Driblar alimentos específicos diariamente, tornar a leitura de rótulos um hábito, acostumar-se com pratos adaptados e escolher a dedo que restaurantes frequentar – assim é a rotina de quem convive com intolerância alimentar. Com tantas restrições, encontrar uma dieta balanceada para evitar o mal estar pode parecer tarefa difícil à primeira vista, mas que pode ser simplificada com orientações e pequenas mudanças de hábito. Entenda melhor a condição que tem cada vez mais se desenvolvido entre os brasileiros.
É importante diferenciar a intolerância da alergia alimentar. As duas condições são semelhantes, mas as respostas provocadas no organismo são diferentes. De acordo com a nutricionista Jéssica Santos, a alergia provoca uma resposta imunológica imediata. “É quando o organismo cria anticorpos, como se o alimento fosse um agente agressor”, explica.
Já na intolerância alimentar, a resposta costuma ser lenta e se relaciona à digestão inadequada de determinado alimento. “O alimento não é digerido de forma correta, dessa forma os sintomas surgem principalmente no sistema gastrointestinal, que é quando você sente mal estar, sente a barriga estufada, gases, cólica ou diarreia”, informa a especialista.
A dificuldade na digestão é explicada por uma falha na produção de enzimas no organismo, que pode produzi-las em menor quantidade ou até mesmo não ser capaz de produzir. A nutricionista funcional Taisa Uchôa explica que, por esse motivo, o nível dos sintomas em cada indivíduo vai variar. “Existem pessoas, por exemplo, que tem a intolerância à lactose, mas conseguem comer queijo ou tomar um pouco de leite, enquanto algumas não aguentam consumir nada de derivados do leite”.
Gatilhos
Qualquer pessoa pode desenvolver alguma intolerância alimentar ao longo da vida. É algo comum que não está ligado a fatores genéticos e sim aos hábitos alimentares e questões emocionais. Para a nutricionista Taisa Uchôa, o fator importante é a mudança radical no cardápio. “Uma pessoa que tem uma alimentação extremamente saudável e passa a ter uma alimentação mais rica em gordura, por exemplo”, explica.
Comer algum alimento em excesso também pode provocar uma desordem no organismo, como o exagero na quantidade de açúcares – a lactose é o açúcar do leite. Todas essas alterações na dinâmica do nosso corpo podem fazer com que a produção de enzimas seja alterada, o que poderá provocar a intolerância alimentar em diferentes níveis.
Substituições
Por estar presente em diversos pães, bolos e massas, o glúten é conhecido por ser um composto difícil de ser retirado da dieta. Para quem não quer abrir mão desses pratos, pode fazer uso de produtos que substituem a farinha de trigo tradicional, como a farinha de chia, de linhaça, de arroz, fubá ou amido de milho. Já para quem está disposto a adotar uma dieta mais natural, a dica da nutricionista Taisa Uchôa é abusar dos alimentos naturais. “Ao invés de buscar pães e bolos caríssimos sem glúten, é melhor usar os alimentos regionais como base da alimentação, que são muitos nutritivos e saudáveis”. São esses alimentos: batata-doce, inhame, macaxeira, tapioca, cuscuz, banana comprida, etc.
Para fugir da lactose, basta substituir os leites convencionais pelos leites vegetais, como o de coco, soja, arroz, amêndoas ou castanhas. Essas bebidas podem ser compradas prontas em supermercados ou preparadas em casa.
Fonte: Folha PE
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