Por Laura Maia, direto de Brasília-DF.
Até agora conversamos sobre o projeto Macaria: Macaúba e Engenharia, como ele começou, as principais motivações na pesquisa sobre energias renováveis, o panorama mundial e os principais conceitos da pesquisa.
No último artigo, também conversamos sobre os principais passos experimentais da pesquisa, seus objetivos e um pouco sobre os resultados. Agora, nesta última parte, abordaremos os resultados obtidos em cada uma delas.
Quando fazemos pesquisa, é necessário que sigamos uma metodologia científica para que os experimentos possam ser replicados no futuro e para que tenhamos coerência nos resultados obtidos. Portanto, quando trabalhamos com amostragem, há uma regra importante a ser seguida: a rastreabilidade. Também são importantes o tamanho, a representatividade da amostra e as conclusões tiradas de acordo com as condições experimentais.
A Embrapa Cerrados – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – há dez anos pesquisa o melhoramento genético da macaúba e possui um banco de germoplasma, uma coleção de material genético em uma plantação de palmeiras com origem de São Paulo e Distrito Federal.
A Empresa possui rastreamento de cada palmeira plantada e o Dr. Nilton Junqueira, um dos maiores nomes em pesquisa sobre a macaúba no país, gentilmente nos cedeu frutos para que déssemos continuidade à nossa pesquisa.
Por ordem, vamos aos resultados da Análise Lignocelulósica. O resultado mais esperado foi o de teor de lignina na estrutura do endocarpo, pois quanto maior é esse teor, que está ligado à concentração de carbono, melhor são os resultados para liberação energética no reator.
E sim, os resultados foram ótimos. O teor de lignina ultrapassou 30%. Comparando com algumas espécies de eucalipto, como a Eucalyptus grandis, que tem 24,60%, vemos uma biomassa extremamente promissora para fins energéticos.
Os valores de Poder Calorífico Superior do endocarpo da macaúba também foram ótimos, variando entre 20 a 23 MJ/kg – megajoules por quilograma. Comparamos este valor com o PCS do caroço do açaí em função de várias semelhanças observadas entre o comportamento, e o valor foi em torno de 19 MJ/kg.
O caroço do açaí é considerado resíduo, pois sua polpa é utilizada na indústria alimentícia, assim como o caule de sua palmeira. E também pela sua conformidade física: é um coquinho bastante denso. Vemos, então, que a quantidade de energia liberada por unidade de massa é maior para a macaúba.
A Análise Termogravimétrica demonstrou em quais temperaturas ocorrem a degradação da celulose, hemicelulose e lignina na biomassa. Este dado é relevante, pois, dessa forma, é possível prever o que ocorrerá dentro do reator de gaseificação a cada mudança de temperatura.
De acordo com o gráfico obtido na análise, a temperatura de degradação da lignina foi de 3800C, ou seja, o reator precisar atingir, no mínimo, 4000C para que a lignina seja degradada.
Os valores que nos chamam a atenção na Análise Imediata do Carvão são os de rendimento da pirólise e o teor de carbono fixo. O rendimento da pirólise foi de 30% e o teor de carbono fixo foi maior que 70%.
Comparando o valor de carbono fixo da macaúba com o do caroço do açaí, vemos uma diferença muito grande: 19,14%. Isso significa que quanto maior valor de teor de carbono fixo, maior será a quantidade de calor transferida para o sistema.
A macaúba é um fruto incrível! Além de fazer parte da vida de muitas pessoas, contribui de várias maneiras para o nosso sistema econômico e energético. E foi por esta caminhada longa e cheia de surpresas que minha admiração por esta palmeira só cresceu.
Para:
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