DR JUDIVAN VIEIRA

O PROCESSO EDUCATIVO E DE ENSINO, E ALGUMAS MUDANÇAS QUE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS/COVID-19 APONTA (Parte 1).

Direto de Brasília-DF.

 

MUDANÇAS SINALIZADAS PARA O PLANEJAMENTO DO ESTADO E SUAS UNIDADES FEDERATIVAS

Não há mudança mais difícil que a cultural, porque pessoas arraigadas a costumes e tradições resistem o quanto podem, a sair de sua zona de conforto.

Outro dia assistindo a um programa do Discovery Channel sobre a saída dos hebreus do Egito, o comentário de um rabino me chamou a atenção. Ele disse que o povo hebreu saiu do Egito, mas o Egito não saiu do povo hebreu, mesmo estando eles há 40 anos na escravidão. A cultura da escravidão e a cultura da ignorância em certas pessoas e povos, às vezes os acomoda e os reveste com uma armadura que propicia resistência e disfarce para a falta de disposição para mudanças. Mudar requer sacrifícios!

Quando a epidemia no Brasil estiver controlada, a oportunidade para uma mudança estratégica de fundo estará na mesa de todos nós, mas não pense que essa mudança será gratuita. Ser quem somos já está impregnado em nosso inconsciente coletivo. Lá no fundinho do subconsciente de cada brasileiro a cultura do levar vantagem sobre tud0 e todos, a cultura política do rouba mas faz, do maldito jeitinho, do jogar lixo nas calçadas e nas rua e do reclamar porque somos subdesenvolvidos, sempre goteja a cultura que se arraigou em nosso consciente e nos faz ser o que somos, pensar como pensamos e desprezar nossa vocação de sermos melhores. Sim, nos podemos ser um povo, uma Nação, uma etnia e um Estado muito melhor que somos, se nos dispuser a pagar o preço por isto e, o preço, é nos educar e nos deixar educar.

Tenho certeza que o maior de todos os empecilhos não será a falta de orçamento público, nem de infraestrutura, nem de meios científicos, mas as intermináveis vaidades políticas dos que são vereadores e querem ser prefeitos, dos prefeitos que desejam ser governadores, dos governadores que desejam ser presidente da república, dos desembargadores que querem ser ministros do STJ, dos ministros do STJ que querem ser ministros do STF e, dos ministros do STF, que querem se Deus.

Creio firmemente que os empecilhos estão nas famílias que não permitiram e seguem na cultura de terceirizar a educação de seus filhos. O efeito dominó desta ação produz uma sociedade que deseduca e toda essa massa faz de nós esse Estado com o nome pomposo de Estado Democrático de Direito, no qual a democracia tem como grande legado nos proporcionar o direito de, incitados por pensamentos falidos de esquerda e de direita, lutarmos uns contra os outros e nos canibalizarmos em nome de ideologias superficiais que ignoram a humanização das coisas e a coisificação do humano.

Se neste momento nos unirmos em trégua, refletirmos e decidirmos com humildade, quando a pandemia passar teremos uma oportunidade maravilhosa, ainda que ao custo de muitas vidas, para tomarmos a vacina, o antídoto contra a vaidade política, a ganância, a ignorância e os interesses pessoais que têm nos governado há séculos.

O resultado pode ser a mudança de mentalidade sobre quem somos como NAÇÃO e no quanto podemos ser uma NAÇÃO, UM POVO MELHOR EDUCADO PARA PERSEGUIR SUA VOCAÇÃO DE VENCEDOR. Precisamos solucionar o Dilema da Lealdade Dividida entre Nação e Estado. Quando nosso povo souber, em essência, distinguir um do outro e aprender a quem realmente deve lealdade, teremos dado o primeiro grande passo em um revolucionário e verdadeiro processo de educação e ensino, capaz de nos fazer saltar do patamar de povo ordinário(comum) e medíocre(mediano) para o patamar que nossa vocação nos chama, ou seja, de Nação educada e de Estado hegemônico no concerto internacional de Nações.

Você pode se perguntar: Como mudar aspectos culturais intrincados na mente das pessoas, se as pessoas acabam por se tornar aquilo que pensam? Com reeducação! Há inúmeros exemplos de que cultura é mutável! Se todos nos envolvermos nessa empreitada e por todos quero dizer famílias, sociedade e Estado tenho certeza solar, que podemos dar o próximo passo evolucionário e alcançar estágios educativo e sócio-econômicos melhores em quantidade e qualidade.

O que todos temos de fazer agora é vencer a epidemia no Brasil e o mundo vencer a pandemia que o assola. Eis dez mudanças pragmáticas que a crise exige que pensemos enquanto Nação e enquanto Estado, tão logo passemos essa fase:

1 – Avaliar a eficiência e eficácia do processo educativo e de ensino em quantidade de disciplinas e na qualidade de seu conteúdo. Devemos, inclusive indagar quanto ao ENSINO À DISTÂNCIA (EAD). Substitui em quantidade e qualidade a educação e ensino presencial? Durante uma pandemia o ensino à distância pode ser validado 100%? Em quais áreas?

2 – Avaliar a eficiência e eficácia do sistema de transporte brasileiro. Se ferrovias são mais eficazes para vascularizar o pais com alimentos, medicamentos e escoamento da produção, porque não usamos nossos recursos humanos e materiais para iniciar uma ferrovização definitiva do Brasil?

3 – Avaliar a eficiência e eficácia do sistema de saúde brasileiro. Vamos terminar as obras dos hospitais e postos de saúde que governos passados deixaram inacabadas? Vamos continuar investindo misérias em pesquisa científica mesmo sabendo que para cada R$ 1 real, o retorno é de R$ 12 reais? Não saber fabricar aparelhos simples como os que fazem falta nesta pandemia, não faz sentido diante do imponderável e também da possibilidade de guerras biológico-econômicas, tão na pauta de governos inescrupulosos para os quais seres humanos podem ser comparados a ratos de laboratórios.

4 – Avaliar a eficiência e eficácia de nossas Forças Armadas para esforço conjunto em tempos de crises extremas. Seus subestimados departamentos de engenharia para construção de hospitais, pontes, estradas; sua capacidade para transportar doentes e atender com urgência em rincões de todo o território nacional; sua disciplina e hierarquia tão essenciais ao bom planejamento e à rápida execução, são componentes essenciais de um todo maior que pode fazer com que nos orgulhemos substancialmente de quem somos e do melhor que podemos vir a ser.

5 – Necessitamos refletir sobre informatizar todo e qualquer sistema público brasileiro (INSS, ASSISTÊNCIA SOCIAL, DEFESA CIVIL, etc). Jamais consegui compreender o porquê de nossos sistemas de segurança, saúde, sistema processual em geral, assistencial, de trânsito, etc., etc., não estar multi conectado.

Permita-e um exemplo prático. Um minerador que deseja explorar ouro, tântalo, ferro, etc., e gerar riqueza para si e para o povo, para obter sua autorização de pesquisa necessita pedir licenças ao município e aos estados da federação. Essas licenças são parte de outros documentos federais sem os quais não consegue minerar.

Ocorre que o sistema municipal não está vinculado ao sistema telemático estadual que, por sua vez, não está interligado ao sistema federal. Toda essa ineficiência alimenta a burocracia e ajuda a que agentes públicos infectados pelo vírus da corrupção fabriquem “dificuldades” para vender “facilidades”, como explico em meus cinco livros que constituem a primeira e única “Coleção Corrupção no Mundo”, obra traduzida e lançada nos EUA como “Encyclopedia Corruption in the World” (para conhecer acesse www.judivanvieirabooks.com).

6 – Fazer uma reforma tributária verdadeira e sem viés ideológico. Não é esquerda nem direita política, mas o interesse da Nação que deve prevalecer. Se os países com melhor resultado econômico possuem imposto único, porque não vencemos a vaidade municipal, estadual e distrital e seguimos o modelo já consagrado e de eficácia comprovada?

7 – Fazer uma reforma previdenciária verdadeira e sem viés ideológico. O argumento para todas as últimas reformas foi somente em parte verdadeiro. Os cofres da previdência brasileira sempre estiveram com reservas baixas à conta de políticos corruptos, que sempre se importaram mais em desviar as rendas das contribuições ao INSS, das participações nas arrecadações das múltiplas loterias e do esporte em geral, para si e seus familiares que para o bem-estar da Nação.

8 – Fazer uma reforma real do sistema penal brasileiro. Rediscutir sem viés ideológico de esquerda ou de direita política e querendo resolver a questão da maioridade penal, o melhoramento do sistema penitenciário para os agentes penitenciários, diminuir a quantidade de recursos para crimes graves como os crimes de colarinho branco e outros.

9 – Fazer uma reforma educacional e de ensino. Rediscutir sem viés ideológico de esquerda ou de direita política e querendo resolver a questão da quantidade e qualidade das disciplinas curriculares.

10 – Propor em fóruns internacionais, seja o G-20 ou no G-8, ou no discurso anual de abertura dos trabalhos da ONU, uma séria reavaliação da eficiência e eficácia da globalização econômica.

A política e estratégia para o início deste século XXI ou até que apareça o próximo vírus letal, estará dividida entre O ANTES E O DEPOIS DA PANDEMIA do Coronavírus/Covid-19. E, na verdade, pouco importa que este vírus mate mais ou menos que a dengue, zica, chikungunya, que a febre amarela, sarampo, acidentes de carro, que as drogas ilícitas em geral, que o tráfico de órgãos humanos, o tráfico de seres humanos, a gripe aviária ou o ebola. Uma questão sobressai dessa crise, como jamais exigiu pensarmos antes e ela é: há um perigo monstruoso em permitir que um ou dois países controlem o comércio mundial.

Continua…

Leia a Parte 2 no próximo sábado.

 

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Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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