DR PAULA MEYER

CÂMARA APROVA O PROJETO DE REGULAMENTAÇÃO DA REFORMA TRIBUTÁRIA E REJEITA ALGUNS PONTOS APROVADOS PELO SENADO

As vésperas da entrada do recesso parlamentar foi aprovado o prieiro projeto que regulamenta a reforma tributária. Trata-se de um feito após tantos anos de discussão. Didaticamente, o país terá até 2033 para acomodar a utilização de um único imposto cuja previsão é de 27%. Essa incidência unificada em um único imposto consolida na verdade impostos federais, estaduais e muncipais.

Atualmente a malha tributária brasileira parece mais um emaranhado. dito de outra forma, temos no âmbito federal, destacam-se tributos como o Imposto de Renda (IR), que incide sobre pessoas físicas e jurídicas; o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), aplicado à industrialização; e as contribuições como PIS/PASEP, COFINS e INSS, destinadas ao financiamento da seguridade social e de programas específicos. Além disso, há impostos regulatórios, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e contribuições para fundos como CSLL e FGTS.

Nos estados, os principais tributos são o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é a maior fonte de receita estadual, aplicado sobre o consumo de bens e serviços; o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); e o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Já os municípios arrecadam o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que são complementados por taxas relativas a serviços públicos municipais, como iluminação ou coleta de lixo.

A reforma tributária em discussão no Brasil propõe mudanças estruturais para simplificar o sistema atual e aumentar a eficiência arrecadatória. A principal novidade é a substituição de vários tributos sobre consumo por dois novos impostos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).

Na verdade, o IBS, que será gerido pelos estados e municípios, unificando o ICMS e o ISS, enquanto a CBS substituirá PIS e COFINS, sendo gerida pela União. Ambos serão tributos sobre o consumo, com base no modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que evita a tributação em cascata ao permitir crédito para empresas ao longo da cadeia produtiva.

Além disso, será criado o Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos e serviços considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e combustíveis fósseis.

A ideia central desse imposto seletivo é desestimular o consumo desses itens e complementar a arrecadação, mas não será cumulativo. A implementação será gradual, com transição de até dez anos para os tributos substituídos, buscando minimizar os impactos econômicos e fiscais nas empresas e governos. A reforma promete reduzir a complexidade do sistema tributário brasileiro e tornar a arrecadação mais transparente e equitativa.

O imposto seletivo também conhecido como o “imposto do pecado”, incidirá fortemente sobre bens e serviços considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Em verdade, os itens desta categoria terão uma tributação maior do que a alíquota-comum — estimada pela Fazenda em 27,97%.

Ou seja, a reforma tributária após tantos anos em discussão está longe de ser a reforma perfeita e adequada as demandas da sociedade mas consegue por meio da unificação em uma única alíquota desvendar a complexidade que existe na atualidade do sistema tributário brasileiro.

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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