#JABOATÃODOSGUARARAPESÉFOCO DR JUDIVAN VIEIRA

ENTREVISTA COM DANIEL PAES, DIRETO DE MONTREAL-CANADÁ

Direto de Montreal, Quebec-Canadá

 

Tecnologia da informação (TI) é conceituada como o uso de qualquer computador, armazenamento, rede e outros dispositivos físicos, infraestrutura e processos para criar, processar, armazenar, proteger e trocar todas as formas de dados eletrônicos com uso vinculado ao contexto de operações corporativas, em oposição a tecnologias pessoais ou de entretenimento.

Hoje entrevisto, diretamente de Montreal, província do Quebec-Canadá,  DANIEL PAES,  Arquiteto corporativo em qualidade de dados na empresa Collibra.

Tenho certeza que a entrevista lança mais algumas luzes sobre a disputa cada vez mais ferrenha por empregos no Mercado de Trabalho cada vez mais exigente, ou para quem deseja ter seu próprio negócio.

 

JUDIVAN VIEIRA:  Descreva a duração do curso de TI, e em resumo quais e quantas especializações um estudante pode eleger para se suceder bem nesse Mercado de Trabalho.

DANIEL PAES: Os cursos de bacharel podem levar entre 4 a 5 anos, enquanto tem instituições  nas quais um curso profissionalizante leva somente 2 anos e meio a 3 anos.

Sou bacharel em análise de sistemas pela Universidade Estácio de Sá, e não  possuo nenhuma especialização  acadêmica. Entretanto, nessa área o que tem peso maior são as certificações  de ferramentas.

 

JV:  O que um leigo pode entender como característica e comportamento de um software?

DP: Falando do Instagram, por exemplo: é um software para integrações  sociais permitindo o fácil  compartilhamento de curtos vídeos e imagens com pequenos textos descritivos, enquanto que seu comportamento é estar sempre monitorando seus contatos para lhe oferecer sugestões  de amizades assim como estar sempre lhe mandando sugestões  de conteúdos  voltadas em assuntos previamente vistos.

 

JUDIVAN VIEIRA:  Há inúmeros estudantes que escolhem se graduar em uma faculdade ou universidade somente para ter um diploma de nível superior. Como foi seu processo pessoal de escolha pela TI como profissão?

 DANIEL PAES: Procurei uma faculdade privada pois queria ter a possibilidade de trabalhar enquanto estudava. Segundo relatos de amigos da época ser estudante de uma faculdade publica demandaria um tempo e comprometimentos extra curriculares que iam fora do que era lecionado em aula.  

 

JV:  Há cursos de formação técnica com duração inferior a três anos que um estudante concluinte do nível secundário de ensino possa fazer e com ele ter boas chances de ser contratado por grandes empresas no Brasil e no exterior?

DP: Acredito que uma graduação  de uma faculdade de renome pode abrir algumas portas em empresas mais tradicionais como bancos e/ou prestadores de serviços  com clientes governamentais, por exemplo.

Com relação  a vagas no exterior não  vejo essa preocupação  dos meus últimos  empregadores. As tecnologias utilizadas me permitem uma maior facilidade no meu deslocamento, com isso sempre tive como foco a possibilidade de trabalhar em diferentes cidades. Além do fato de estar sempre aprendendo coisas novas com maior frequência  que em outras áreas. 

 

 JV: O que significa, e o quê o fez escolher ser um  “Arquiteto corporativo em qualidade de dados”?

DP: Então , essa é  fácil , eu não  escolhi hahaha. Os cargos em TI acompanham a velocidade nas quais você absorve novas tecnologias. O que sempre dei preferencia foi em continuar trabalhando em vagas que são  consideradas “técnicas”. Muitos amigos preferiram ir para gestão, mas vai de cada um.

 

JV:  Quando concluiu seu curso em TI encontrou emprego de imediato ou passou pelas rejeições tradicionais de empresas que negam o primeiro emprego, exigindo experiência de quem não recebe oportunidade para trabalhar?

DP: Graças  à integração  da minha Universidade com órgãos  governamentais que auxiliam na procura do primeiro estagio (CIEE) não  tive tanta dificuldade.

Entretanto, por mais que meus amigos das universidades públicas não  tinham tempo para trabalhar eles recebiam vagas muito mais atraentes que as minhas.

 

JV:  Por falar em estágio, que conselhos dá para quem está nesta fase e sobretudo para quem acabou de entrar no curso de TI? É aconselhável procurar estágio já no primeiro semestre ou melhor buscar emprego enquanto estuda?

DP: Acho que o estágio pode ensinar bastante se feito corretamente. Infelizmente minha experiência não  foi tão satisfatória  assim. Eu tenho me encontrado numa área que nem tinha conhecido na minha graduação.

 

JV:  A demanda por TI proporciona emprego em todo e qualquer setor da economia, ou seja, um profissional de TI pode trabalhar no setor privado, público e terceiro setor?

DP: Sem duvida.

 

JV:  Você enxerga um cenário em futuro próximo ou distante em que a TI deixe de ser uma profissão de alto consumo pelo mercado de trabalho, ou a tendência é que ela siga devorando e absorvendo outras profissões como já vem fazendo com ramos tradicionais como mídia impressa, editoras de livros e impressos, gráficos, atendentes bancários tais como caixas, gerentes, balconistas em geral, e etc.?

DP: Eu diria que a sua segunda colocação  ocorrerá por consequência  da sua primeira afirmação dado sua linha de raciocínio. Não que eu concorde totalmente como foi dito, mas uma coisa que se confunde com TI é que ela sempre é um meio.

A velocidade insana na qual estamos atualmente estamos consumindo e criando informação é impressionante. Muitas vagas não  são  absorvidas, mas sim melhoradas. O grande problema é que, infelizmente, muitos profissionais são  perdidos por não  conseguirem se adaptar (como disse antes, TI sempre está em mudança).

 

JV:   Em sua concepção o profissional de TI é devidamente “valorizado” pela mentalidade do Mercado de Trabalho brasileiro?

DP: Nem de perto! Tem vagas brasileiras que são “Cômicas  se não  fossem trágicas”. Muitas empresas brasileiras parecem que procuram alguns termos no Google e colocam como requerimento de trabalho sem nem ter como avaliar o candidato corretamente. 

 

JV:  O Brasil perde muitos profissionais de TI anualmente para outros países? Por que tantos profissionais de TI optam por deixar a zona de conforto de viver em um país tão promissor quanto o Brasil e preferem imigrar?

DP: Pessoalmente não  acho que o Brasil seja promissor no ramo da tecnologia, mesmo que hoje existam com maior abundância  excelentes empresas e “startups”. Entretanto, no meu percurso profissional entendo que não compensa permanecer no Brasil por melhores que sejam os contratos, nem financeiramente nem tampouco por motivos de aprendizado.

 

JV:  Dá pra dizer que a TI é o “paraíso” das profissões modernas?

DP: Hahahaha! alguns amigos meus dizem isso… Tem tempo que não  consigo dizer ao certo o que isso significa, mas com certeza não  me vejo fazendo outra coisa.

 

JV: É possível dizer que a TI permita trabalhar de qualquer lugar para qualquer lugar, mudar para excelentes países ou viver viajando e trabalhando de qualquer ponto geográfico,  sem deixar cair a qualidade do trabalho e sem o empregador se ressentir da presença do profissional?

DP: Depende do empregador. Empresas grandes normalmente têm tendência de querer ver o funcionário  trabalhando (ou qualquer empresa na qual trabalhei ou fiz negócios  no Brasil).

Dependendo das legislações  do destino escolhido, muitas empresas sempre preferem estar ao menos no mesmo fuso horário  (ou pedem para trabalhar no fuso horário  determinado). 

 

JV:  O que te levou a optar por deixar o Brasil e trabalhar no exterior. Foi a quantidade, qualidade das vagas em TI, e salário ou os fatores de desenvolvimento social e econômico do Brasil?

DP: Escolha pessoal. Mas digo que nada relacionado ao trabalho/carreira/ falta de oportunidades.

 

JV:  Se você fosse entrar hoje na faculdade ou universidade para recomeçar sua vida estudantil de preparação para o Mercado de Trabalho, e considerando o conhecimento, experiência prática e valorização que já adquiriu, escolheria TI outra vez?

DP: Claro! Como disse, não  me vejo em outra área. 

 

JV:  Se você estivesse diante de uma plateia de jovens recém saídos do nível secundário e pudesse dar um conselho sobre o mercado de TI, o que diria?

DP: Fique confortável  em ler textos em inglês. Não  precisa ter uma certificação  no idioma (Tal como IELTS), mas seja confortável  em entender expressões  do dia a dia, além de o “Inglês  técnico” encontrado em artigos mais profundos sobre alguns assuntos. Grande parte das ferramentas desenvolvidas vêm de países  de língua inglesa.

 

JV:  Se estivesse diante de uma plateia de profissionais brasileiros de TI, que desejam imigrar para um mercado exterior que conselhos daria?

DP: Sempre tem espaço  para quem trabalha bem. Não  que precise fazer horas extras ou ficar semanas sem ver a luz do dia. Dificilmente tenho visto isso. Esteja preparado para descer uns degraus  para poder reconquistar seu espaço  (mas não  se permita ficar muito tempo nesse estágio passageiro, muita gente para nele pelo que tenho visto). 

 

JV: Você pode explicar a importância de estudar outros idiomas, para quem deseja imigrar e trabalhar com TI, no exterior?

DP: Não  tem como você trabalhar com TI no Brasil sem português, correto? Com seus clientes falando o idioma local, se você não  aprender a se comunicar nesse idioma isso vira um fator negativo para seu currículo e te deixa menos atrativo. Por consequência,  muitas empresas optam pelos profissionais que não  têm esse limitador, ao menos pela minha experiência, mas sei que cada caso é um caso.

 

JV:  Mesmo vivendo cercado por países de língua castelhana no Brasil chega quase a ser considerada “falta de educação” falar outro idioma com um colega estando próximo a outros brasileiros, porque a pessoa se sente “ofendida” e taxa quem está falando de pedante ou arrogante. Havendo viajado pelo mundo e trabalhando entre pessoas que falam no mínimo dois idiomas, como você enxerga essa forma brasileira de pensar?

DP: Curiosa no mínimo! Sempre que tive dificuldades em me expressar em outro idioma sempre fui bem acolhido pelos locais, tendo bastante paciência  e me dizendo onde estava errando no intuito de me ajudar na minha integração  (ou pelo menos para que a mensagem que eu queria passar estivesse sendo entregue corretamente).

 

JV: O que você recomenda aos estudantes ou mesmo aos que já terminaram seus estudos e ainda estão à procura da profissão que lhes dê um mínimo de dignidade social?

DP: Tem bastante vagas, mas nem sempre é para todos. Tive colegas que largaram a área pelo simples fato de não  se adequarem à forma que temos que trabalhar com alguns clientes. Tenha paciência  com alguns conceitos e não  tenha problemas em ter que reavaliar suas escolhas mesmo que dentro da área varias vezes.

 

JV:  Parabéns por sua trajetória e muito obrigado pela entrevista, Daniel. Tenho certeza que será luz para alguns.

DP: Um prazer e um forte abraço!

 

 

Se deseja saber mais sobre a empresa Collibra, eis o link:

https://www.collibra.com/us/en

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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