DR PAULA MEYER

CRISE ENERGETICA E MAIS UM AUMENTO DA TARIFA DE LUZ

Recentemente foi veiculado que estaria em curso mais um aumento na tarifa de luz. Trata-se na verdade de mais um reajuste da ordem de 20% nos valores cobrados pelo sistema de bandeira tarifária.

Atualmente, as contas de luz sinalizam a bandeira vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 6,243 para cada 100 kilowatt-hora (kWh) consumidos. Com o aumento, o novo valor da bandeira vermelha patamar 2 deve ir além da estimativa aproximada de R$ 7 que foi apresentada.

A ANEEL já definiu a atualização dos valores da bandeira amarela (R$ 1,343/100KWh) e das bandeiras vermelhas patamar 1 (R$ 4,169/100KWh) e 2.

O uso das bandeiras tarifárias constitui em uma estratégia do sistema para reembolsar os custos de geração. É classificado a partir de cores – verde, amarelo e vermelho- sendo o último como sendo o patamar de custos mais elevado comparado com os demais níveis. Onivel vermelho incorpora dois patamares, o 1 e o 2. Estamos atualmente em decorrência da crise hídrica acionando a bandeira vermelha, patamar 2, o nível mais elevado.

O alerta máximo, advém do nível dos reservatórios . Os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de armazenamento do país, e a expectativa é de que cheguem ao nível de 7,5% no fim de novembro. Sendo assim, é crucial avançar com as medidas, além do setor, afim de afastar o risco de apagão ou racionamento no consumo de energia.

A conta é bem simples e aprendemos nas aulas de economia. A lei da oferta e da demanda, quando há um excesso ou escassez de uma das forças de mercado, entra-se em desequilíbrio. Esse ano, a expectativa é de que o sistema do Sudeste/Centro-Oeste, o balanço entre oferta e demanda ficou zero. A única sobra de potência viria do Nordeste, com cerca de 3,3 mil megawatts (MW) em novembro

A pequena sobra de energia apontada oferecerá pouca “margem de manobra” para operar o sistema com segurança no período, às vésperas do Natal. Como ao longo do dia a demanda por carga varia e em determinados horários em virtude da mudança de estação (inverno ou verão), o acionamento de aparelhos elétricos domésticos requer um maior uso de carga.

O recorde de demanda por carga pode chegar a 85.900 MW e é necessário deixar o sistema preparado para ofertar esse volume de energia caso contrário teremos um episódio de apagão.

O uso das bandeira tarifária auxilia a dar uma sinalização mais correta aos consumidores sobre o aumento do custo da energia, devido ao acionamento mais intenso das usinas térmicas, e ainda aliviar o caixa das distribuidoras que não precisam “carregar” essa despesa até os reajustes tarifários do ano seguinte.

O acionamento das térmicas já vai custar ao bolso do usuário de energia R$ 9 bilhões em 2021. Apesar da escalada paulatina da economia, em pleno ano de pandemia o brasileiro sai mais uma vez abatido e tendo que enfrentar mais um episódio que vai requerer força, recursos e paciência.

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *