Nos anos 80 o Brasil enfrentou fortíssimas adversidades na sua economia deflagradas pelas más condições econômicas e geopolíticas internas e externas. o choque do petróleo em 1979, a redução de liquidez internacional, a elevação da taxa de juros externos e a aceleração da inflação conjugada com um desequilíbrio no Balanço de Pagamentos propiciaram o mergulho na mais forte e aguda crise econômica jamais vivenciada pelo país.
Em 2020 encerramos com um cenário desolador ilustrado por elevadas taxas de desemprego, inflação em alta, queda no rendimento médio da população, aumento da desconfiança por parte de investidores e consumidores.
Nos últimos 10 anos o país cresceu em média 0,92% ao ano. Os anos de 2015,2016 e 2020 assolaparam a nossa economia com queda na produção de bens e serviços de -3,5%, -3,3% e previsão de -4,5%.
A queda do PIB, a retração de 5,1% do PIB per capita nos revelam o empobrecimento do trabalhador brasileiro em mais um ano de acordo com levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A diminuição do ritmo da economia brasileira durante esse período (2010-2020) decorre de vários aspectos que merecem ser relembrados. Uma década com turbulências políticas em que o receituário para crescer foi por inúmeras vezes barrado por questões políticas.
Até os anos 2010 a economia mundial expandia em ritmo acelerado, as exportações brasileiras de commodities propiciaram superávits comerciais robustos jamais vistos. O Brasil perdeu o bonde nessa era de ouro vivida na virada do século XXI.
A partir de 2010, os reflexos da crise que assolou a economia norte americana eram sentidos em vários setores da nossa economia e afim de manter a performance da década anterior insistimos em uma política keynesiana com fortes incentivos a gastos públicos, consumo interno e credito fácil. A eficácia dessas medidas perdeu-se e não mais servia para estimular o crescimento do PIB. Em 2015 e 2016 enfrentamos o recrudescimento da nossa economia e a mudança de comando geral da nação. O Brasil enfrentou mais uma vez o impeachment de mais um governante. Sai Dilma Roussef e assume o vice, Michel Temer. Daí em diante as disputas políticas comandaram as decisões econômicas e o resultado foram crescimento econômico enfraquecido dentro de um contexto mundial tímido e sem força também.
Chegamos em 2020 e o invisível, o vírus, tomou conta das decisões mais urgentes. A prioridade agora é salvar o maior número possível de vidas. Diante do desconhecido, de como enfrentar essa crise sanitária que dizimou mais de 180 mil vidas só no Brasil, a economia teve que se ajustar. Medidas de isolamento, regras de abertura e de funcionamento de comércio, indústria e outros setores foram estabelecidos. E a previsão é que enfrentemos mais um ano com uma queda estimada em 4.5% do PIB.
Por outro lado, de acordo com previsões do Banco Central, a recuperação econômica é prevista para 2021 será robusta podendo alcançar o patamar de 3,9% p.p. Essa expectativa é reflexo do ótimo desempenho da economia já sentido nos segundo e terceiro trimestres de 2020. O avanço de 7,7% entre o segundo e o terceiro trimestres. Destaque positivo para formação bruta de capital fixo (+11,0%) e para o consumo das famílias (+7,6%). As despesas do governo estão se expandindo também (+3,5%).
Os bons ventos começam a soprar e esperamos que diante desse novo sopro a economia inaugure uma nova década com rajadas de vento fortes que movimentem os fluxos de capitais estrangeiros na direção do Brasil. Que esses ventos levem embora os redemoinhos que provocam queda no PIB, queda no consumo, queda das nossas exportações. E que levem de vem embora mais uma década perdida.