Quase 5 mil substâncias tóxicas presentes no cigarro são extremamente prejudiciais e podem causar diversos problemas de saúde, como câncer de pulmão e do aparelho digestivo, dificuldades respiratórias, infarto, derrame, infecções respiratórias, impotência sexual no homem, entre outros. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, no mundo, o cigarro é a maior causa de mortes que poderiam ser evitadas. O consumo do tabaco está associado a 30% das mortes por câncer (sendo mais de 90% deles de pulmão), 25% de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais.
Sobre esses 25% relacionados ao coração, a cardiologista Jéssica Garcia traz alertas para a população sobre o assunto, às vésperas do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado na próxima quinta (29 de agosto). De acordo com a médica e tutora do curso de Medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde, o tabagismo é um dos maiores vilões quando o assunto são as doenças cardiovasculares. O cigarro agride do endotélio – camada de células que recobre os vasos sanguíneos.
“O comprometimento do endotélio está associado a maior dificuldade na circulação do sangue, interferindo no mecanismo de relaxamento e contração do coração. O endotélio também interfere na produção de uma substância protetora conhecida como óxido nítrico, e faz com o que as artérias fiquem vulneráveis ao acúmulo de gordura”, explicou a cardiologista.
Importantes alterações metabólicas têm sido descritas para explicar os efeitos nocivos do tabaco no sistema cardiovascular, entre as quais modificações nas concentrações de lipídeos (colesterol). Quando comparados aos não fumantes, os adultos fumantes tendem a apresentar um perfil (de colesterol ruim) mais relacionado a obstrução das artérias do coração.
Um único cigarro já é suficiente para contrair todos os vasos sanguíneos do corpo. A cada “tragada”, ocorre um endurecimento das artérias do fumante, fazendo com que o coração trabalhe mais intensamente.
“A nicotina leva a liberação de substâncias como a adrenalina e a noradrenalina, que estimulam o coração, aumentando o batimento cardíaco e causando arritmia. Portanto, é comum a sensação do coração acelerado naqueles que fumam (palpitações)”, acrescentou a tutora da FPS.
Em suma, quanto mais tempo a pessoa fuma, mais difícil de largar o vício e maiores são as chances de desenvolver algum tipo de doença relacionada ao tabaco.
Odontologistas também fazem alertas
Além dos danos causados pelas substâncias nocivas do cigarro, a boca é diretamente afetada no ato de aspirar ou expirar a fumaça que é expelida a partir da queima do tabaco.
“Os constituintes do fumo, seja ele qual for, impregnam a cavidade oral causando o mau hálito. Além disso, a secreção salivar é diminuída em tabagistas o que contribui ainda mais para a halitose nesses pacientes, pois a limpeza natural que a saliva realiza na cavidade oral vai estar prejudicada. Outro efeito característico do tabagismo é a melanose do fumante, ou seja, o manchamento da mucosa oral e dos dentes causado pelos produtos do fumo”, disse Manoela Figueira, coordenadora do novo curso de odontologia da Faculdade Pernambucana de Saúde.
A nicotina, dentre outros pigmentos do cigarro, se deposita sobre o esmalte dentário que adquire uma cor amarelo-acastanhada interferindo na estética do sorriso. Com a cessação do tabagismo, as manchas nas mucosas desaparecem gradativamente, mas pode levar anos para que isso ocorra. O tabagismo é considerado um dos maiores fatores de risco para as doenças periodontais, aquelas que acometem a gengiva e os tecidos de suporte do dente. Uma vez que o fumo afeta a vascularização e a defesa dos tecidos às bactérias orais, os fumantes apresentam maior número de bactérias agressivas na gengiva, maior prevalência e risco de progressão a doenças periodontais e piores respostas aos tratamentos odontológicos.
“O tabagismo está relacionado a ocorrência de câncer de boca, laringe, faringe e esôfago dentre outros aumentando de 4 a 15 vezes a probabilidade de um fumante ser acometido. Somente após 10 anos sem fumar é que esse risco diminui e se equivale ao de quem nunca fumou. A relação tabagismo e câncer de boca acontece devido à liberação de substâncias cancerígenas aliadas as altas temperaturas do cigarro, o que promove danos a mucosa oral aumentando o risco de câncer”, resumiu a cirurgiã-dentista do Imip, Luciana Regueira.
Fonte: Pedro Paulo – Multi Comunicação
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