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CAPÍTULO 27: O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO. Episódio de hoje: Socialismo, o filho primogênito do Marxismo.

Direto de Goose Creek, South Carolina – US.

 

O filho primogênito do Marxismo foi o Socialismo. O professor Louis Wasserman diz que é possível resumir o socialismo assim: 

1) Um ataque ao modo de produção predominante e, à distribuição de renda sob o capitalismo; 

2) Um modelo aproximado do processo de uma economia socialista; e 

3) Um plano de ação para a transformação de capitalismo para socialismo e de socialismo para comunismo.

As ideias de Marx não convenceram a todos os socialistas pré-existentes a ele, chamados de Utopianistas que conheciam e escreviam sobre socialismo, apenas não conheciam o socialismo sistematizado academicamente, como Marx o tornara. 

Eduard Bernstein, um revisionista do socialismo marxista diz que para Hegel e Marx a economia não era o único fator chave para o desenvolvimento social. Eles tinham outros planos para a estrutura social do Estado como implementação da “Teologia Política” e, por conta da necessária força de trabalho, ainda que por vias oblíquas, pensavam promover a relativa igualdade da mulher em relação aos homens, afim de criar um sistema social mais justo, na medida em que também seria promovida a universalização da educação, da saúde e dos programas de construção de moradias.

O problema é que não há engrenagem que o tempo não desgaste. As construções civis envelhecem. Casas ruem, viadutos caem e precisam se renovar de tempos em tempos. As pessoas deixam de ser nômades e, quando se assentam em determinada área querem plantar, colher, trocar, vender e acumular estoques para épocas de vacas magras e, quem consegue produzir mais e guardar, mais também quer ganhar mais pelo esforço extra. 

Esse “mais” se torna moeda de troca e passa a ser capital, como também pode ser capital o acúmulo de conhecimento que alguém adquire por meio do estudo acadêmico.

O conhecimento titulado academicamente tem valor e como tal pode ser trocado ou vendido por algum preço e esse preço também é capital.

Proibir as pessoas de criarem livremente, comercializarem e adquirirem propriedade privada não deu certo historicamente, A ideia socialista marxista de tolher a liberdade individual porque ela gera competitividade e cria classes diferentes que quebram o princípio da igualdade econômica universal, como exige o socialismo cujo fim é o comunismo se assemelha a um piano desafinado querendo conduzir uma orquestra. Talvez tais planos não têm dado certo ora por causa da corrupção de seus líderes, ora por razões antropológicas,  já que na natureza impera a diferença e o gênio criador que move a evolução.

O princípio da igualdade tem sido equivocadamente utilizado em ciências várias. No Direito, na Economia, etc. Em verdade o princípio da igualdade faz parte do discurso sofista (aquele cujo compromisso é vencer a discussão e não resolver o problema com a verdade). Os politicos antigos perceberam que o discurso sofista facilmente convencia o “povão” e era útil para conquistar o poder por meio de falácias, ou seja, de promessas vãs, vazias. Foi assim que pregar a igualdade entre tudo e todos, ao invés de ensinar e solidificar o princípio do RESPEITO ÀS DIFERENÇAS inverteu a lógica  e se firmou como uma grande criação do gênio humano.

O socialismo preparatório para o comunismo tem como meta a igualdade plena. Talvez por isto tenha sempre sido alvo de revisionismos. Apenas 50 anos após a divulgação escrita de seus fundamentos Eduard Bernstein declarou que não havia provas que o tão propalado choque entre proprietários e trabalhadores fosse criar a tal convulsão social alarmada por Marx.

O Socialismo quer sempre um Estado enorme para poder abarcar todos os meios de produção. Por isto ele estatiza  os meios de produção, a produção, a distribuição, a comercialização e o lucro. Por fim, estatiza os usos, os costumes e a forma de ser e pensar.

Economicamente a ideia socialista como preparativo para o comunismo é uma lástima, porque não há como o Estado produzir, distribuir, vender, lucrar e redistribuir os lucros pelos cidadãos por tempo indefinido, já que sem competitividade freia-se a criatividade do povo e cria-se o espírito acomodado à ração cotidiana.

A ausência de reconhecimento individual (mérito) leva o esforço a ser sempre do mesmo tamanho que a recompensa. Um processo doutrinário desses faz com que ao longo de duas gerações os cidadãos sejam nada mais que “burros comendo na manjedoura de seu dono”. 

Para atingir seus fins o Socialismo aposta suas fichas em três ideias chaves. 

1 – Um partido político único;

2 – Trabalhadores agrupados em sindicatos fortes; e 

3 – A doutrinação de produtores e consumidores (classe trabalhadora) para atividades empresariais, sem visão de lucro e com o foco no social, na melhoria do padrão de vida de todos os trabalhadores. Os trabalhadores são ou devem ser os fins do socialismo. A cadeia de produção, apenas, os meios para satisfazer tais fins.

O Socialismo inicialmente democrático contempla escala de salários, gratificações e bônus para todos os tipos de serviços que é consistente com a fórmula: “dar a cada um de acordo com sua habilidade e para cada um, de acordo com seu valor”. Isto até pode levar você a pensar que há recompensas ao mérito individual nessa doutrina social e de fato há. Todavia, são pequenas recompensas, equivalentes ao biscoito dado ao cão obediente, vez que o Socialismo marxista tende obrigatoriamente ao comunismo e neste o mérito individual não pode existir, tanto quanto não pode haver liberdade individual nem propriedade privada.

O Entendimento da economia democrática, pelos socialistas, passa pelo pensamento de que a coletivização de todos os meios de produção e da riqueza produzida por todos os trabalhadores fará do Estado um instrumento da Justiça, e verdadeiro representante da vontade do povo, o que jamais ocorrerá numa economia capitalista. 

Essa coletivização de tudo e de todos serviria como um controle natural da corrupção entre os governantes, haja vista que sem a competitividade não haveria grandes disputas por preços em sistemas de compra e venda de bens (licitações e contratos por exemplo) e o mundo teria menos ímpeto para guerras ou disputas comerciais entre países sedentos de se tornarem impérios econômicos.

Como o socialismo democrático moderno só tem resistido, enquanto assegura a liberdade econômica nos países em que se instala e, como nos países em que ele atingiu sua meta de conquista do poder e implantação do comunismo, a história se encarregou de decretar a falência dessa doutrina social, parece bastante racional dizer que ela não combina com a evolução, porque esta, enquanto ciência e não dogma, exige de cada um de nós saber se adaptar para não perecer.

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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