Ser voluntário requer entrega – é doar a si mesmo sem esperar nada em troca, é a ajuda em sua forma mais nobre. Como um meio de reconhecer essas ações, nesta quarta-feira (28) é comemorado o Dia do Voluntário, data celebrada desde 1985 com o objetivo de valorizar o trabalho realizado de forma voluntária, além de sensibilizar a população na missão de conseguir novos colaboradores solidários. Para lembrar a data, o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) promoveu uma manhã diferenciada com a atuação direta da Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer, composta por quase 300 voluntários que dedicam tempo e carinho aos pacientes, acompanhantes e funcionários do HCP.
No hall externo do hospital, localizado no bairro de Santo Amaro, região central do Recife, não faltou animação – voluntários e pacientes dançaram, lancharam e compartilharam histórias. Quem está à frente de todo o cuidado da Rede Feminina é Maria da Paz. Com 62 anos, Da Paz, como é conhecida, já está no segundo mandato presidencial da rede, totalizando 12 anos de dedicação. Para ela, o dia é de gratidão. “Nós aproveitamos este dia para expressar nossa gratidão a Deus pela oportunidade que ele nos dá”, conta. A voluntária quer que os outros percebam a vida como ela: “Quero motivar as pessoas a verem que a vida da gente passa a ter mais sentido no momento em que a gente abraça uma causa. A gente passa a ver a vida com a beleza que ela realmente tem”.
A entrada de Maria da Paz no voluntariado aconteceu pela dor, quando o pai recebeu diagnóstico de câncer. “Me disseram que ele teria, no máximo, dois meses de vida, e vi que, por ele, eu não podia fazer muito, mas que tinha uma gama de pessoas que precisavam da minha ajuda”. Depois disso, o amor pelo voluntariado só cresceu.
Os voluntários da Rede Feminina Estadual de Combate ao Câncer têm idades e ocupações distintas, muitos trabalham ou estudam e precisam adequar a rotina para cumprir os horários na instituição. Ana Paula Vasconcelos, 47, é uma dessas pessoas. Novata no voluntariado, a mulher trabalha há um mês no setor de Pediatria toda segunda-feira. Quando não está no hospital, o universo é outro – arquiteta, Ana Paula trabalha em uma fábrica de móveis projetados e também confecciona projetos arquitetônicos próprios.
“Eu divido meu tempo, organizei minha para vida para me dedicar três dias à fábrica; os outros dias, à arquitetura; e a segunda-feira de manhã eu separo e me dedico apenas a esse projeto”, conta. Ana Paula enxerga o trabalho voluntário como um combustível que alegra toda a semana. “Para mim é como se fosse um alimento, é uma energia, eu me abasteço com esses sorrisos com esses carinhos”, afirma.
Alguns voluntários estão na instituição há anos e se dedicam exclusivamente à instituição. É o caso de Maria Luiza Rodrigues, de 46 anos, que passou metade da vida no HCP. A mulher ingressou como paciente, mas foi cativada pelo amor das voluntárias na hora de receber os cuidados. Em meio ao próprios cuidados e a 28 cirurgias, Luiza trabalha no ambulatório de mama e é muito querida por todos. Recentemente, ao descobrir um nódulo no seio, a mulher não se sentiu desestimulada e quis continuar com o trabalho voluntário enquanto se cuida. “É me cuidando e trabalhando, eu amo o que faço, eu não me vejo sem me ver sem estar neste hospital, dando amor aos pacientes”, diz.
Fonte: Folha PE
Foto: Caio Danyalgil/ Folha de Pernambuco