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Expectativa de pacote para setor imobiliário puxa ações de construtoras; veja quem ganha

Por: Angelo Pavini

“O mercado acompanha com atenção o anúncio de medidas para incentivar a construção civil previsto para a próxima segunda-feira e já puxa os preços das ações do setor por antecipação. Na BM&FBovespa, as ações das construtoras estão em alta, com Direcional ON ganhando 3,2%, Cyrela ON, 1,32%, MRV ON 2,7% e EzTec ON, 2,68% às 11h45. O Índice do Setor Imobiliário (Imob) da bolsa, que reúne as ações do setor, subia 2,4%.

A expectativa é que as medidas estimulem as companhias voltadas para a baixa e para a alta renda. Segundo os jornais, as medidas incluiriam subir o preço das unidades que podem ser financiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida em 10%, além de subir o teto de renda das famílias de R$ 6.500 para R$ 7.000. “Se confirmado, seria positivo para as construtoras de baixa renda, aumentando a margem do produto e aumentando o escopo de interessados”, diz o banco BTG Pactual.

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No caso das companhias de alta renda, as medidas incluiriam a criação de nova faixa de renda no minha Casa para renda familiar até R$ 9 mil por mês, com financiamento de Taxa Referencial mais juros de 9%, mais baixo que o juro atual, que é de 10% a 12% além da TR.

Distratos devem ter regras

Além das medidas já antecipadas como a elevação dos valores dos imóveis e da renda das famílias elegíveis ao Minha Casa Minha Vida, o governo deve regular a questão dos distratos, pedra no sapato das construtoras nos últimos anos. Hoje não há regras definindo o quanto e de que forma a construtora se compromete a devolver o dinheiro ao comprador que desiste do imóvel, e as questões estão sendo resolvidas pela Justiça, caso a caso.

Os distratos representam um sério problema para as construtoras, que chegam a ter mais de um terço dos imóveis devolvidos antes do fim da construção, comprometendo não só o fluxo de receita como também obrigado a empresa a gastar seu caixa para pagar as indenizações.

A tendência é que o valor retido pela construtora seja fixado com base no que já foi pago, respeitando um limite em relação ao valor total do imóvel, mas não há informações oficiais. As construtoras, por sua vez, defendem que o percentual retido tenha como referência o valor do imóvel, o que seria muito mais alto.

Empresa defende que comprador deve perder tudo

Hoje, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o fundador da Cyrela, Elie Horn, defende que o comprador perca todo o valor aplicado em caso de distrato, e garante que perder pouco não resolve o problema do setor. Os cancelamentos têm forte impacto na receita, no resultado líquido e na geração de caixa das construtoras. Horn afirma que se os distratos não forem regulamentados, o setor não terá como operar.

Segundo ele, quando o caso chega à justiça, o ganho da causa tende a ser do consumidor. Ele observa que o aumento da restrição dos bancos ao crédito nos últimos anos também influenciou no aumento dos distratos, que se tornou o ponto mais crítico em relação ao desempenho operacional das construtoras e incorporadoras.

Refresco para especuladores imobiliários

A discussão é importante, aponta a Guide Investimentos, já que a questão dos distratos foi o fator que mais prejudicou as empresas do setor imobiliário nos últimos anos. Por exemplo, no caso da Cyrela, os valores chegaram a R$ 2,3 bilhões em 2016, e R$ 6,1 bilhões nos últimos três anos.

Estima-se que cerca de 70% dos distritos sejam feitos por especuladores, isto é, investidores que decidem rescindir a compra quando o imóvel não valoriza o esperado, ou outras unidades próximas estão sendo negociadas com desconto, e, desta forma passa a funcionar como se fosse uma opção de compra no mercado de ações. Por isso, o setor defende que sejam instauradas, com urgência, regras mais duras para os cancelamentos.

SFH mais alto

Com as mudanças, o teto dos imóveis que se enquadram no SFH poderia chegar à R$ 1,5 milhão. Há pouco tempo, o teto, nas maiores cidades brasileiras, foi elevado de R$ 750 mil para R$ 950 mil. Seria criada ainda uma linha especial de R$ 500 milhões para ser usada para a compra de estoques prontos nas incorporadoras, em unidades de até R$ 1,5 milhão.

Apostas no setor

O BTG Pactual diz que, se as notícias se confirmarem, a leitura seria positiva e poderia seguir dando sustentabilidade ao setor. “Seguimos apostando e Cyrela e EzTec em alta renda e MRV e Direcional em baixa renda como nossas preferidas, mas entendemos que as companhias mais alavancadas (endividadas) podem se beneficiar mais”, diz o BTG, que conclui que o setor deve reagir bem hoje como um todo.

Para a corretora Coinvalores, as medidas, se forem anunciadas próximas do que vem sendo divulgado pela mídia, são muito favoráveis para o setor, que pode ver o rali de seus papéis em janeiro se repetir no início desse mês.

Para a Guide Investimentos, a criação desta nova faixa do programa Minha Casa, com patamar de renda superior às demais faixas existentes, aumentará o leque de beneficiados. O grande diferencial serão as taxas de juros cobradas, mais baixas, de 9% ao ano, enquanto as taxas dos bancos variam entre 10% e 14% ao ano. “Esperamos uma reação positiva, principalmente das ações da MRV e Direcional”, diz a corretora em relatório.”

http://www.arenadopavini.com.br/acoes-na-arena/expectativa-de-pacote-para-setor-imobiliario-puxa-acoes-de-construtoras

Sobre o autor

A oposição é necessária para avaliar a gestão, mas é importante distinguir entre oposição legítima e politicagem, que busca causar problemas e confundir a população. É preciso ficar atento para não cair nesse jogo manipulador.

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