Comemorada nesta quinta-feira (15), data convoca os homens a refletirem sobre a saúde física e mental
Conscientizar a população masculina sobre os cuidados com a saúde física e mental. Esse é o objetivo do Dia do Homem, data comemorada nacionalmente nesta quinta-feira (15). Os estereótipos de masculinidade, do ser forte e infalível, tendem a afetar o comportamento dos homens em relação às suas emoções, frente a situações de perda, como explica a especialista do luto, Simône Lira.
“A expectativa que a sociedade coloca de que o homem precisa ser forte a todo tempo é danosa. Para atender essas expectativas no processo do luto, eles podem acabar segurando alguns sentimentos que poderiam ser colocados para fora, tornando o momento ainda mais difícil e trazendo mais sofrimento”, afirma.
Os processos de perda e luto independem de gênero. Como na morte de um filho, pai e mãe sofrem cada um ao seu modo. A expectativa apontada é aquela que promove pensamentos como “só uma mãe sabe a dor de perder um filho”, o que, muitas vezes, invalida a dor dos homens, levando-os a esconder sentimentos.
Simône Lira, que lida diariamente com o assunto no Serviço de Psicologia do Luto do cemitério e crematório Morada da Paz, em Paulista, conta como essa possível ausência de expressão do sentimento se torna um problema. “No luto, independente de gênero, todas as pessoas precisam entender que é um processo em que o sofrimento é natural e, quando acharem necessário, deem vazão aos sentimentos e não fiquem tentando, como muitos homens, segurar ‘porque preciso ser forte’ ou ‘ninguém pode ver que estou sofrendo’. A sensação do ‘sentimento não autorizado’ prejudica muito a naturalização de que o luto precisa para que seja passado de uma forma saudável”, complementa.
Ainda segundo a especialista em luto, refletir sobre como lidar melhor com a situação da perda pode ajudar o homem neste contexto. Perguntas como “vai ser melhor ficar mais reservado?”, “conversar com pessoas de confiança pode me ajudar?”, “será que não é importante buscar uma rede de apoio?”, ajudará na tomada de iniciativas para que o sofrimento não evolua para algo prejudicial à saúde.
“Para evitar que esse processo seja um problema, acredito que a primeira coisa é tentar se livrar de responder essas expectativas de ‘homem forte’ e ‘homem é aquele que não chora’. Também é importante se colocar enquanto ser humano, que tem suas potencialidades e suas fragilidades, que vai sofrer sim e passar por alguns processos de sofrimento, pois tudo isso faz parte da vida. Ou seja, dois trabalhos: o de conscientizar a sociedade de desconstruir essas ideias sem fundamentos e do homem em entender o luto como um processo saudável”, orienta a psicóloga do luto Simône Lira.
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