Nas últimas semanas o mercado internacional de petróleo e gás apresentou-se um tanto quanto nervoso. As cotações do petróleo Brent alcançaram o patamar de US$ 80,74/barril e o petróleo WIT a US$ 76,67, níveis elevados comparados com 2018. Esses preços assustaram os analistas de mercado e o sinal de que um possível choque de oferta estaria em curso.
Estaríamos diante de um III choque do petróleo? A narrativa de mais um choque de oferta está em curso enquanto buscamos responsáveis por uma crise externa provocada de um lado por países que diante da recuperação de suas economias enfrentam uma demanda aquecida por esses combustíveis. O resultado é uma elevação abrupta nos preços internacionais.
Por outro lado, o cenário de crise econômica em alguns países perdura. A dicotomia das forças de mercado – oferta e demanda resultam em oscilações nos preços de outras commodities, como milho, soja e minério de ferro.
O solavanco no preços do barril de petróleo Brent e WTI foram foi forte. Em 2020 o preço médio em dólares do barril de petróleo Brent era de U$ 41,84 e o do petróleo WTI era de US$ 39,25.
Para quem não sabe, o choque de oferta se traduz naquela situação em que temos uma redução ou elevação repentina do fornecimento de uma dada mercadoria ou serviço. Tais variações na oferta são comuns ocorrerem sobretudo em período atípicos como o que estamos vivendo hoje, pós-pandemia com a recuperação evidente de algumas economias ao redor do mundo.
Tal recuperação tem impulsionado o aumento da demanda por gás por parte da China e alguns países da Europa. Essa pressão de demanda origina-se também das fábricas e outras cadeias produtivas que retomaram as suas atividades pós-pandemia.
Fala-se que a China seria a grande culpada pela elevação dos preços das commodities de energia no mercado internacional e que estaríamos diante de uma quadro de choque de oferta e que os países exportadores de petróleo e gás estariam por trás desse aumento.
Em 2020, a produção mundial de petróleo foi de 88.391 mil barris/dia, -6,92% menor comparada com 2019. A produção de gás natural em bilhões de m3, seguiu a tendência de queda de -3,08% comparado a 2019, com total 3.853,7 bilhões de m3.
Em ambos os casos os países da OPEP respondem por 35,2% da produção mundial de petróleo e 15,74% da produção de gás natural. Fica evidente que existe um poder de mercado que se traduz em controlar os preços praticados na arena comercial.
Esse script do poderio dos países da OPEP é conhecido quando nos anos 70 e final deste o mundo assistiu atônito ao I e II choques do petróleo. A rusga entre o bloco de países produtores e exportadores de petróleo, a OPEP, resolveu provocar dois choques de oferta impulsionados por ganância e questões políticas e religiosas.
Diante do exposto, é necessário analisar os fatos e as conclusões precipitadas realizadas por analistas internacionais.
A verdade é que estamos ainda vivendo um período de pandemia, alguns países estão retornando a normalidade de suas atividades antes que outros países porém é muito cedo chegar a conclusões sem observar o desenrolar dos acontecimentos.
Uma coisa é certa, não faltará gás nem petróleo o que podemos afirmar é que mais uma vez como conta a história, estamos diante de uma disputa internacional onde petróleo e o gás tornaram-se uma poderosa arma em um momento em que a maioria da economia dos países encontra-se fragilizada, em recuperação.
O fato é que a história se repete e sem sombra de dúvida, o jogo aqui é pesado e ganha quem tiver mais força para vencer e poder pagar o preço dessa disputa.
Quem sabe estamos mesmo diante de um III choque do petróleo. A história mostrará.