CLAUDEMIR GOMES
Bola pra frente!
A expressão, bastante usual no futebol, serve para traduzir muitas coisas, explicar situações, ou mesmo, dizer nada com nada. Na verdade, ela serve mesmo é para por um ponto final numa prosa, num assunto qualquer. Pois bem! Ontem, quando ficou definido o confronto – Sport x Náutico – que marcará a decisão do título do Pernambucano 24, os alvirrubros entusiasmados gritaram: “Nos anos que terminam em 4, o Náutico é sempre campeão”.
– Há controvérsia! Contestaram os rubro-negros. Entretanto, contra fatos não existem argumentos. Em cem anos de disputas, com exatas dez edições do Estadual realizadas em anos terminados com o numeral quatro, o Náutico contabilizou seis conquistas, contra três do Sport e uma do América.
Vejamos o retrospecto:
A primeira edição do Campeonato Pernambucano de Futebol foi disputada em 1915. Dez anos depois acontecia a primeira disputa de título num ano terminado em 4, ou seja, em 1924. O campeão foi o Sport, tendo como vice, o América.
Um fato novo viria mudar o rumo da história do Pernambucano em 1934: o Clube Náutico Capibaribe conquistava o seu primeiro título estadual. Mais que um título, o feito era o marco do surgimento de uma nova força do nosso futebol, que seria consolidada pelo bom momento vivenciado na década de 50. Mas antes, em 1944, o América pôs água no chope dos alvirrubros e conquistou o seu sexto título estadual. O último da história do alviverde da Estrada do Arraial.
Na década de 50, o Clube dos Aflitos conquistou quatro títulos, inclusive o de 1954. A saga do crescimento dos alvirrubros continuou nos anos 60, década do emblemático hexa. No pacote das conquistas, o icônico 1964. E a história se repetiu em 1974 e 1984.
O Sport, que já era o maior colecionador de títulos estaduais, foi o campeão de 1994, elevando sua marca para vinte e oito taças do Pernambucano.
A chegada do Século XXI marca o início de um novo tempo. Novos conceitos, novas filosofias, novos hábitos, abertura de mercados, quebra de barreiras, e o mundo do futebol ficou linear. O esporte mais popular da terra se transformou num dos maiores, e mais lucrativos negócios do planeta. Na mudança de valores, o que há cem anos, para os clubes pernambucanos era a joia da princesa, passou a ser a competição de menor visibilidade, sendo alimentada apenas pela rivalidade histórica existente entre as tribos: Náutico, Sport e Santa Cruz.
No novo século, tivemos duas decisões em anos terminados em 4: O Náutico foi campeão em 2004, numa decisão com o Santa Cruz. O Sport levantou a taça em 2014, título que foi decidido com o rival alvirrubro. O Leão da Ilha do Retiro segue reinando com a chegada do novo tempo. Até o momento, foram disputadas 23 edições do Campeonato Pernambucano no Século XXI, com o registro de 10 conquistas do Sport; 6 do Náutico; 6 do Santa Cruz e uma do Salgueiro.
O Sport corre atrás do seu 44º título e o Náutico busca a sua 24ª conquista estadual.
Bola pra frente!
EM TEMPO: Na decisão do Pernambucano 24, o Náutico terá o desfalque do grande zagueiro Dimas, que nos deixou neste domingo. Também não teremos a narração espetacular de Vicente Lemos, que partiu para a eternidade nesta segunda-feira. Lembrando que, o campeão não terá a graça do humor satírico de espetacular Bione. Na vida a gente ganha, e perde. Lei imutável.