O Dia Internacional da Mulher se aproxima. No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido quanto às suas trajetórias e oportunidades no ambiente de trabalho. No Brasil, somente 38% das mulheres ocupam cargos de liderança, segundo o relatório Women in Business 2022, da Grant Thornton.
Com estereótipos arraigados ao longo das décadas, infelizmente criou-se uma cultura de segregação de gênero no país, que só tem mudado nos últimos anos. Esses são alguns dos fatores que contribuem para um número inferior de lideranças femininas no universo corporativo.
Mesmo ainda em posição de minoria, a seguir temos três exemplos de lideranças inspiradoras de profissionais que trazem os principais desafios enfrentados ao longo de suas carreiras, como o cenário pode melhorar para que tenhamos ambientes mais diversos e o caminho para prosperar em suas profissões.
Carolina Fernandes | CEO da Cubo Comunicação
Carolina Fernandes é uma mulher que já percorreu muitos caminhos buscando atingir o seu propósito: ser líder à frente da sua própria empresa, a Cubo Comunicação.
Fernandes já passou por inúmeras experiências profissionais, trabalhou no mundo corporativo, assumiu equipe no exterior, teve fornecedores fora do país, viajou para o exterior para fazer gestão, até que decidisse empreender o seu próprio negócio. E o que foi determinante para que ela chegasse onde está hoje foi o estudo, a resiliência, e a persistência em não desistir.
E ela ressalta que a persistência é fundamental para o sucesso. “Vejo que ter resiliência foi determinante para o meu processo. Além disso, comecei a buscar formas de compreender outras coisas não só da minha expertise, mas que para o meu negócio de fato pudesse alavancar, eu precisava ter conhecimentos agregadores”, explica.
Segundo a CEO, é comum termos algumas inseguranças ao empreender um negócio, mas quando algo não dá certo, há a oportunidade de fazer de novo e de uma forma diferente, sendo que o mais importante é aprender os erros. “As experiências boas, ruins, frustrantes e dolorosas são essenciais para o crescimento de qualquer um”, acrescenta.
Para quem trabalha com marketing, Carol recomenda que a profissional esteja sempre muito conectada e em constante crescimento e evolução, por meio dos estudos, além de estar atenta às evoluções, novidades e conectada com redes de contatos de uma forma ampla. “Isso faz com que eu consiga ser criativa no trabalho, inspirada e conectada para trazer esses resultados pros meus clientes”, finaliza.
Michele Puretachi | Líder de times – ZBRA
Formada em Ciência da Computação e Tech Lead da ZBRA, Michele Puretachi, que há 12 anos entrou como estagiária na empresa de tecnologia e desenvolvimento de software, acredita que o fato de atuar numa empresa composta majoritariamente por homens nunca a assustou. E conta que desde nova nunca foi de separar o que é “de homem” ou o que é “de mulher”, pois sempre fez o que gostava de fazer. De quebra, ela teve o incentivo de um tio que trabalha na área, para seguir no ramo.
Puretachi explica que a nossa história está repleta de momentos em que mulheres tiveram grandes momentos na área de matemática e computação, mas que isso raramente é mencionado e deveria ser altamente difundido na educação. “Oportunidades devem ser criadas. A escassez de figuras femininas como modelo e o preconceito é um fator negativo para o incentivo de atrair mulheres para a área de tecnologia”, diz.
Segundo a Tech Lead, é necessário acabar com qualquer tipo de segregação desde a infância. “É desta forma que daremos liberdade para que as nossas crianças possam decidir sobre o que realmente gostam”, complementa.
Patrícia Kost | Head de Gestão de Pessoas – Lambda3
Patrícia Kost, Head de gestão de pessoas da Lambda3, conta que ainda há muita coisa para melhorar para que mais empresas sejam incentivadas a dar importância a questões de raça e gênero quando se trata de cargos de liderança. “Ainda estamos longe de condições e oportunidades mínimas para o desenvolvimento de boas práticas e ambientes seguros. A diversidade é essencial em todos os ambientes porque estamos falando de pessoas de verdade”, afirma.
Para ocorrer uma modificação neste cenário, é preciso um ambiente diverso para que as condições sociais, econômicas e políticas sejam conquistadas para uma sociedade mais justa. E para sanar o problema no déficit do número de mulheres ocupando cargos de liderança comparado ao número de homens nas empresas, Patrícia diz que primeiramente são necessárias ações que promovam salários justos para as posições que as mulheres ocupam. Para ela, sem isso, não adianta fazer ações que promovam a entrada de mulheres na empresa, sendo que o reconhecimento financeiro seja menor.
“Infelizmente não é um dia para se comemorar, mas, sim, para refletir e agir para que cada dia do ano seja dedicado à conquista de uma sociedade mais justa e real – dentro e fora das empresas – afinal de contas, as empresas representam a nossa sociedade”, finaliza.