Obra tem roteiro e direção de estudantes universitárias
Quem já foi a alguma apresentação de balé provavelmente deve ter percebido que a quantidade de mulheres que praticam a dança é muito superior que a de homens. Essa observação inquietava Tatiane Ferr, estudante de Rádio e TV do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), que fotografa bailarinos e bailarinas desde 2013. Quando, ao longo do curso, surgiu a oportunidade de desenvolver um documentário, ela decidiu transformar a inquietação em filme e assim surgiu “Tangível Ballet”, obra que será exibida nesta sexta-feira (07), a partir das 18h30, no Cinema São Luiz como parte da programação do Festival de Curtas de Pernambuco (FestCine).
O documentário, co-dirigido e co-roteirizado por Tatiane Ferr e Ana Gabriela, traz depoimentos, ensaios e apresentações realizadas pelos bailarinos. Para a câmera, os dançarinos falam sobre a ligação que eles sentem com o balé, o que a dança significa para eles e também sobre a questão do preconceito. De acordo com Tatiane, o caminho para a realização do filme começou no primeiro semestre do ano passado. “Foi durante uma disciplina de produção de documentário que resolvemos colocar a ideia em prática. Iniciamos o desenvolvimento do roteiro e nesse momento também começamos a procurar personagens.” A realizadora afirma que a recepção sobre a ideia no meio da dança foi muito positiva. “É uma questão que também incomoda quem dança. O balé é uma arte convidativa para a participação masculina, mas isso não é algo encorajado pela nossa sociedade.”
Por se tratar de um grupo relativamente pequeno de pessoas, o documentário também aborda sobre como os bailarinos procuram apoiar uns aos outros, principalmente em momentos difíceis. Em certo momento do filme, um dos entrevistados fala de sua preocupação com alguns dos garotos que pensam em desistir da dança por conta do bullying que sofrem na escola, aturando agressões que podem resultar em danos psicológicos graves. Há também a questão da homofobia. “Não vejo preconceito entre as pessoas que fazem balé”, diz Tatiane, “é mais com quem observa de fora.” “As pessoas precisam enxergar que é normal um homem fazer balé ou qualquer outro tipo de dança. O mesmo vale para a sexualidade. Não é algo que vai diminuir o valor de um ser humano. Existem bailarinos de diferentes idades, perfis e orientações sexuais.”
A seleção do filme para o FestCine deixou as realizadoras animadas para os próximos projetos. As duas já e estão em fase de preparação para as filmagens do próximo curta-metragem, que dessa vez será uma história de ficção. “Vamos fazer uma adaptação literária”, adianta Tatiane.