Direto de Madri/Espanha.
Uma linha de tempo do processo educativo e de ensino hebraico
Por todo o tempo que variou entre o ano 930 a.C. até o cativeiro babilônico(atual Iraque) que durou de 609 até 584 a.C., o processo educativo e de ensino hebraico estará fundamentado no “culto doméstico”, ou seja, no ensino do livro sagrado (Torá) no seio da família.
Para o processo de ensino não havia escolas no sentido tradicional, como havia para egípcios, gregos, romanos, caldeus, etc.
O processo de ensino naquela sociedade teocrática era um simples subproduto do processo de educação cujas bases eram:
1 – Ser instruído na sabedoria prática;
2 – Aprender a honrar pais e anciãos;
3 – Estudo dos Salmos (literatura poética);
4 – Estudo da História do povo hebraico.
Foi a deportação para o cativeiro babilônico que fez surgir a SINAGOGA. Esta, além de lugar de culto tornar-se-á escola na qual MENINOS serão ensinados a ler e escrever os mandamentos e comandos da Torá, inclusive durante a volta do povo hebraico para reconstruir Jerusalém durante o Império Medo-Persa, no reinado do rei Artaxerxes entre 465 e 424 a.C., conforme registra o livro de Neemias.
Penso que Neemias é um dos livros mais fascinantes de planejamento e estratégia que alguém pode ler. Há uma passagem nele que me fascina. Quando Gesem, Sambalate e Tobias, três dos inimigos do projeto que Neemias tinha para atingimento de suas metas e realização de seus sonhos(a reconstrução do templo) lhe enviaram emissários convidando-os para a “aproveitar a night”, tudo com o propósito de desvia-lo de seu trabalho, Neemias mandou resposta dizendo: – Por que iria eu ter convosco? Eis que estou a fazer uma grande obra!!!
Em 334 a.C., o Império Medo-Persa sucumbiu para Alexandre “O Grande” e começa a grande luta do povo hebraico para evitar a helenização de seu processo educativo, com toda a influência dos filósofos gregos e suas dúvidas sobre tudo e todos.O povo hebreu (o que sobrou do Reino do Sul) seguia tentando se misturar o mínimo possível com os povos pagãos.
Alexandre expande seus domínios de forma assombrosa para um general tão novo. Mas, como tudo passa, após sua morte em 325 a.C., surgem grandes conflitos com os generais de seu exército para controlar o espólio de seu império.
Desse momento em diante a luta do povo hebraico para preservar sua identidade jamais deixará de existir, inclusive quando da diáspora que virá a ocorrer entre o ano 57 a 70 d.C., mas sobre isto falamos depois.
Na palestina, que era terra dos judeus, Antíoco IV, conhecido historicamente por Epifano(rei da Síria desde 175 a 164 a.C), vai infernizar o povo hebreu com as seguintes determinações:
a) Manda sacrificar um porco no templo, que era lugar sagrado para a religião hebraica;
b) Proíbe o ritual da circuncisão;
c) Proíbe guardar o dia de sábado, mandamento que era parte do culto sagrado; e
d) Determina que a população pagã tente se misturar ao máximo com os hebreus para casar e corromper sua crença.
Nesta época ocorrerá a famosa revolta de Judas Macabeus, chamado também de Judas “O Martelo”. De fato, por volta de 164 a.C, Judas “The Hammer” vencerá a revolução e suas ideias anti-helenização vigerão até o ano 64 a.C.
No ano de 64 a.C., Pompeu(não confunda este com o general de Alexandre que alavancou o sucesso da cidade de Alexandria, no Egito) seu exército para acabar com o poder do Sinédrio Judaico(uma espécie de Senado formado por escribas, anciãos e sacerdotes) que permanecerá exercendo suas funções mas sem qualquer reconhecimento oficial da República ou do Império Romano.
Por volta do ano 60 a.C., Júlio César, Crasso e Pompeu já eram os governantes da grande república romana, da qual o território judaico era um protetorado rebelde, que não abria mão de um processo educativo próprio no qual imperava, segundo Thomas Giles:
a) Anos de intensa instrução na Lei;
b) Observância estrita de rituais religiosos(páscoa, pro exemplo);
c) Interpretações jurídicas minuciosas de como viver a religião, observar o sábado, sacrificar os animais em culto, etc.
Passaram séculos e as instituições do processo educativo variaram pouco, mantendo-se a família e a sinagoga como seus fundamentos e tendo como conteúdo curricular a Lei e suas interpretações.
Continua…