Pacotes de origem desconhecida de mais de 100 quilos estão sendo encontrados no litoral do Nordeste desde a semana passada. Em Pernambuco, os objetos começaram a aparecer na última quinta-feira (25). De acordo com o chefe de núcleo da Secretaria de Meio Ambiente de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Adriano Artoni, já foram localizados pelo menos 12 fardos em Pernambuco.
A maior parte dos pacotes, sete unidades, foi achada no litoral de Jaboatão, entre as praias de Piedade e Barra de Jangada. Há também registros de três volumes localizados em Olinda, um em Paulista e um em Goiana, todos na RMR. “Geralmente estão sendo encontrados boiando e encalhados na praia. Mas tem banhistas e curiosos que estão recolhendo e levando para casa, o que pode ser perigoso, pois pode causar doença ou algo perigoso que não sabemos ainda”, alertou.
Centenas de pacotes começaram a aparecer no Brasil no litoral de Alagoas na última quarta-feira (24). Volumes também foram achados nas praias de Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Ceará e Sergipe. Análises preliminares realizadas em laboratórios da Paraíba confirmaram a composição do material. “Os fardos são feitos de murga, uma borracha natural exportada para a fabricação de pneus“, afirmou o chefe substituto de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Gustavo Moreira.
“A perícia que está sendo feita nesses blocos tenta conseguir ver alguma identificação do exportador para que assuma esse prejuízo e o dano ambiental“, acrescentou Gustavo Moreira. Caso encontrado, o responsável pode ser autuado com multa até R$ 50 milhões e responderá a um processo de crime. “Para termos certeza de se causou algum dano com mortalidade na vida aquática, vamos ter que precisar o resultado para saber se o material é tóxico“, completou o representante do Ibama.
A origem do material, entretanto, ainda é desconhecida, mas, segundo Artoni, objetos semelhantes foram achados no primeiro semestre no litoral da Europa e da América do Norte. “Desde março que vem encalhando nas praias de Portugal, Espanha e México”, disse.
A Marinha do Brasil não tem registros recentes de acidentes na costa do País ou de algo que tenha sido jogado no mar. “Há suspeitas de que pode ter sido um descarte de navios que imaginavam que os pacotes iriam afundar”, apontou Artoni. Segundo o Instituto de Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), há organismos de águas profundas incrustados nos fardos, sinal de que o material está há muito tempo na água.
O representante do meio ambiente de Jaboatão alerta que quem encontrar os pacotes pode procurar a Secretaria de Meio Ambiente do seu município para realizar o recolhimento dos fardos. A secretaria então deve enviar um ofício à Polícia Federal (PF) para as investigações necessárias. A PF em Pernambuco, no entanto, afirmou ao Portal FolhaPE que ainda não foi acionada.
Adriano Artoni também oferece seu contato (81 99477-8889) para quem localizar novos pacotes no litoral de Pernambuco. Um mapeamento de pontos e horários de localização dos pacotes está sendo organizado para contribuir na identificação da origem das peças. O Ibama também pode ser acionado para recolher os fardos. “A orientação que a superintendência do Ibama dá é que de a localização dos pacotes seja comunicada e os objetos armazenados em local seguro até o recolhimento”, finalizou Gustavo.
Fonte: Folha PE
Foto: Cortesia/Adriano Artoni