Direto de Brasília-DF.
O dia 21 de abril é historicamente emblemático. Nele nasceu Mark Twain, Max Weber, Hilda Hilst, e Tiradentes.
Também em 21 de abril cerca de 100 000 estudantes se reúnem na Praça Tiananmem (Praça da Paz Celestial), centro de Pequim, para apoiar as reformas capitalistas que abrem furos no muro comunista chinês.
Lá pelas bandas dos Estados Unidos da América, do Pós-Segunda Guerra Mundial, inaugurou-se a Century 21 Exposition ou Exposição Mundial de Seattle-EUA, a primeira manifestação artística de caráter universal destinada a colorir com arte, as dores do nefasto conflito armado.
Nesse mesmo dia 21, do ano de 1960, e não na ordem dos fatos que citei, às 9:30h da manhã Brasília foi inaugurada para ser a sede dos três Poderes da República.
Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para a região do cerrado do planalto central vieram inúmeros servidores públicos e suas famílias para compor a população já formada pelos trabalhadores que saíram de todas as regiões do país, para construir a nova capital.
Como sede dos poderes que governam a Nação é natural que a esperança de alguma forma esteja vinculada à capital do país, já que o povo elege seus governantes movido pelo sonho do crescimento social e econômico que quebre o interminável ciclo da pobreza secular que atinge a maioria da população.
Neste e noutros aniversários questiona-se que marca a capital tem deixado na vida dos brasileiros. Sobre a cidade são lançados adjetivos negativos, rotula-se que é “terra de políticos ladrões” esquecendo-se de que os “ladrões daqui”, apenas se somam aos que veem dos Estados que os elegem. O defeito não é da cidade e sim do caráter do político eleito.
Certa vez Nelson Piquet, piloto tri-campeão de Fórmula 1, apaixonado por Brasília tal qual sou, foi afrontado ao vivo por um entrevistador de TV que disse que Brasília era fria e uma cidade ruim por não ter esquinas, Piquet, língua afiada como de costume, respondeu que “frio é o coração de quem aqui vem e não consegue fazer amizades, e que esquina é lugar para marginais se esconderem”. Talvez nem seja assim, mas eu entendi plenamente seu arroubo de raiva ante à repetição de “chavões” sem sentido.
Hoje a capital do Brasil completa 61 anos. É novíssima se pensarmos nos milhares de anos de existência de uma Atenas, Cairo, Constantinopla/Istambul, Roma.
A humanidade criou o ritual de humanizar coisas. É assim que criam e destinam “armas” para cidades, homenageiam-lhes com hinos, como se estivessem saudando a um deus, e por vezes as trata como responsável pela providência de dias sociais e econômicos mais dignos ao povo que nela habita.
O fato é que seguirá sendo tarefa dos governantes atenderem aos anseios do povo. Uma cidade segue sendo uma ideia, uma pessoa jurídica, uma obra de ficção feita de materiais minerais e não de carne, osso e cérebro.
Nunca foi de Salvador, do Rio de Janeiro, como jamais será de Brasília o dever de prover ao povo brasileiro o mínimo da dignidade que por direito constitucional e humano lhe é devido, ou seja, educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados em todos os tempos, e em dias tão difíceis quanto os de uma pandemia como a que atravessamos.
Esse dever é de cada governante que sentou, senta e sentará no Quarto Andar do Palácio do Planalto, com os assessores que ocupam os Ministérios; esse dever é dos Senadores e dos Deputados que precisam entender que seu papel é ocupar-se dos interesses do povo e não de interesses pessoais.
Este é o segundo aniversário de Brasília em meio à pandemia da COVID-19. Tempos difíceis e nem por isto responsáveis pelas fraturas expostas de uma Asa Sul abandonada ao mato e ao lixo, de calçadas e passarelas quebradas e de outras mazelas espalhadas por todas as regiões administrativas do Distrito Federal. Os que a amam, amam sem ingenuidades.
O título de capital da esperança parece roto com o tempo, mas, ainda assim, quem é daqui ou quem por aqui passa e se detém apaixona-se por ela.
Amo essa cidade! Feliz níver BSB!
Amanhã não perca o penúltimo episódio da série:
“CASOS ESCABROSOS DE AGRESSÃO DE ALUNOS, PAIS E RESPONSÁVEIS CONTRA PROFESSORES, ORIENTADORES EDUCACIONAIS E DIRETORES DE ESCOLAS”