Com a chegada da estação mais quente do ano, a busca pelo bronze “perfeito” aumenta, e como consequência os ricos a saúde também. Dermatologistas são unânimes ao afirmar que não adianta “tirar o atraso” do sol em um único dia. Mesmo para os adeptos aos espaços especializados em bronzeamento natural, onde é comum o uso das famosas fitas isolantes ou decorativas em formato de biquíni para conseguir a marca ideal, o uso do protetor solar contra os raios UVA e UVB é imprescindível.
A prática do bronze natural ofertado em espaços estéticos tem crescido nos últimos três anos por ter se tornado uma opção para quem deseja fugir da agitação das praias nesta alta temporada. No entanto, os dermatologistas veem com ressaltavas a oferta desse tipo de serviço. “A exposição solar em longos períodos e fora do horário recomendado não é bem vista pelos médicos, devido aos malefícios causados à pele, como desidratação, queimaduras, o risco do câncer de pele e o foto envelhecimento”, alerta a médica pós-graduada em dermatologia, Cynthia Cabral.
No mercado de estética há 20 anos, a empresária Jarline Cabral inaugurou há dois anos a clínica Bronzeado Natural, localizada no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Entre os cuidados que afirma ter com as clientes, o uso do protetor solar é item obrigatório antes de iniciar a sessão (que custa R$ 150). “Nossa prioridade não é aquela marquinha tão procurada pelas mulheres porque isso é alcançado gradativamente. Mas queremos atrelar os benefícios do sol com a saúde da pele. Sabemos que a exposição na medida certa tem um impacto positivo no corpo”, afirma.
O horário de atendimento do Bronzeado Natural é de 7h às 12h, e o tempo da sessão varia de acordo com a tonalidade da pele sendo de 40 minutos a uma hora. “A recomendação é que a cliente chegue no primeiro horário. Nós também pedimos para que as clientes tragam viseiras e durante o procedimento hidratamos a pele com líquidos. Temos muito cuidado e responsabilidade com esse tipo de serviço”, ressalta Jarline, garantindo inclusive, que o uso dos chamados aceleradores de bronzeamento é autorizado pela Anvisa.
Para a empresária Rosana Araújo, a opção de se conseguir o bronze em um espaço privado em vez da praia é justamente pelo controle do tempo durante exposição solar e a privacidade. “Quando estamos na praia, perdemos a noção do tempo e acabamos nos expondo mais sem os devidos cuidados. Aqui tem uma equipe controlando o horário e se preocupando com a hidratação da pele.” Ela afirma que faz acompanhamento no dermatologista e que o alerta do médico é sempre relacionado ao excesso dessa exposição. “Vou uma vez ao mês ao Bronzeado Natural e uso o protetor solar no corpo se a sessão começar após as 11h”, disse.
O intervalo entre as sessões precisa ser respeitado, geralmente de oito dias a 15 dias, para evitar queimaduras na pele. A modelo Vanessa Almeida, que tem até título de Rainha do Bronzeado, afirma que o segredo para alcançar o bronze perfeito é a paciência e seguir à risca as recomendações médicas. “Sempre vou de manhã cedo e nunca fico exposta demais. O bronze tem que ser adquirido de forma sadia e gradativa, sem esquecer do protetor solar. Também costumo ir às sessões a cada 15 dias e mantenho a pele sempre hidratada”, explica.
O que mais preocupa os médicos é a forma correta de aplicar o protetor solar e a reaplicação do produto, que muitos não costumam fazer. “Não dá para dizer que não existe risco quando você se expõe ao sol porque ele tem efeito acumulativo. Os problemas podem aparecer daqui a 10 ou 20 anos. As pessoas querem pegar o bronze no primeiro dia que vão à praia e isso é muito prejudicial”, explica a médica Cynthia Cabral.
Utilização do filtro solar é fundamental
O câncer de pele corresponde a 30% de todos os tumores malignos no Brasil. Segundo a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), para o biênio 2018/2019, deve haver 165.580 mil novos casos de câncer de pele não melanoma – sendo 85.170 mil em homens e 80.410 mil em mulheres. Apesar de a recomendação dos médicos ser expressa sobre o uso do protetor solar, que atuam na prevenção da doença, os adeptos a substitui-lo por produtos naturais e receitas caseiras têm aumentado. De acordo com o oncologista Igor Montenegro, da Oncoclínica Recife, muitas pessoas têm ligado as substâncias presentes nos protetores industrializados, como o oxibenzona, a reações alérgicas e até ao próprio câncer de pele, mas as pesquisas ainda são controversas. “Sabemos que mais de 70% da população brasileira não aplica o filtro solar diariamente. Parar de recomendar o seu uso sem pesquisas fundamentadas seria imprudente. Receitas caseiras, além de expor a pele a danos, não garantem a proteção adequada.” Os óleos naturais ou a pasta d’água, por exemplo, aparecem dentre as opções de produtos alternativos ao protetor solar, mais compartilhados nas redes sociais. No entanto, há falta de testes que comprovem a real capacidade de proteção destes produtos. A sugestão do especialista é buscar por opções que utilizam fórmulas que tenham certificação de qualidade. “Os protetores atuam em três frentes: prevenindo queimaduras; aqueles com o fator acima de 30 protegem dos efeitos do envelhecimento causados pelo dano solar; e na prevenção do câncer de pele.”
Fonte: Folha PE
Foto: Brenda Alcântara