#ÉPERNAMBUCOEMFOCO

CAPÍTULO 40: O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO. Episódio final.

Direto de Brasília-DF.

Chegamos ao final dessa série de artigos sobre o DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO.

Minha pretensão jamais foi esgotar o tema, mas jogar luz sobre a ideia de Nação e Estado, e como nossa lealdade, às vezes, se divide entre um e outro.

Dou-me por satisfeito se o leitor que me acompanhou ou que ainda há de ler a série completa, também concluir que é possível fugir dos achismos e conversar com algum conhecimento científico sobre quaisquer das doutrinas sociais, sobre as quais discorremos.

Passados cinco meses do início da série, lembro que principiamos dizendo: “…como a coluna se chama FOCO NO SOCIAL, escreveremos artigos sobre as principais doutrinas sociais, tais como: democracia, utopianismo, anarquismo, socialismo, marxismo, comunismo, socialismo empresarial, sindicalismo, socialismo cristão, socialismo fabiano, nazismo, fascismo, movimento cooperativista e o movimento do imposto único (nascido no século XVI. A finalidade é escrever artigos de forma simples envolvendo essas doutrinas sociais para que o leitor não somente os compreenda em resumo, mas que também saiba identificar um pouco das mentiras que nossos candidatos e partidos contam”

Espero que você tenha gostado, e que se anime a seguir pesquisando os temas, inclusive sobre as variantes de algumas dessas doutrinas, como é o caso do neoliberalismo, neofascismo e neonazismo. Estes dois últimos seguem arrebanhando seguidores por todo o mundo.

Por exemplo, o Chile, mesmo com suas tradições religiosas é um país no qual até 1999 se prendia pessoas por suas escolhas sexuais. Somente em 2004 seu congresso vota a Ley 20.609, que pune a discriminação arbitrária. Eis como a dita lei conceitua discriminação arbitrária, em seu artigo 2º:

“Definición de discriminación arbitraria. Para los efectos de esta ley, se entiende por discriminación arbitraria toda distinción, exclusión o restricción que carezca de justificación razonable, efectuada por agentes del Estado o particulares, y que cause privación, perturbación o amenaza en el ejercicio legítimo de los derechos fundamentales establecidos en la Constitución Política de la República o en los tratados internacionales sobre derechos humanos ratificados por Chile y que se encuentren vigentes, en particular cuando se funden en motivos tales como la raza o etnia, la nacionalidad, la situación socioeconómica, el idioma, la ideología u opinión política, la religión o creencia, la sindicación o participación en organizaciones gremiales o la falta de ellas, el sexo, la orientación sexual, la identidad de género, el estado civil, la edad, la filiación, la apariencia personal y la enfermedad o discapacidad.”

Apesar dessa lei antidiscriminação, grupos neonazistas como o “Batallón 68” e inúmeros outros seguem aterrorizando cidadãos comuns pelas ruas e ameaçam o turismo naquele país.

Em 2014,  Ximena Tocornal, psicóloga y profesora da “Universidad Diego Portales”, em entrevista ao jornal “Publimetro” disse: “Para los neonazis este mundo está dividido entre los que son como ellos y el resto e incluso consideran que más abajo hay otra clase de personas, que son quienes no debieran existir simplemente”.

Todos somos sabedores que não há limite para a maldade e ignorância humana, mas há um remédio que pode minorar essas mazelas. Basta que o ser humano se permita educar.

A educação, que não é o mesmo que escolarização, passa por um processo constante de amoldamento de cada um de nós, ao Bem, à Ética, à Justiça, que faz com que respeitemos mais a diferença, que a igualdade. Esse amoldamento vem quando fazemos troca com o conhecimento e o sujeitamos á tempera da humildade. Conheça, aprenda, leia, estude!

Qual a virtude do conhecimento? É ela, grande ou pequena? Onde está o conhecimento desde nosso nascer? Precisamos dele para alguma coisa?

No primeiro ato de nossas vidas, sem ainda sabermos se escreveremos uma tragédia, uma comédia, um romance, um conto de terror ou uma poesia entre lágrimas e risos, o médico nos bate na bunda para nos ensinar a respirar, aqui fora, este mundo de tantas artimanhas adultas.

Em seguida a vida nos entrega por meses ao colo e aos peitos de nossa mãe, ou de uma ama de leite, para nos alimentar com sua seiva, como fazem as árvores com seus ramos.

Será que estamos sendo ensinados por esses atos, ainda que inconscientes? Será que as trilhas e setores de nosso “HD MENTAL” estão sendo “queimadas” e nelas inseridas informações que nosso inconsciente gotejará pelo resto de nossas vidas no nosso consciente?

Por repetição, choramos quando queremos beber, choramos quando desejamos comer e quando queremos sentir, aqui fora, o ilusório aconchego do útero que um dia nos protegeu.

Seriam o médico e a mãe nossos primeiros professores, nossos mestres primeiros? Não sei… Não sei se os elementos da natureza já não estariam invisivelmente atuando como nossos mestres para nos fazer aprender sobre intensidade por meio do frio e do calor…

Porque, se estou com calor, choro…, se estou com fome, choro…, se estou com sede, choro e, eis que de repente um nervo se contrai nessas trocas de intensidades e ensinamentos e sorrimos coincidentemente no exato momento em que alguém nos faz um DA, DA, GU, GU e, do outro lado, um adulto se sente como um passista de uma escola de samba que, esquecido de seus problemas, salta e dança na alegria de haver recebido um sinal de um inocente…

Aprendemos todos com esses pequenos atos? O conhecimento permeia todos esses momentos?

Parece que somos agentes passivos do conhecimento nessa primeira fase da vida. O  Conhecimento, esse “Mestre Invisível”, há de nos ensinar por meio da repetição, seguindo a sétima lei aristotélica, que diz que “a repetição é a mãe do conhecimento” e, assim:

Se colocamos o dedinho no fogo, dói.

Se provamos o ácido, corrói,

Se ingerimos quente, a pele sente,

Se fora ou dentro é frio, o corpo não mente,

 

Ouço falar e aprendo;

Vejo fazer, sigo a mesma trilha, aprendo;

Compreendo as tramas da atenção;

Corro, grito, berro, vivo…

 

Me enviam à escola e chega a solidão do colo,

A casa que era meu jardim de aprendizado,

Torna-se coisa do passado,

Mamãe, papai, quando se tem, deixaram de ser os mais ousados.

Meu professor, meu mestre, minha nova luz…

E o conhecimento, por onde anda? Talvez, nesse período esteja na escolarização, no currículo institucional que rezam como uma cartilha, e, repetem, repetem, repetem.

Ou será que o “mestre conhecimento” passa a residir na dúvida? Que primeira mesa e cadeira ocuparei? Em que escola estudarei? Que profissão seguirei? Com quem andarei? Quem é o verdadeiro amigo e quem finge bondade?

Outro dia, me disse um colega, que o mundo moderno cristalizou o conhecimento em diplomas e certificados. Foi longa sua reflexão, mas se algo guardei de sua conversa poética, foi quando disse: – uma tal de “academia” fez com o conhecimento o mesmo que a terra fez com o diamante. Concentrou, concentrou, concentrou, aí…carbonizou. Depois concentrou o carbono, concentrou o carbono, concentrou o carbono… Concentrou tanto que o bicho se cristalizou tão forte, que de pó virou pedra e de pedra passou à diamante.

Será, que o conhecimento é assim também? Riqueza quase infinita, quanto mais se acumula e se concentra, mais diamante fica? 

Em segundos o colega voltou à mim e disse: – Parece que os certificados e diplomas, no mundo de hoje, são sinais de veios…

–       Veios de quê, perguntei eu? Veios de ouro?

–       Muito mais que isto, disse ele!…

Como não tinha mais tempo despedi-me e segui meu caminho. Pensei comigo que em tantas incertezas, uma certeza tenho. Há virtude no conhecimento! E, não é somente porque o mundo meritocrático o requer para abrir portas de emprego ou outras prosperidade, nem somente porque a “academia”(o mundo intelectual) o requer. Mas, porque conhecer é bom, faz bem à alma e faz nascer asas nas costas, permite voar sobre o mundo….

Hoje chegamos ao fim desta série em que algum conhecimento espero haver agregado. O fim, aliás, faz parte dos ciclos naturais da vida. Fato melhor a se considerar é que quando você olha para frente, em qualquer planejamento, o tempo e espaço a percorrer podem parecer longos demais para serem alcançados.

Mas, se for obstinado, no fim da execução de seus planos verá que o tempo teria passado quer você tivesse feito ou não, o que deveria ter feito. Foram mais de 40 artigos para nosso aprendizado e diversão. Provavelmente, aprendi mais com vocês que vocês comigo, porque, como diz um antigo provérbio chinês, “aquele que ensina, nada mais faz que ajudar a si mesmo a aprender”.

Agora, por breve tempo, vou publicar na Coluna Foco no Social, alguns artigos sobre temas variados e espero que lhe sejam úteis.

Em breve iniciarei outra série, intitulada “Ética no cotidiano”. Escreverei sobre condutas do dia a dia que parecem inofensivas, mas que são mais tóxicas que o Césio-137.

Obrigado por haver me acompanhado nesta série de artigos sobre o fascinante tema filosófico-político grego “O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO”.

Um grande abraço!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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