O avanço da inflação tem sido destaque nos noticiários dos últimos tempos. Desde a divulgação da bandeira tarifaria “crise hídrica”, o brasileiro tem sentido no bolso os efeitos não somente dos aumentos dos preços dos itens de energia como também de alimentos, habitação e transportes.
O singelo prato feijão com arroz, já custa 10% mais caro comparado com os preços dos últimos 12 meses.
O que justifica o aumento dos preços internos em um cenário em que temos uma expansão do desemprego no país e uma demanda interna enfraquecida?
A começar temos que entender que o Brasil é uma economia aberta, a demanda de alimentos com destaque para cereais e oleaginosas no mercado internacional está aquecida nesse período pós-pandemia. Os estoques globais de alimentos estão menores do que no começo desta. Por outro lado, é importante considerar os movimentos do câmbio e dos preços praticados na energia.
No Brasil por exemplo, teremos em 2021 uma queda de 15% na oferta de milho comparado com o ano anterior. A crescente utilização desse cereal impulsionada pela demanda por ração por parte da indústria tem pressionado os seu preço. Os demais itens que estão em voga no grupo da energia e que tem se elevado nos últimos tempos – o gás de cozinha, combustíveis e energia elétrica – contribuíram para a aceleração dos indicadores inflacionários no país.
A prévia do IPCA-15 o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 já aponta alta e uma previsão de 1,14% para o mês de setembro. Nos últimos 12 meses o acumulado tem sido de 10,05%, ou seja, inflação de 2 dígitos.
A aceleração da inflação é um mal sinal. A inflação corrói o poder aquisitivo do cidadão comum. De acordo com os dados do jornal Valor, cerca de 10% da população brasileira passa fome atualmente. A insegurança alimentar grave, atinge hoje 19,1 milhões de pessoas. E de acordo com os prognósticos e análises feitas pelos especialistas e economistas do mercado, a crise econômica será longa. Os dias de carestia serão embalados com oscilação do números de infectados enquanto a população não estiver inteiramente vacinada.
O ambiente lá fora também não anima, em alguns países o ritmo de contágio de COVID-19 se acelera e medidas de isolamento social voltam novamente ao script das políticas públicas que lidam com a crise sanitária.
O Brasil precisa ficar de olho com o avanço da inflação e rememorar os velhos tempos de inflação elevada e não perder o controle da situação. O medo do descontrole conjugado com uma situação de pandemia mostram que a fragilidade e a ineficácia dos instrumentos de política econômica são sentidos diariamente pelo brasileiro em uma volta das compras de mês.
Fiquemos atentos e vamos fazer a nossa parte.