Direto de Brasília-DF.
Há muito insisto, por meus livros, artigos e palestras, que é mudando o ser humano que mudamos o mundo! Se uma Nação(povo) é desenvolvida, tão certo quanto a água é composta de oxigênio e hidrogênio, o Estado(país) é desenvolvido, e isto depende, cem por cento, do processo de educação e ensino, ditado pela política.
Nesse cenário, o escritor brasileiro sempre esteve em último lugar. Preste atenção à agenda política. Há projetos e fomento para o cinema, teatro, concessões de rádio e TV; há escolas de dança custeadas pelo Estado, há incentivos para músicos, mas os escritores nem sequer são lembrados.
Em quaisquer dos órgãos ou entidades públicas, do mais baixo ao mais alto escalão de governos dos entes federativos, os escritores e instituições que os representem são esquecidos e, quando presentes em tais fóruns, o que aparenta é que são cegos, surdos e mudos, pois passam sem ser vistos e ouvidos.
Quando aparece algum “resto” de dinheiro público para financiar lançamentos de livros, o autor tem de se submeter a uma “via crucis”, e depois subir ao “gólgota”(monte da caveira), no qual será crucificado. Para isto, basta que pense diferente da ideologia do prefeito ou governador que concede a “mixaria”.
Quando o escritor recebe o incentivo financeiro, seu livro é impresso em uma gráfica, já que as editoras “grandes e importantes” não fecham parcerias com os projetos governamentais, pois para elas a cota de 95% de publicação está fechada para autores estrangeiros e, o que sobra, sobra…
Escrevi sobre economia, cultura, religião, política, mas falta dizer algo sobre o nível de respeito dos editores, e o nível de respeito entre escritores.
O nível de respeito dos editores brasileiros, europeus, asiáticos, e africanos, com os escritores, é baixíssimo. Analisemos os fatores abaixo:
1 — é o escritor que tem a ideia, e que gesta toda a história do livro, mas se é escritor nacional, geralmente tem 95% de chance de não ser publicado em alguma editora “grande e importante”, quando importante mesmo, deveria ser quem cria a obra, e não simplesmente quem a distribui e vende;
2 — os editores tradicionais(os chamados “grandes e importantes”) preferem escritores estrangeiros, e com isto se tornam uma espécie de “serial killers” da cultura nacional. Estrangulam a criatividade de bons e promissores escritores, destroem a mitologia, e asfixiam, os contos, novelas, romances e poesia, nacionais, que com uma garimpagem simples renderiam tesouros maravilhosos.
Alegam os editores tradicionais, que as histórias estrangeiras são melhores; que a revisão dos livros é melhor; que o nível linguístico dos escritores é mais elevado. Sobre as histórias contadas em nossos romances, novelas, contos, crônicas e poesias, prefiro pensar que o conteúdo deve ser analisado em relação à cultura. Neste caso, difícil dizer que uma cultura é melhor que a outra. Elas possuem aspectos diferentes.
No quesito melhor revisão, tendo a concordar, porque por vezes fui vítima disto. Paguei pela revisão, e depois de publicados alguns deles, leitores(aos quais agradeço) apontaram erros que o revisor e a editora não deviam haver deixado passar. Mas, essa questão pode ser facilmente corrigida, pelo entendimento entre editor, revisor, e escritor.
Quanto ao fraco ou forte nível linguístico do escritor, há solução! A editora tem o dever ético e jurídico de recusar textos mal escritos. O escritor, a sua vez, deve ter a consciência que, salvo na licença poética de seus personagens, escrever errado é negligenciar seu papel de educador e perpetuar a ignorância da população. Todo profissional deve instruir-se em sua arte de escrever! Por óbvio que essa questão merece ser tratada com a sensibilidade de quem sabe que Cora Coralina era uma doceira, de pouco estudo, e que se tornou uma das mais cultuadas poetisas brasileiras. Mas, convenhamos, Cora, é Coralina…
3 — os editores, há séculos publicavam os livros e levavam de 3 a 6 meses para prestar contas ao autor, sendo que os escritores alegavam, por vezes com razão, que os relatórios não espelhavam a quantidade real de livros vendidos, diminuindo, assim, os valores a serem pagos, a título de direitos autorais.
Há cerca de cinco anos, algumas poucas editoras começaram a se preocupar com a transparência, e passaram a investir em Tecnologia da Informação, para criar “softwares” que permitam ao escritor acompanhar a vendagem de seus livros.
No último episódio, amanhã, ofereço oito sugestões para reverter o quadro de desvalor, do escritor nacional.
Continua…
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