Está acontecendo em Roma o Sínodo dos bispos para refletir sobre a juventude. O tema oficial é: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. A palavra sínodo, de origem grega, significa “caminhar juntos”; portanto, a Igreja é essencialmente sinodal, como afirmou o Papa Francisco. É o Papa quem convoca e preside o Sínodo e, em seguida, ele recolhe todas as reflexões e sugestões oferecidas pelos bispos dos vários continentes e escreve um documento que norteará a vida da Igreja, no caso, sobre o modo como ela deverá se relacionar com “as juventudes”.
Sabemos que o diálogo entre a Igreja e os jovens não é dos melhores. As ideias e a linguagem de ambos parecem estar muito distantes entre si. O Papa Francisco deseja que, em primeiro lugar, os jovens sejam ouvidos de fato. Temos que nos preparar e abrir o ouvido e o coração para sabermos escutar os jovens em profundidade, sem preconceitos ou fórmulas prontas.
Um dos assuntos que apareceu com frequência nas consultas previas que prepararam o Sínodo, foi a preocupação dos jovens com o sentido da vida. Eles esperam que a Igreja seja um lugar onde possam experimentar, na prática, o sentido positivo da vida.
De fato, não só os jovens, mas todo ser humano, em qualquer época da história, em algum momento da vida, vai fazer-se essa pergunta: por que e para que eu estou nesse mundo? A única certeza que temos é que nascemos, vivemos e morremos. E enquanto vivemos temos que agir como alguém que “conserta o avião voando!”. A vida não para. Alguns se desesperam ou se deprimem diante da complexidade inexplicável da existência. De fato, a vida é um mistério.
Para aquele que crê, penso haver dois sentidos simultâneos para a vida: um sentido prático e imediato e outro mais amplo e eterno.
O sentido prático da vida, a meu ver, chama-se: Família. O que preenche e dá sentido à existência de todo ser humano é a família. Toda a civilização gira em torno da manutenção e preservação da família: economia, política, leis, cultura, tradições, religiões… Todas as críticas feitas em relação à instituição familiar, mesmo as mais absurdas, todas elas têm fundamentalmente a intenção de melhorar a família.
Esse sentido primário e prático que é a família foi desejado por Deus ao cria-la e com o famoso “crescei e multiplicai-vos”. A ciência positivista irá, mais tarde, dizer a mesma coisa com outras palavras: “preservação da espécie”.
O segundo sentido mais amplo é a fé em Deus. Existe um misterioso projeto de Deus para a humanidade como um todo, e para cada ser humano em particular. E justamente por ser um “mistério de Deus”, não tente entender ou explicar totalmente esse projeto divino. O mais difícil de compreender é como o mal se encaixa dentro do projeto divino, sendo Deus infinitamente bom. Eu não sei explicar e não sei como funciona, mas, tenho uma certeza interior que é a seguinte: o coração de Deus é como uma usina de reciclar lixo (fornalha ardente de amor!, rezará a ladainha do Sagrado Coração de Jesus), que recolhe o lixo do mal que produzimos e o transforma em coisa boa. Um adágio da teologia clássica afirma que “Deus, até do mal Ele tira o bem”.
Resumindo: Deus planejou cada um de nós, nos criou e nos colocou nesse mundo para fazermos o bem sempre e fazer o bem para todos, sem exceção de pessoas, mas, amar a todas as pessoas ao nosso redor, bons e maus, imitando o modo de amar do nosso Pai Celestial. E após a nossa morte viveremos para sempre na grande família de Deus no Céu. Simples assim!
Dom Sevilha, OCD.