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HPV, um risco a ser evitado

Ela é responsável por reduzir em 70% as chances de desenvolvimento de câncer de colo de útero se aplicada em jovens até 26 anos, antes da primeira relação sexual, mas segue negligenciada no Brasil. Aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) segue enfrentando dificuldade de adesão entre população. Até o início deste mês, a cobertura da segunda dose não tinha atingido nem metade das meninas público-alvo e só havia alcançado 11,6% dos meninos. O Ministério da Saúde realiza até o fim desta semana campanha publicitária chamando atenção para essa realidade.
 
O HPV é um vírus que infecta pele e mucosas de homens e mulheres e pode causar desde verrugas genitais até diversos tipos de câncer, sendo o mais frequente deles o câncer do colo do útero. É considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). “É um vírus transmitido principalmente pela via sexual, que causa geralmente lesões genitais tanto no pênis quanto na vagina. Também pode acometer a região anal e perianal. A forma de apresentação clínica mais comum são verrugas cutâneas. Lesões na língua e mucosa oral também podem ser causadas por essa infecção”, explica o infectologista da Rede D’Or São Luiz Tomáz Albuquerque. 
 
O problema é que a infecção por HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas, podendo passar de meses a anos sem manifestar sinais visíveis a olho nu ou manifestações subclínicas. “O vírus também é oncogênico, o DNA dele pode produzir lesões malignas e aumentar as chances de câncer de pênis, na região anal, de colo de útero. É quando ele se reveste de uma importância maior, já que a infecção do colo de útero não é sintomática e nem facilmente identificável se a mulher não tiver o cuidado de fazer o exame preventivo”, acrescenta Tomáz. 
 
Segundo estudo realizado pelo projeto POP-Brasil no ano passado, a prevalência estimada do HPV no Brasil é de 54,3% na faixa etária de 16 a 25 anos. O estudo entrevistou 7,5 mil pessoas nas capitais do país. Os dados da pesquisa mostram que 37,6% dos participantes apresentaram HPV de alto risco para o desenvolvimento de câncer. 
 
É por isso que a vacinação tem papel determinante na prevenção. Ela previne vários tipos de cânceres nas mulheres e homens. No mundo, dos 2,2 milhões de tumores provocados por vírus e outros agentes infecciosos, 640 mil são causados pelo HPV. A vacina usada no Brasil previne 70% dos cânceres do colo útero, 90% câncer anal, 63% do câncer de pênis, 70% dos cânceres de vagina, 72% dos cânceres de orofaringe e 90% das verrugas genitais. Além disso, as vacinas protegem contra o pré-câncer cervical em mulheres de 15 a 26 anos, associadas ao HPV 16/18.
 
A vacina é voltada para meninas entre 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ela é dividida em duas fases, sendo a primeira administrada em março e a segunda seis meses depois. Esse é um momento de inflexão, quando o público-alvo deixa de procurar os postos de saúde. Nos últimos cinco anos, 75% das meninas tomaram a primeira dose no estado, mas só 47% a segunda. Em 2014 e 2015, o Recife chegou a fazer 100% de cobertura na primeira dose, porém não repetiu os índices no segundo momento. Para a coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Recife (PNI), Elizabeth Azoubel, os boatos de efeitos colaterais, como o que surgiu em Bertioga (SP) em 2014, e a distância de seis meses entre as duas doses podem ajudar a explicar a baixa procura. 
 
“Na época do boato, não foram feitas muitas reportagens para esclarecer. Hoje, há também os grupos antivacina crescendo e que só divulgam informações negativas. Mas a vacina é usada desde 2006 em vários países e é supersegura. É uma vacina que a pessoa toma na adolescência para não ter riscos na vida adulta. É um trabalho que vai colher frutos a longo prazo”, disse ela. A vacina está disponível o ano inteiro nas unidades. Na rede privada, a dose pode chegar a R$ 480. A imunização só acontece para quem toma as duas doses. 
 
Estudos internacionais apontam o impacto da vacinação na redução do HPV. Nos EUA, dados mostram uma diminuição de 88% nas taxas de infeção oral por HPV. Na Austrália, redução da prevalência de HPV de 22.7% (2005) para 1.5% (2015) entre mulheres de 18–24 anos. Outro estudo internacional mostra que nos EUA, México e Brasil entre homens de 18 a 70 anos, os brasileiros (72%) têm mais infecção por HPV que os mexicanos (62%) e norte-americanos (61%).
 
Fonte: Diário de Pernambuco
Foto: Reprodução/Fotos Públicas

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A oposição é necessária para avaliar a gestão, mas é importante distinguir entre oposição legítima e politicagem, que busca causar problemas e confundir a população. É preciso ficar atento para não cair nesse jogo manipulador.

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