Direto de Luxor, Sul do Egito.
O Professor John Milton Gregory diz que o aluno deve se devotar, se consagrar ao ensino e para isto deve fazê-lo por meio de duas ações: atenção e interesse.
Aluno que não demonstra interesse pela lição não tem amor ao conhecimento e por conseguinte não terá reverência nem respeito para com o Professor!
O que fazer? Corrigi-lo, discipliná-lo ou deixá-lo assumir o controle do processo de ensino?
Certo é que deixá-lo assumir o controle do processo de ensino é semelhante a entregar o leme de um navio em alto mar, a quem nada sabe de navegação!
Necessitamos recordar, também, que alunos que não demonstram interesse pela lição, quando o Professor se esmera no ensino, costumam se esconder atrás da antiga “síndrome da transferência de culpa”, ou seja, o pai é culpado, a mãe é culpada, a vida é culpada, a pobreza é culpada, o bullying é culpado, a sociedade é culpada… Todos são culpados por seu desinteresse e “rebeldia” de criança e adolescente, menos ele mesmo!
Faz tempo que nossa sociedade vem aceitando esse comportamento de transferência de culpa, que em sociedades cristãs, carregadas de culpa individual, também pode ser chamado de “complexo de Adão ou complexo de Eva”. Fato é que com tal comportamento o culpado retira de si a responsabilidade individual por seu erro, fracasso ou desvio de conduta e lança a responsabilidade sobre terceiros, inclusive sobre o “diabo”.
Desrespeitar um Professor que merece respeito, deixar de cumprir com os elos da linguagem (símbolos e percepções sensoriais, escrita, gestos, etc), ignorar o fazimento da Lição, seja ela de matemática, física, estudo do idioma ou outra disciplina curricular, desprezar a Ética, tudo isto é conduta humana que gera consequências, como numa causa que produz um efeito.
Convém recordar aqui o conceito de conduta que usei em artigos passados(que aliás não é conceito que eu criei, mas que pertence à Teoria Finalista da Ação, adotada pelo Código Penal Brasileiro): “conduta é toda ação ou omissão dirigida a determinado fim”.
Observe que antes de atingir um fim, alguém passa por um “meio”. Assim, o aluno pode estar querendo chamar atenção demais, pode estar descontando suas frustrações familiares nos colegas ou nos Profissionais de ensino, etc., mas, não se pode negar que se ele não é débil mental ou louco de todo gênero, passou por um processo mental de eleição de sua conduta ou comportamento e, por tal, deve ser responsabilizado quando tal conduta causa dano a outrem, seja este dano físico ou mental.
Ou será que vamos insistir na superada tese de que toda criança e adolescente é incapaz de discernir entre o certo e o errado? Neste mundo de informação globalizada não é mais novidade que em alguns países como EUA e Alemanha crianças e adolescentes quando cometem atos violentos são levados a julgamento como se adulto fossem.
Aqui por nosso Brasil, essa “terra do maldito jeitinho”, nossas leis se encarregam adultos inocentes agredidos física ou mentalmente agredidos por crianças e adolescentes que, quando confrontados por seus atos infracionais dizem: – Sou criança! Ou sou adolescente e você nada pode fazer contra mim, porque o ECA me protege!
Tais “criancinhas” e adolescentes infratores conhecem seus direitos e propositalmente ignoram seus deveres. Se beneficiam, inclusive, da hipocrisia do raciocínio exposto no artigo 14 de nossa Constituição Federal que diz que menor pode votar, mas não pode ser responsabilizado criminalmente. Leia o texto:
“ Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
(…)
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
(…)
II – facultativos para:
(…)
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.”
Pois vejam só! O pilar da Democracia é o voto! Você leu atentamente? No art.14, logo na cabeça dele (caput), está escrito que a tal soberania do povo é exercida pelo sufrágio universal, ou seja, pelo voto e, lá no inciso II diz que maior de 16 anos é totalmente capaz de contribuir com esse processo político e filosófico altamente sofisticado que é a Democracia.
Paralelamente, nosso Código Penal, em seu art. 27, diz que “Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial”. Inimputável significa que não se pode lançar culpabilidade sobre eles quando cometem crimes.
Essa hipocrisia legal brasileira se funda mais na falta de vagas no sistema prisional do que no raciocínio lógico! Na “COLEÇÃO CORRUPÇÃO NO MUNDO”, primeira e única Enciclopédia do mundo, na qual trato sobre corrupção política do ponto de vista científico e não casuístico, abordo essa questão das leis hipócritas e impossíveis de serem cumpridas, como um dos gatilhos da corrupção e do processo de deterioração Ética de uma sociedade.
Não bastasse a hipocrisia de muitos dispositivos constitucionais, ainda temos o tal ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que faz da criança e do adolescente um ser imaculado e intocável, a despeito de eles, enquanto alunos/cidadãos, causarem agressão física (sem contar a psicológica) em mais de 12% dos Professores e outros profissionais da educação e, ainda, de estarem contribuindo diretamente com suas ações ou omissões para que o Brasil tenha atingido recentemente o topo do ranking dos países nos quais mais se causa violência física(sem contar a psicológica) contra Professores
Afinal, para quem estamos mentindo senão para nós mesmos? Se somos todos membros dessa família universal que começa em nossas sociedades nacionais e depois se alarga para o somatório de todas as sociedades mundanas, proteger excessivamente aluno mal caráter, indisciplinado, negligente é entronizar um ignorante-arrogante sobre uma coletividade que necessita de membros qualificados para dar seu salto de desenvolvimento.
Esse ignorante-arrogante e indisciplinado vai se tornar, Professor, namorado, pai, mãe, marido, vereador, deputado estadual, deputado federal, senador, Presidente da República, ministro do STF, etc, etc, etc… De que estará formada, então, essa sociedade da qual vimos falando? De ignorantes-arrogante mal educados, mesmo aqueles que possuem muitos diplomas!
Você acha que a ignorância é humilde?!? Não se iluda! Na ignorância não há apenas a tola prepotência dos sofomaníacos (os que fingem saber), há arrogância de sobra!
Por tudo que vimos refletindo, não será hora de reavaliarmos o processo de ensino e estabelecermos regras que possam e devam ser cumpridas por alunos desde as primeiras séries do ensino fundamental, tais como o respeito pelo Professor e demais profissionais de ensino; a dedicação ao aprendizado da linguagem e o foco e cumprimento da Lição a ser cumprida?
Não será oportuno e conveniente criarmos um firewall ou muro de fogo contra o cultivo e cultura da síndrome da transferência de culpa que reina em nossas sociedades e fabricam “coitadinhos” em escolas e em nossas sociedades?
Afinal, se quem sofre por pobreza e outros tipos de discriminação tivesse que virar psicopata ou bandido, os setenta por cento do mundo que estão em nível de pobreza e até de miseráveis sócio-econômicos, não estariam todos justificados se optassem por serem foras da lei?
Continua no próximo artigo…