Série: Corrupção durante a pandemia! Vidas humanas, o que isto importa?
Direto de Brasília-DF
Quando uma pessoa é honesta, a consequência natural é que aquilo que diz tende a ser recebido como verdade.
Os políticos, estranhamente, conseguem burlar essa máxima. Eles vivem de falácias, ou seja, mentem sempre e, ainda assim, seguem sendo acreditados, votados, e em inúmeros casos idolatrados por eleitores.
Como isto se relaciona com corrupção? É que corrupção, ou o ato de romper com a ética existente em determinado sistema de justiça, apesar de ser intrínseca ao ser humano, é uma conduta, ou seja, é uma ação ou omissão consciente e livre, dirigida a determinada fim.
Assim, quando uma pessoa CONSCIENTE (ou seja, não é louca) decide praticar uma ação (fazer alguma coisa) ou uma omissão (deixar de fazer alguma coisa); quando essa mesma pessoa pratica ou se omite de forma LIVRE (ou seja, não foi coagida por uma força maior), então, dizemos que ela está a praticar uma CONDUTA segundo seu LIVRE ARBÍTRIO. Ora, se tal conduta causa qualquer espécie de prejuízo à alguém, qual deve ser a consequência para esse infrator?
Pergunto: causas cujas consequências são lesivas, danosas, prejudiciais à alguém devem ser atribuídas a quem as causou, se estava consciente do que fazia e no momento da ação ou omissão era livre para tomar a decisão de fazer ou não fazer?
Em Brasília, capital do Brasil, certa vez uma família que visitava o zoológico se descuidou e um menino de 13 anos caíu no poço das ariranhas. Um sargento da PM que viu o fato se lançou no poço e salvou o garoto, mas terminou morrendo em consequência de tantas mordidas que recebeu das ariranhas.
Recentemente o Correio Braziliense renarrou os fatos, porém sob o viés da corrupção. Leia abaixo, trechinhos da matéria publicada em 02.02.2018, por Otávio Augusto:
“Menino salvo de ataque de ariranhas em 1977 é alvo de operação da PF.
Menino salvo de ariranhas no Zoológico de Brasília se tornou alvo de investigação da Polícia Federal. Ele é suspeito causar um rombo de R$ 6 bilhões no fundo de pensão dos funcionários dos Correios
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Há 40 anos, Brasília ficou em choque pela morte do sargento do Exército Sílvio Delmar Holenbach, então com 33 anos. Após três dias de agonia no Hospital das Forças Armadas (HFA), o militar não resistiu às mais de 100 mordidas que levou das ariranhas do zoológico. Os animais o atacaram enquanto ele tentava salvar o menino Adilson, à época com 13 anos.
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Um dos alvos da Polícia Federal na investigação que apura um rombo de R$ 6 bilhões no fundo de pensão dos funcionários dos Correios é Adilson Florêncio da Costa ; o menino resgatado aos 13 anos pelo sargento Sílvio Delmar Hollenbach, que, em 27 de agosto de 1977, se jogou no tanque das ariranhas para salvá-lo no Jardim Zoológico de Brasília.
Essa é a segunda vez que os investigadores miram em Adilson. Ele foi preso em junho de 2016, por supostamente integrar um esquema que desviou R$ 90 milhões do Postalis e da Petros, os fundos de pensão dos funcionários dos Correios e da Petrobras. Adilson é ex-diretor financeiro da Postalis.
(…)
O garoto salvo das ariranhas tornou-se importante interlocutor político. Apadrinhado de caciques do PMDB, Adilson, 54 anos, chegou à direção financeira do Postalis. Após aprovar o investimento do Postalis em debêntures do falido grupo Galileo Educacional ; instituição mantenedora da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), ambas no Rio de Janeiro; tornou-se alvo de investigação.”
Pois, bem! Que adiantaria chegar para as ariranhas e repreendê-las, algemá-las, leva-las ao cárcere, submetê-las perante um juiz, por mais que o “jugamento das ariranhas” gerasse manchetes para alimentar a mídia que engorda com notícias espalhafatosas?
Provavelmente, no tribunal do júri, a acusação (o promotor) teria de perguntar àquele grupo de ariranhas, algemadas, “cabisbaixas”, sentadas no banco dos réus: vossas senhorias estão conscientes que vossas mordidas foram a causa que teve como consequência, a morte do sargento Sílvio Delmar Hollenbach?
E, vossas senhorias ariranhas estão cientes que não foram coagidas, ou seja, forçadas a tentar comer o sargento, e que estavam LIVRES para decidir se comiam aquele ser humano dos pés até à cabeça, com suas mordidas vorazes? Aonde estava vossa humanidade, oh, famintas e insaciáveis ariranhas?
Talvez você esteja dizendo que as indagações que faço acima não fazem o menor sentido, já que ariranhas não são pessoas, mas, animais(apesar de vivermos em tempos de coisificação do humano e humanização de coisas e animais); já que na condição de seres de raciocínio tão ínfimo não são puníveis segundo nossos critérios humanos, e que mesmo que pegassem prisão perpétua, cadeira elétrica, ou fossem condenadas a morrer por injeção letal, elas não entenderiam a punição.
Mas, e quanto aos políticos que possuem raciocínio tão perspicaz, tão agudos em esperteza; que são os maiores mestres das falácias? O que dizer de políticos que são gênios em aplicar truques engenhosos por meio de inúmeros esquemas de corrupção (no Brasil a cada mês são vários deles)?
Como justificar a impunidade de políticos que se organizam em agremiações e partidos com estratégias engenhosas, inclusive legais, que fazem com que o partido receba milhões e milhões do mesmo dinheiro cuja outra parte será desviada da saúde, das escolas, das moradias que deveriam ser construídas para o povo, da segurança que nos falta ao andar nas ruas de nossas cidades?
As perguntas foram longas? Mas, e seu raciocínio, sua disposição para pensar sobre elas, também será longa, ou nem quer ter esse trabalho, já que se considera um sábio dentre os mesmos que há 521 anos de descobrimento do Brasil, seguem sendo enganados por falácias politicas e esquemas de corrupção praticados por pessoas conscientes e livres e que seguem sendo beneficiadas pelos votos da impunidade?
Quarta-feira, o próximo episódio.
Atendendo a pedidos aos sábados publicarei o episódio traduzido ao inglês.
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