Especialistas ouvidas pelo HuffPost Brasil afirmam que a chance de uma mulher que nunca foi candidata se eleger neste ano é menor do que nos pleitos anteriores.
Há 4 anos, o Brasil elegeu 649 prefeitas para 5.568 municípios e 7.808 vereadoras, o equivalente a 11,6% das prefeituras e 13,6% do Legislativo municipal, respectivamente. Desde então, passou a ser obrigatório um financiamento mínimo para campanhas eleitorais de mulheres, as organizações para promover essas candidaturas aumentaram e avançou o cerco a candidaturas laranja que utilizavam mulheres. Mas a expectativa de aumentar a representatividade feminina nas Câmaras municipais e prefeituras em 2020, contudo, pode ser frustrada devido à pandemia do novo coronavírus.
Vai ser muito difícil candidaturas novas terem chance porque elas não vão ter as condições normais de fazer campanha.Luciana Ramos, cientista política da Fundação Getulio Vargas (FGV)
É unanimidade entre as especialistas que a renovação está limitada. A chance de uma mulher que nunca foi candidata se eleger neste ano é menor do que nos pleitos anteriores.
“Há maior dificuldade de pessoas que não têm cargo no momento e ainda não são conhecidas politicamente entrarem na disputa com chances porque a pandemia cria uma situação que dificulta o corpo a corpo, que tem sido algo super importante para candidatas, por exemplo, que vêm das periferias, que são ligadas a trabalhos comunitários”, afirma a cientista política Flávia Biroli, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política).
O isolamento social e as demandas trazidas pela crise também reduziram o tempo e a disposição para novos nomes atuarem na articulação política nos últimos meses e no desenvolvimento da própria equipe de campanha. “Vai ser muito difícil candidaturas novas terem chance porque elas não vão ter as condições normais de fazer campanha, que era ir para rua, entregar panfleto, ter uma equipe de voluntários se dispondo a falar sobre a candidata, fazer encontros, rodas de conversa, de aproximação da candidata com os eleitores”, afirma a cientista política Luciana Ramos, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
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