Direto de Brasília-DF.
Em 23 de julho de 1960, Pedro Paulo Penido, ministro da Educação e Cultura, instituiu por um ato normativo, chamado “Portaria”, o “Dia Nacional do Escritor”.
Então, por que o comemoramos em 25 de julho? Porque este foi o dia escolhido para a realização do 1° Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE), do qual Jorge Amado, um dos nossos maiores representantes da literatura, era vice-presidente.
Importante lembrar que desde 1° de outubro de 1957, o Congresso Nacional, ainda sediado no Rio de Janeiro, então capital do país, havia aprovado a Lei n° 3.273, agendando para 21 de abril de 1960, a transferência da capital para o cerrado do Planalto Central. Brasília ainda era um grande “canteiro de obras”, no qual o frio e o verde eram mais intensos, já que o desmatamento não era tão vasto quanto hoje.
O ministro da Educação e Cultura, em seu discurso sobre a UBE, afirmou que “tem prestado à cultura nacional, relevantes serviços, estimulando as letras e defendendo os direitos de quantos a elas se consagram”.
O valor que uma sociedade confere a seus escritores, é proporcional a fatores diversos como, economia, cultura, religião, política, nível de respeito dos editores pelos escritores, e nível de respeito que um escritor tem para com um colega seu, de profissão.
Erasmo de Roterdã, um dos educadores mais famosos da história da humanidade, ao lançar seu livro “aforismos”, disse: “Quando ganho um pouco de dinheiro, compro livros e, se sobrar, compro comida e roupas”.
Por certo usou hipérbole, exagerou a importância que dava aos livros. Mas, uma pessoa sensível e boa leitora entende sua paixão pela educação e ensino.
Em países pobres e subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, que há 520 anos não muda de patamar, uma pessoa não vai deixar de comprar comida, roupa, e pagar o aluguel ou prestação da casa, para comprar livros.
O próprio IBGE divulga que, somadas as cinco classes econômicas, o Brasil possui mais de 60% entre pobres e miseráveis. Como esperar que pessoas que mal têm para se sustentar, comprem livros?
O aspecto cultural também influi bastante na valoração e priorização do consumo. O vocábulo, cultura, possui mais de 100 conceitos diferentes. Uma Nação se constrói “espiritualmente”, a partir de características como linguagem, religião, culinária, hábitos sociais, costumes e manifestações intelectuais e artísticas.
A esse conjunto de elementos denominamos, cultura. Se a formação educacional e de ensino de um povo não valoriza a literatura, o escritor não figura como peça importante dessa engrenagem cultural, por mais que o seja.
Religião e escritores
Quanto à religião, ela tem seu nicho próprio. Nas livrarias de templos religiosos e centros espíritas, o espaço da vitrine é dedicado aos escritores do gênero. A religião canibaliza a literatura que orbita seu “gueto”, seja por razões de proteção de seu nicho, seja por questões econômicas.
Essa prática faz com que escritores de fora da seara religiosa só tenham valor, se é que os tem, na escola, ou em um raro bate-papo entre colegas, e desde que fora dos templos ou centros espíritas, pois no interior desses microgrupos, os doutrinadores são as únicas autoridades a merecer crédito, mesmo que seu fundamento seja meramente o dogma e não a ciência. Literatura não parece combinar nem com púlpitos, nem com ” terreiros”.
Política e escritores
Que relação tem o valor ou desvalor do escritor, com a política? Uma relação profunda! É a política, por meio dos governantes, que determina a qualidade do processo de educação e de ensino de um povo.
Quanto mais superficial for o processo educativo e de ensino, menor o valor do escritor. Essa questão, para o desenvolvimento de um povo, é tão ou mais profunda que a Fossa das Marianas, porque uma das maiores falácias (fraudes), que a política construiu, foi inventar que o desenvolvimento do Estado é o motor da locomotiva que puxa os demais vagões. Mentira!
Essa mentira é tão antiga e eficaz quanto aquela repetida secularmente por nossos políticos, quando dizem que é reformando nossas “INSTITUIÇÕES”, que mudamos o país. Mentira! Não estou sozinho neste protesto! Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes, já ouviam essas frases, entre os séculos XVI e XVII, e diziam: isto não passa de falácia!
Episódio 2, hoje à tarde.
Siga-me: Instagram – judivan j vieira –