O objetivo do programa é fomentar a geração de renda em sintonia com a preservação da natureza
A meliponicultura, que consiste na criação e preservação de abelhas sem ferrão, para fomentar o desenvolvimento social e a geração de renda em sintonia com a preservação da natureza, é o mote do projeto que o Complexo Industrial Portuário de Suape lançou em parceria com moradores de comunidades consolidadas em seu território, que ocupa área de 13,5 mil hectares nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, no Grande Recife. “Com essa ação socioambiental, vamos capacitar as famílias cadastradas para o manejo e recolhimento de mel e processamento de produtos derivados”, explica Carlos Cavalcanti, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade (DMS) da estatal portuária.
O trabalho consiste na implantação de 30 meliponários, cada um com 20 colmeias. O investimento é de R$ 321,2 mil e será executado num prazo de dois anos. O lançamento ocorreu, recentemente, durante encontro virtual entre a equipe da DMS, colaboradores de Suape e o presidente da Associação dos Apicultores e Meliponicultores do Cabo de Santo Agostinho (AAMC), Antônio Ferreira.
A AAMC foi a vencedora da licitação para execução do projeto, que começa a dar os primeiros passos. Nessa etapa, 200 abelhas nativas brasileiras sem ferrão serão adquiridas pela entidade, mas o programa prevê em torno de 600 exemplares ao longo do seu desenvolvimento. A família das abelhas é composta por rainha, princesas, zangões e operárias. “A meliponicultura é considerada uma atividade sustentável, já que contribui diretamente com os biomas por meio da polinização das espécies nativas da Mata Atlântica presentes no território de Suape”, pontua o diretor Carlos Cavalcanti.
A equipe da Associação dos Apicultores e Meliponicultores também utilizará a técnica de caixas-iscas para a captação de colmeias que forem identificadas em troncos de árvores envelhecidas para serem deslocadas para o meliponário das comunidades. O programa beneficiará, diretamente, 30 famílias. Técnicos da entidade também realizarão oficinas sobre a biodiversidade do território e manejo das abelhas visando o fomento do empreendedorismo social.
SUSTENTABILIDADE – “Além da empresa ser signatária do Pacto Global pela Sustentabilidade instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece o cumprimento de 10 princípios que cumprem responsabilidades nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção, buscamos alcançar a certificação ESG (sigla em inglês para designar Governança Ambiental, Social e Corporativa) com o desenvolvimento de nossa estratégia e práticas socioambientais, a exemplo dos projetos de meliponicultura e os laboratórios de ecotecnologias, entre outros que estão em andamento”, ressalta o diretor da DMS, Carlos Cavalcanti. “A adoção desses princípios e ações cria um ambiente favorável à imagem do complexo e à chegada de novos negócios, ajudando na descarbonização da economia, com crescimento econômico e equidade social em Pernambuco e no Nordeste”, reforça o gestor.
POLINIZAÇÃO – As abelhas têm importante papel na natureza para a polinização das plantas. “A manutenção e perpetuação das espécies nativas é um dos principais objetivos do projeto. Se a gente multiplica o número de abelhas nas áreas de proteção ambiental de Suape, efetivamente, vamos conseguir ter plantas com o maior poder germinativo, e é nesse momento que há a interface entre a abelha e a natureza. O mel, então, chega como um subproduto, e com o decorrer da produção, poderá ser comercializado com o auxílio técnico da associação”, explica Antônio Ferreira, presidente da AAMC.
O projeto sempre tem início no período da entressafra (maio a agosto, que corresponde ao período chuvoso na Zona da Mata pernambucana, em que não há floração suficiente para que as abelhas produzam mel. Entre setembro e março de 2022, as famílias poderão começar a ver a produção do mel aparecer, pois esse ciclo corresponde aos meses de safra, momento ideal para que o mel seja recolhido para comercialização.