Direto de Brasília-DF.
A doutrina humanista impactou a Europa e, depois em Itália, a Inglaterra foi o primeiro país a introduzi-la nas escolas.
Para compreender os efeitos da história da educação e do ensino na civilização ocidental, é necessário atentar para o fato que, sistema político, e religioso, se confundiam na antiguidade, assim como politica e democracia se confundem, desde o século XVIII.
O humanismo, dos séculos XIII e XIV, sobre o qual vimos escrevendo, é um movimento que nasce e desenvolve, querendo a ciência e o antropocentrismo.
Esta questão é interessante porque, por mais que o movimento quisesse distância do teocentrismo, não o poderia fazê-lo abertamente, já que doutrina alguma conseguiria sobreviver, sem ter seus livros incendiados e doutrinadores excomungados e, provavelmente, executados pela influência religiosa da época.
Nesse contexto europeu e mundial, a história inglesa é rica! A Britânia foi invadida e conquistada pelo Império Romano, por volta do ano 43 d.C. Como a história nos mostra, não é comum que o povo conquistador se preocupe com educação e ensino de povos conquistados.
O que fazem os conquistadores, a curto e médio prazo com os povos invadidos? Primeiro destroem a estrutura física, depois a psíquica da Nação. Afinal, um espírito abatido demora a se reconstruir e, às vezes, nem sequer consegue seguir em frente. Um povo com o moral abatido, tende à introspecção e depressão. É difícil prosperar, vivendo abatido e de cabeça baixa.
Feito isto, os expropriadores, ou conquistadores, como prefiram chamar, dizimam a flora(conjunto de vegetação de determinado local) e a fauna(conjunto de animais de determinada região), saqueiam as riquezas minerais(ouro, prata, tântalo, cobre, ferro, etc), e os demais recursos.
Como esperar que um povo conquistador vá se preocupar com processo educativo e de ensino de conquistados? Difícil, não?!? Mas, o Império Romano tinha uma característica diferente. Ele conquistava sem a intenção de destruir a cultura local, desde que não representasse ameaça aos domínios dos césares. Veja o caso das culturas gregas, e judia, por exemplo.
Nessa linha de raciocínio, os administradores romanos que eram nomeados para governar os territórios conquistados, acatavam a ideia simbiótica dos césares e dos papas, que necessitavam formar administradores e eclesiásticos para perpetuar o mútuo poder.
Escolas eram erguidas, quase sempre nos monastérios, junto às catedrais e, por isto, chamadas, monásticas ou catedralícias, como já expliquei em artigos anteriores. Na Britânia, o Império Romano permitia, também, escolas “seculares”, ou seja, para quem não queria seguir a vocação religiosa.
No ano de 631 d.C., o monge Segisberto, formado na Gália(França), funda a primeira escola em Inglaterra e daí em diante elas se multiplicarão gradualmente.
Com a ascensão do Papa Zacarias, entre 741 e 752, e apoio do rei, o processo de educação e ensino ganha novo fôlego e por meio do Concílio de Clovesho, um lugar provável, no Reino Unido, fica decretado que fossem abertas escolas para meninos em cada paróquia. Infelizmente, esse benefício não alcança mulheres, em virtude do machismo dominante.
O processo educativo e de ensino em Inglaterra prosperou, mas com as invasões das tribos bárbaras (povos germânicos), no ano de 782, o sistema foi destruído. Os próximos oitenta anos seriam de desconstrução, da educação, até que em 870, o rei Alfredo, o Grande, aprende a ler e escrever e começa a traduzir clássicos do Latim para a língua inglesa e exige que todos os oficiais da corte também aprendam a ler e escrever.
Aprender a ler e escrever faz a Inglaterra respirar um pouco da cultura latina. Sempre me pergunto porque as pessoas logo que sofrem a maior revolução de suas vidas acadêmicas, ao aprender a ler e escrever, quando atingem a adolescência e, daí para frente, passam a temer ou odiar essas virtudes. O que aconteceria na vida das pessoas se, simplesmente, seguissem lendo e escrevendo?
Continua…
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