O trabalho ”Habita Coque” de cinco estudantes do Recife teve como âncora o Compaz e mostra a ligação do abandono do equipamento público à realidade habitacional
Estudantes do Recife estão na final do Prêmio Armando de Holanda Cavalcanti, concurso nacional da área de Arquitetura e Urbanismo que aborda a situação de habitação de interesse social do País. O projeto finalista “Habita Coque” teve como âncora o Centro Comunitário da Paz (Compaz), do bairro do Coque, e mostra a ligação do abandono do equipamento público à realidade habitacional, além de trazer uma nova proposta na área residual e malha urbana do local.
Considerado um dos bairros periféricos mais violentos do Recife, o Coque, localizado na área Central, ganhou um equipamento do Compaz que está com as obras paradas desde 2013. Cinco universitários do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Guararapes (UniFG) decidiram redesenhar a questão e criar uma proposta ao local sem perder a função do centro comunitário.
“A gente trouxe o que aprendeu na disciplina, desde a observação na área central, da vivência no local até a conversa com as pessoas que moram lá. Depois reunimos os conceitos do arquiteto e urbanista pernambucano Armando de Holanda para projetar a habitação e a dinâmica urbana daquela área carente”, explicou Guilherme Dantas, estudante e representante da equipe que está na final do prêmio.
Ainda de acordo com Guilherme, o Compaz está situado em um ótimo lugar, porém não tem via e nem malha urbana que dê acesso ao centro comunitário. “É uma enorme quadra de galpões que não tem nenhum acesso. O que a gente propôs no projeto foi abrir a malha urbana para ter a integração do equipamento público com a habitação social, e também com a sociedade”, informou.
“Exploramos a área para transformar o que é hoje um depósito de carros e um ferro velho, em um parque, academia da cidade, pista de skate, ciclovia, campos de futebol”, exemplifica ao falar sobre as propostas para o local. Além disso, Guilherme reforçou que, como o Compaz está próximo ao Terminal de Integração (TI) Joana Bezerra faz com que se crie uma demanda habitacional na área. “Não foi só propor cozinha, caminhos, quartos e varandas, foi entender que aquela área pedia habitação”, completou.
No projeto, que além de Guilherme também contou com a participação de Lucas Müller Barbosa, Raul Morais, Victor Emanuel de Silveira e Mayanna Guerra Souto Barros, algumas técnicas fizeram toda diferença para que o trabalho concorresse ao prêmio. “O concurso é remetente ao Nordeste, então usamos elementos que já são conhecidos na região como o cobogó, que é elemento de ventilação e conforto, e são bastante usados por aqui”, contou Lucas.
Para o professor orientador da equipe, José Adriano Pereira, as técnicas utilizadas pelos alunos podem ser levadas em consideração como características regionais como, por exemplo, o barateamento ao fazer uma habitação social sem necessariamente passar pelo sistema de reprodução de edificação, além da estética arquitetônica. A premiação vai ocorrer no dia 10 de dezembro, às 19h, no Cinema São Luiz.