Práticas de governança ambiental, social e corporativa precisam estar no contrato social, nos princípios e na cultura interna da empresa
Heloísa Caroline Sebold da Silva
Nada menos que doze mil empresas jovens e inovadoras, que trabalham para criar um produto ou serviço único para o mercado, estão em atividade no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Startups.
São muitas as condicionantes para o sucesso dessas empresas, vão do modelo de negócios à capacitação dos gestores. A essa lista, acrescento três letras: ESG, as iniciais do inglês para Environmental, Social and Governance.
Assim como empresas tradicionais, startups que adotam práticas de governança ambiental, social e corporativa tem mais facilidade para captar recursos e são vistas de forma positiva por clientes e investidores.
A aplicação cresceu durante a pandemia Covid-19, quando ficou clara a fragilidade econômica e social causada por um fator externo e imprevisível. O objetivo é integrar um conjunto de princípios para preservar o meio ambiente, o desenvolvimento social e monitorar o impacto de fatores externos ao negócio.
Ou seja, práticas ESG são estratégicas para o sucesso. Os elementos que compõe a sigla ESG se correlacionam da seguinte forma: Ambiental, as empresas se preocupam com o seu impacto em questões atinentes ao aquecimento global, produção de lixo e outras; Social, a empresa passa a integrar seus colaboradores e clientes com respeito e humanidade; Governança, a empresa adota práticas de ética, transparência e gestão corporativa para melhorar o ambiente empresarial.
Os investidores têm cada vez mais buscado modelos de negócio que se preocupam com o ambiente externo e com a sociedade.
Não é suficiente, porém, buscar uma causa ambientalista, se a startup não tem realmente preocupação com o tema e não o coloca em prática. É importante buscar um trilho que se relacione com os ideais internos.
O ESG precisa estar no contrato social, nos princípios e na cultura interna da empresa. Uma ideia prática e funcional é incluir em contratos de colaboradores e fornecedores uma cláusula anti-greenwashing.
O greenwashing é o discurso infundado sobre os benefícios ambientais de um determinado produto ou serviço. Exemplo: disseminar o ideal de não utilizar papel, para salvar árvores e proteger o meio ambiente, quando, na verdade, esse tipo de declaração prejudica uma indústria importante, principalmente no Brasil. Trata-se de propaganda enganosa.
Nesse caso, há certificações que realmente atestam a adoção das práticas ESG. Elas permitem, ao mesmo tempo, acompanhar a evolução dentro da empresa e demonstrar para o mercado o impacto positivo que vem sendo gerado. Recomenda-se investir em uma ou mais dessas certificações.
Tudo somado, ganham todos. A startup aumenta as chances de atrair capital, investidores veem com transparência como podem obter retorno e a sociedade garante o futuro das próximas gerações.
*Heloísa Caroline Sebold da Silva é advogada no Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica