Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, empresas mostram que é possível combinar a geração de lucro e compromisso socioambiental
Ao instituir o 05 de junho como Dia Mundial do Meio Ambiente, a ONU buscava encorajar ações em todo o planeta em prol da proteção dos recursos naturais. A partir das contemporâneas e constantes transformações do mercado, com consequente aumento do poder de interferência do consumidor nas realidades empresariais, a discussão sobre empreendedorismo sustentável torna-se pertinente. É nesse contexto que surgem novas modalidades empresariais e formas de conduzir negócios, considerando igualmente importantes o bem-estar social, a sustentabilidade e a geração de lucros.
De acordo com pesquisa feita pelo Ibope, 70% das pessoas entrevistadas aceitam pagar mais caro por produtos e serviços que não causam grandes impactos na natureza. “As empresas precisam abandonar certas práticas do passado, quando consideravam desnecessário se preocupar com questões socioambientais. Hoje, todas os empreendedores devem atuar, em alguma instância, grande ou pequena, na preservação dos recursos naturais do nosso planeta. Desde um microempreendedor individual (MEI) até uma grande empresa, todos podem fazer, em suas medidas, ações de grande impacto. E essa não é apenas uma obrigação humana, é também uma oportunidade de mercado que cresce e aumenta a competitividade das empresas. As marcas atentas à mudança do perfil do consumidor, que agora valoriza as empresas que pensam como ele e se preocupam com os impactos socioambientais, saem na frente”, afirma Adriana Côrte Real, diretora de administração e finanças do Sebrae em Pernambuco.
Em Pernambuco, a MRV Engenharia mantém sistemas de economia e reaproveitamento de água. Nas construções, é feita a captação de água da chuva, que é filtrada e redirecionada para vários usos, inclusive para irrigação de uma horta orgânica mantida pelos funcionários. Já nos apartamentos, são utilizados redutores e arejadores, que diminuem a vazão de água nas torneiras e bacias sanitárias. Além disso, os empreendimentos da construtora contam com energia fotovoltaica – que transforma energia solar em energia elétrica – o que, além de reduzir os impactos ambientais, chega a gerar uma economia de 80% na conta de luz. A meta da MRV em 2019 é lançar 100 empreendimentos com sistema de energia solar. Até 2022, o sistema deve estar em todos os novos projetos, em um investimento de R$ 800 milhões.
Sustentabilidade e impacto socioambiental são também palavras de ordem no Summerville Beach Resort, que fica em Porto de Galinhas, no literal sul pernambucano. O uso de energia solar e eólica, reciclagem e redução de embalagens descartáveis, por exemplo, fizeram com que o resort se tornasse o primeiro sustentável do Nordeste. A economia na conta de energia do Summerville por utilizar captação de energia renovável fica em torno de 30%. Dentre demais ações do Summerville, as lâmpadas comuns foram substituídas por LED, uma alternativa não poluente. As garrafas de água mineral também foram substituídas por jarras grandes de vidro. Já as latas de refrigerante são trocadas pelo uso de equipamentos automáticos e os canudos biodegradáveis foram adotados.
As pequenas empresas também andam engajadas no crescimento sustentável. Uma pesquisa feita no ano passado pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), localizado em Cuiabá, confirmou que o tópico entrou de vez na pauta dos pequenos. O levantamento realizado com quase 2 mil empresas sustentáveis indicou que 97% dos entrevistados já substituíram lâmpadas incandescentes por fluorescentes econômicas e LED; 74% possuem horários definidos para ligar e desligar equipamentos e 68% trocaram equipamentos ou maquinários por outros mais eficientes. Quanto ao uso da água, 60% dos entrevistados declaram ter alguma prática para economizar esse recurso.
Foi assim com a lavanderia de jeans Mamute, localizada em Toritama, no Agreste de Pernambuco. O clima e a escassez de chuvas da região foi fator decisivo para que a empresa adotasse práticas e tecnologias de consumo racional da água, garantindo sustentabilidade ambiental e econômica. A lavanderia chegava a gastar 120 litros de água por peça e, em um primeiro momento, apenas identificando e consertando vazamentos e reduzindo o número de enxagues, conseguiu diminuir o consumo para 70 litros por unidade. Esse consumo foi ainda menor, passando para 49 litros, após a instalação de um sistema de reuso de efluente, que reutiliza a água em atividades nas quais a potabilidade não é necessária. “Hoje, podemos dizer que temos um dos menores consumos de água por peça de todo o Brasil”, destaca Edilson Tavares, proprietário da Mamute.
Por: Pedro Jordão – Dupla Comunicação
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