossos, e metais como pregos, moedas do século 18 e 19. Ontem (22), durante as escavações na Estrada do Bonsucesso, próximo ao Largo do Amparo, os arqueólogos encontraram, dentre outros materiais, um possível projétil de bala de canhão (com 140 gramas). “Não esperávamos encontrar esse volume de material diferenciado, por se tratar de uma área bastante impactada com a ocupação urbana. Mas os vestígios materiais encontrados comprovam que Olinda preserva as características iniciais no seu subsolo,”, informa a arqueóloga Gleyce Lopes.
Boa parte dos materiais foi coletada nas áreas do Monte (Francisco Batista Bezerra), Bonsucesso, Guadalupe e Amparo. Na Rua Saldanha Marinho, ao lado da Academia Santa Gertrudes, a equipe de arqueólogos encontrou a maior quantidade de artefatos. Todos os materiais coletados passam por limpeza, organização por tipologia e acondicionamento para, só ao final da obra, serem entregues ao município – os achados arqueológicos pertencem à União, conforme disposto legal Art.175 da Constituição Federal. Não há relatórios sobre trabalhos semelhantes ao feito pela obra da Compesa no Sítio Histórico de Olinda – embora se saiba que ocorreram intervenções parecidas nos anos 1990, não houve registro de artefatos encontrados e catalogados.
Exposição dos achados
Algumas das peças encontradas recentemente serão selecionadas para atualizar o acervo da “Exposição Resgate e Monitoramento Arqueológico durante Ampliação e Setorização na Rede de Água da Compesa – Sítio Histórico de Olinda” em cartaz no Espaço Museológico do Laboratório Municipal de Arqueologia de Olinda – que fica localizado no subsolo do Mercado da Ribeira. A exposição é realizada pela Compesa em parceria com a Secretaria de Patrimônio, Cultura, Turismo e Desenvolvimento Econômico de Olinda, e busca proporcionar à comunidade o contato com os materiais resgatados ao longo da obra, mostrando como os estudos arqueológicos preventivos e o acompanhamento das escavações são importantes para minimizar os impactos causados ao patrimônio. Esses materiais também foram apresentados em escolas do Sítio Histórico, dentro de uma proposta de mostra itinerante para educação patrimonial.
SERVIÇO:
Exposição Resgate e Monitoramento Arqueológico durante Ampliação e Setorização na Rede de Água da Compesa – Sítio Histórico de Olinda
Local: Espaço Museológico – subsolo do Mercado da Ribeira (Rua Bernardo Vieira de Melo, s/n, Ribeira)
Período da exposição: durante todo período da execução da obra da Compesa no Sítio Histórico
Horário de visitação: das 8h às 12h, e da 13h às 16h.
Entrada: gratuita