DR JUDIVAN VIEIRA

DIÁRIO DE BORDO. ANO 2020. DIRETO DE UMA ESCOLA DA CIDADE DE TAGUATINGA-DF/BRASIL. PLANETA TERRA TOMADO PELA PANDEMIA DA COVID-19. A ALUNA, SOPHIA BITTENCOURT: REGISTRO DE BORDO – 1

Direto de Taguatinga-DF/Brasil.

 

Segunda-Feira, 10 de agosto de 2020.

O dia começa bem cedo na dinâmica familiar. Meus pais assumem seus papeis, meus irmãos seguem seus rumos, e eu me preparo para as aulas. Afinal, este é meu último ano de ensino médio e quero terminar os estudos, e dar o próximo passo em minha vida.

Penso, comigo, que o mais importante neste momento como estudante “online” é poder compreender os assuntos passados em meio à pandemia do atual Coronavírus e adaptar-me a essa nova realidade do processo de educação e ensino, remotos.

Segunda-feira, geralmente, muitos professores não comparecem às aulas, a ser ministrada pelo Google Meet, a plataforma remota utilizada pela escola. De três matérias, tive uma aula e as outras duas foram através de questionários “online”, e vídeos para aprendizagem dos demais conteúdos.

Logo às 8 horas, a coordenação passará as informações sobre como ocorrerá o segundo bimestre. Aguardo com certa ansiedade. Os outros avisos são passados no grupo com os representantes de cada sala. Esses representantes se encarregam de encaminhar todos os avisos as suas respectivas turmas.

Chega a hora das aulas, mas, na verdade, o tempo passa, e passa e, ao final do turno, a única aula lecionada foi a de Matemática.  Para remediar um pouco, fico feliz porque não ocorreu problemas relacionados a iluminação ou som, na transmissão da aula. Mas, muitos estudantes não abrem o microfone em seus equipamentos(celular, computador, etc) e somente o do professor fica prioritariamente aberto.

A única aula deste dia transcorre bem. Felizmente, o professor se saí muito bem. Ademais, já se passam meses que ele usa esse sistema virtual e as primeiras dificuldades foram quase totalmente difundidas e dirimidas, por alguns professores.

Termino a aula e sinto que tenho que correr contra o tempo. O ensino deixa muitas lacunas e preciso me preparar para as provas finais. Sei que todo ensino tem de ser complementado pelo aluno com interesse em se preparar para o mercado de trabalho e para a vida, mas as lacunas que o ensino médio segue deixando também deve ser creditado a alguns profissionais da educação e ensino, que não desempenham bem seu papel. Não sei se pensam só no salário que ganham, não sei se estão sobrecarregados com problemas pessoais, da escola, da secretaria de educação ou do governo. O que sei é que se há alunos que não cumprem seu papel, há profissionais de ensino que também não cumprem o seu. Essa balança precisa ser equilibrada. Registro isto em meu DIÁRIO DE BORDO, sem saber o que mudará. Estou terminando o ensino médio sabendo que o próximo passo obrigatório é entrar no mercado de trabalho. Como responderei a isto com tantas lacunas deixadas nesses anos de ensino/aprendizagem? Hoje estou sem resposta para essas perguntas. Vou seguir adiante. Falta muito para terminar meu dia…

 

Terça-Feira, 11 de agosto.

Quase sempre lembro do prédio físico da escola, das  vozes conhecidas e desconhecidas em sala, e pelo pátio. Essa realidade não volta mais! Pelo menos para mim, que estou me formando neste ano de pandemia.

Ontem professores faltaram. Hoje não tive aulas pelo Google Meet — serviço de comunicação por vídeo desenvolvido pelo Google — plataforma que estamos utilizando como nossas salas de aula virtuais. Ocorreu que nas matérias de sociologia, artes e geografia, seguindo o meu horário escolar, tivemos alguns impasses, envolvendo questões humanas e tecnológicas.

Como para alguns professores a didática a ser empregada nas aulas virtuais ainda está um pouco complicada, muitos optam por colocar atividades na plataforma. Ou seja, postam vídeos de outras pessoas e não vídeos que eles mesmo criaram, ainda que referentes às questões relativas às suas  disciplinas.

Esses mesmos professores, às vezes, marcam algum dia para o encontro virtual com o intuito de serem retiradas as respectivas dúvidas que os vídeos deixam. No entanto, eventualmente, não há o comprometimento de todos no que tange à retirada das dúvidas, ficando assim só na teoria e não, na prática. Além disto, há a constante difusão de vídeos metodológicos de professores diversos. Fico me perguntando o porquê desses vídeos metodológicos de outros professores. O que querem é que nós alunos aprendamos como aprender, ou isto é uma técnica para transferir a responsabilidade de ensinar? Penso, comigo, que essa técnica salva o tempo de alguns professores, mas condena o futuro de alguns alunos…

Outra vez, vou seguir em busca de alguma complementação. Estou cansada e um pouco sobrecarregada neste ano de formatura. São muitos os pensamentos. Meu dia, segue longe de acabar. Ainda tenho as aulas de francês, que faço complementarmente. Sei que tenho que ir em frente, e vou. Espero que amanhã haja aula e que sejam proveitosas…

 

Quarta-Feira, 12 de agosto.

Acordo por volta das seis e trinta da manhã. Os dois dias anteriores foram um pouco desanimadores. Chegou a metade da semana. As matérias programadas para hoje são: geografia, educação física e matemática. Vejamos o que acontecerá…

Hora da aula. Entro na sala de aula virtual. Espero. Fico sabendo que hoje teremos apenas reunião “online” e aula de geografia.

Na reunião “online” é apresentado o potencial de serem criadas as diversas turmas, distribuir as tarefas para os alunos, gerar as notas por trabalhos e provas, e, também, de criar um aplicativo com alcance para resolver todas essas questões. Outra vez estamos focados em problemas que nada têm a ver com o conteúdo do aprendizado que precisamos para ingressar na faculdade ou no mercado de trabalho…

Das demais matérias foram passados exercícios pela Sala de Aula — outra plataforma virtual onde são organizadas e gerenciadas as aulas.

Teve apenas a aula de Geografia. Quem não vive esse dia-a-dia das escolas imagina ou não imagina coisa alguma, mas, o fato é que a realidade é um pouco confusa. Na aula de Geografia, não houve qualquer problema, seja com som, desenvoltura da professora, iluminação, pois a lecionadora utiliza o diapositivo e explica super bem sobre o conteúdo do dia.

Entretanto, o tempo é um empecilho para conseguir passar toda a matéria, pois, houve um remodulamento do cronograma, abrangendo grande parte das escolas, determinando quarenta e cinco minutos, no máximo uma hora, para cada matéria escolar.

Em geografia a professora sempre faz apresentações por “slides”, não sendo diferente de como era presencialmente, mas por conta do tempo acaba não sendo tão proveitosa a aula, tendo em vista que é apenas uma vez por semana o encontro pelo “Google Meet”.

Já se foram três dias úteis de aula. Fico questionando o termo “úteis”… Resta esperar que amanhã seja melhor!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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