#ÉPERNAMBUCOEMFOCO

CAPÍTULO 30 FINAL: O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO. Episódio de hoje: Comunismo aos poucos desmorona em Cuba e se rende aos fatos!

Direto de Brasília-DF.

 

Chegamos ao final desta breve análise sobre a minuta do texto da nova Constituição Cubana que deverá ser aprovada ainda neste primeiro semestre de 2019. 

Um primeiro fato que não se deve ignorar é que desde 2008 (ano em que estive pessoalmente em Cuba fazendo pesquisas) o Partido Comunista Cubano vinha sinalizando abandonar o Comunismo e abraçar o  Capitalismo, o que de certa forma não é novo, pois como dissemos no capítulo 28 – parte 1, quando em 1917 a revolução comunista eclodiu a Rússia seguiu em guerra civil até 1921 e Lenin teve que voltar ao Capitalismo de Estado, alegando que precisava de um tempo para pacificar o país e promover desenvolvimento, antes do implante final do Comunismo. Essa primeira volta ao Capitalismo já deveria haver sido interpretada como um sinal do desastre que seria o Comunismo.

Um segundo fato que não se deve ignorar é que enquanto Cuba ensaiava duramente nos bastidores para fugir, ainda que aos poucos do Comunismo, Venezuela, Brasil, Bolívia, Argentina, Equador e outros países latino americanos queriam seguir a “Cuba comunista” na qual o Comunismo já se contava como a crônica de uma morte anunciada.

Nas considerações finais da “Introducción al análisis del Proyecto de Constitución de la República durante la consulta popular” a Assembleia de Cuba já trata de rebaixar o nível de comprometimento do governo cubano com o projeto marxista-castrista, quando diz que o que pretende com a nova Carta Magna é preservar o “socialismo”. Observe que para um bom marxista o socialismo é o rudimento da verdadeira doutrina de “esquerda”, ou seja, o socialismo é como o mingau que se dá a uma criança. Em tese, revolução que se deve prezar é a Comunista porque ela é a etapa final na construção do regime econômico perfeito.

Por isto deve causar estranheza a quem conhece os fundamentos do Comunismo, a “Asamblea Nacional del Poder Popular, en su sesión ordinaria los días 21 y 22 de julio del año 2018” colocar à consulta um texto tão suave, no qual REBAIXA o Comunismo à Socialismo. Isto é mais ou menos como dizer “Olha, eu admito que a coisa não era boa e vou tentar corrigir meu erro aos poucos”. Eis o texto no original: “Los cubanos debemos estar conscientes del compromiso que implica, para las generaciones presentes y futuras, la nueva Constitución de la República, forjada por el pueblo para dar continuidad a la Revolución y al socialismo.” 

Se você leu nos dois artigos anteriores as medidas que o Partido Comunista Cubano-PCC pretende implementar, consegue perceber a falácia (engano, engodo, mentira) sempre presente no discurso político, uma vez que ao mesmo tempo em que o novo texto constitucional conduz ao pilares do Capitalismo, no Preâmbulo da Constituição a Assembleia Cubana condena esta doutrina social, quando diz:

“por los que lucharon durante más de cincuenta años contra el dominio imperialista, la corrupción política, la falta de derechos y libertades populares, el desempleo y la explotación impuesta por capitalistas y terratenientes;”

TRADUÇÃO:

“por aqueles que lutaram por mais de cinquenta anos contra a dominação imperialista, corrupção política, falta de direitos e liberdades populares, desemprego e exploração impostos por capitalistas e proprietários de terras;”

Talvez esse discurso dúbio dos revolucionários cubanos seja para esconder a VERGONHA de reconhecer perante o mundo que errou, que o que restou do Comunismo no mundo, segue com os dias contados na UTI da História.

Recordo que quando estive em Cuba em 2008, perguntei a um cidadão cubano que me ajudava a fazer um dossiê sobre vários assuntos de meu interesse, o que realmente achava do Comunismo e porque no dia do trabalhador as imagem divulgadas ao resto do mundo mostravam cubanos felizes em praça pública, cultuando Fidel Castro e cantando hinos em louvor ao comunismo.

Ele respondeu rapidamente: – “Compadre, el Comunismo és una mierda! Seguiu explicando que os trabalhadores iam às praças porque tinham medo de dizer não e serem punidos (se deseja conhecer mais sobre esse relato em Cuba, adquira meu livro “Obstinação – O lema dos que vencem”. Encomende a: judivan.vieira@gmail.com;assessoria.judivan@gmail.com ou em livrarias pela Internet).

A situação atual em Cuba segue sendo caótica. Permita-me compartilhar uma experiência que vivi recentemente. Na virada do ano de 2018/2019 desci da Carolina do Sul para Miami e, como é de sabença geral, Miami é um rincão de fala espanhola (ou castelhana) dentro dos EUA, cidade especialmente “dominada” por cubanos que fugiram dos horrores Comunistas.

Ao chamar um UBER para nos transportar até Miami Beach, a praia onde alguns milhares de pessoas celebraram a virada de 2018/2019, Eu, Lily e nossos amigos Pedro e Carcilene começamos a conversar com o motorista. Como de hábito perguntei sua nacionalidade. Ele, assim como 70% dos motoristas que nos atenderam em nossa estada, se disse cubano. Quando soube sermos brasileiros logo mostrou admiração pelo Brasil e mostrou que era médico em Cuba, de onde havia fugido em 2014.

De imediato puxou conversa sobre o programa “Mais Médicos de Cuba no Brasil” e começou a discorrer sobre a situação de miséria em seu país. Ao final, disse que o Brasil tomara a decisão acertada ao devolver os médicos cubanos, já que pagar somente 30% dos salários aos médicos e os outros 70% para o Partido Comunista era uma loucura política que seguia enriquecendo secretamente o PCC e alimentando a pobreza. “Afinal, no Comunismo socializa-se a pobreza com o povo e especializa-se a riqueza com os dirigentes do Partido Comunista”, disse ele.

Disse, ainda, que o mísero salário estabelecido pelo Partido Comunista para um médico em Cuba, não é suficiente sequer para comprar o básico. Isto me lembra que quando estive em Cuba em 2008, o povo cubano só comprava carne de gado no mercado “negro”, dado a carestia do produto. Acreditei em suas palavras, pois em meu livro “Obstinação – O lema dos que vencem” relato que uma das melhores pediatras de Cuba me disse pessoalmente ganhar menos de 70 dólares americanos ao mês. 

Vou chamar esse médico e motorista de UBER, de Natanael, pois nos pediu para não revelar outros detalhes de nossa conversa, para não colocar em risco, sua família que ainda vive em Cuba. Quando lhe relatei que lá estive em 2008, ele nos falou da opressão que segue sendo viver naquele país comunista e que um dia, quando houver trazido sua família para viver com ele em Miami, poderá me contar segredos que cabem em um bom livro.

Deixei meu cartão de visitas com ele e segui os sinais da vida. Naquela noite, enquanto via o céu de Miami Beach pontilhado de Estrelas e colorido pelos fogos de artifício, um pensamento a mais se misturava a tantos outros… É verdade, como dizia Jean Jacques Rousseau, que “para onde formos estaremos de alguma forma aprisionados”, mas, ainda assim, ter direito à propriedade privada e à liberdade de expressão individual é uma dádiva…

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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