Construção de equipes plurais passa pela formação de líderes atentos a práticas receptivas à pluralidade
Um cotidiano hiperconectado, em que novos assuntos surgem em velocidade recorde, já não é novidade. A facilidade de acesso à internet e às redes sociais trouxe consigo mudanças importantes para os relacionamentos humanos, seja em casa, entre amigos ou no trabalho. Neste último, debates relacionados à diversidade se tornam cada vez mais aprofundados. Que existe a necessidade de tornar os ambientes corporativos mais receptivos à pluralidade de existências já se sabe. Mas, como os gestores podem, afinal, transformar teoria em prática?
“É importante o gestor ter em mente que precisa de pessoas que vão fazer do seu setor ou empresa a melhor empresa ou o melhor setor”, antecipa Wander Coelho, psicólogo e supervisor de recrutamento e seleção do Grupo Selpe. Ele explica que o primeiro passo é as lideranças entenderem que investir em formação técnica de novos profissionais é apostar também no crescimento da equipe.
“Resultados são gerados por softs skills, hard skills adequadas, pessoas qualificadas e preparadas para assumir seu papel e entregar o melhor delas, sem se importar se são homens, mulheres, gays, trans, pretos, brancos, se possuem uma necessidade especial ou não”.
Outro ponto fundamental para ser bem sucedido ao adotar de vez a prática de diversificar o quadro de funcionários, explica ele, é preparar os colaboradores mais antigos, por vezes não adaptados ao tema, para receber os novos colegas. Isto começa com a promoção de um ambiente acolhedor, distante de preconceitos. “Um verdadeiro time está preocupado em atingir os resultados em comum”, aponta Coelho.
AUMENTO NA DEMANDA
Atuando em um grupo especializado em tecnologia e consultoria em RH, o psicólogo tem observado alteração significativa no padrão de abordagem de empresas parceiras em relação a anos anteriores. Os postos de trabalho e os processos seletivos voltados a minorias sociais, sejam elas por gênero, orientação sexual, etnia ou deficiências, por exemplo, têm sido investimento cada vez mais frequente.
Na experiência dele, mais de 50% dos processos atuais já contemplam a diversidade enquanto ponto fundamental para um método de recrutamento bem sucedido. “As empresas estão interessadas em avaliar as competências dos candidatos, entender cada um em sua essência e quem eles realmente são. Essa transformação está cada vez mais acontecendo do lado de dentro das empresas, que estão entendendo que diferentes perspectivas geram novas formas de resolver problemas. Entendem, ainda, que as pessoas se sentem melhor em ambientes inclusivos e que a tomada de decisão em espaços diversos provoca novas formas de se pensar e agir”.
O relato casa bem com dados ligados à educação. Em junho deste ano, uma pesquisa realizada pelo Datafolha registrou que metade da população brasileira concorda com a implementação de cotas para pessoas negras em universidades. Vale lembrar, inclusive, que a criação de vagas afirmativas, para estudo ou trabalho, é prática legal e incentivada pela Constituição Federal de 1988. O documento ressalta o caráter de reparação histórica de tais iniciativas, além de seus impactos socialmente positivos.
TENDÊNCIA EFÊMERA OU MUDANÇA CULTURAL?
A partir disto, pode-se dizer que a diversidade no mercado de trabalho corre risco de ser apenas uma “tendência” que irá passar ou há indicadores suficientes de que existe mudança concreta sendo estabelecida no pensamento geral das lideranças? O psicólogo acredita que a segunda opção é mais equivalente ao andamento do mercado contemporâneo.
“Vejo que hoje as pessoas estão interessadas nos resultados que alguém possa oferecer. É preciso abraçar a diversidade de forma consciente e responsável, entender que quanto mais diverso for um time, maiores chances esse time terá para chegar ao sucesso. Times mais diversos e inclusivos saem na frente”, finaliza.
SOBRE O GRUPO SELPE – Especializado em consultoria em RH, o Grupo Selpe atua no mercado nacional há 57 anos, promovendo o elo entre profissionais, empregadores e culturas organizacionais. Fundado em 1965, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o Grupo nasceu da realização de um sonho de três colegas de faculdade. Hoje, conta com unidades nas cidades de Recife, Goiana, Belo Horizonte, Contagem,