A TRAGÉDIA DO RIO GRANDE DO SUL E O PLANEJAMENTO ENERGÉTICO

A tragédia decorrente do aumento do nível do rio Guaiba e outros afluentes no estado do Rio Grande do Sul acende o alerta vermelho da incidência de desastres extremos decorrentes da intervenção do homem na natureza. Acompanhamos estarrecidos o cenário de guerra e de muita tristeza dos nossos irmãos gaúchos. A resposta da natureza não poupa humanos e nem animais. Dos 497 municipios do estado 356 foram fortemente afetados.

Os danos e estragos causados pela inundação de várias cidades é da ordem de 1 trilhão de reais. São mais de 1,5 milhão de pessoas afetadas e o quadro é desolador. A reconstrução levará algum tempo. Os percalços da tragédia são enormes e o quadro é desolador.

É o povo pelo povo e a elevação do leito dos rios e o rompimento da barragem da hidreletrica culminou no avanço sem direção dos rios que banham o estado do RS. Autoridades tentam fazer o que podem e toda ajuda é bem-vinda.

São mais de 500 mil residencias sem água e energia elétrica e pouco a pouco com o auxilio de equipes de outros estados – eletricistas, engenheiros, técnicos – as condições normais vão sendo parcialmente restabelecidas.

O aumento do leito dos rio além de ter provcado a queda e rompimento de barragens prejudicou a geração de energia eletrica no próprio estado. Desde 1941, o Rio Grande do Sul não presenciava catastrofes dessa natureza e o complexo eletrico colapsou parcialmente ainda que parte da geração de energia esteja alocada fora do estado uma vez que o sistema eletrico brasileiro encontra-se conctado no Sistema Interligado do Setor Elétrico- SIN.

Planejar é preciso, prever é necessário de maneira que se possa garantir minimamente o fluxo de energia. A falta de luz é uma consequencia da intercorrência de catastrofes como essas. O Brasil possui um dos mais robustos e interligados sistemas eletricos do mundo, são mais de 200 milhões de pessoas que têm acesso à eletricidade, trata-se de um sistema complexo de entrega de energia em cada domicílio no Brasil.

A recuperação da infraestrutura de energia no RS foi parcialmente abalada com o rompimento de barragens de hidrelétricas mas em virtude da conexividade existente da região Sul com os demais sub-sistemas de energia o suprimento futuramente não está em risco. O Plano Nacional de Energia, 2050, prevê crescimento da demanda de energia no horizonte até 2050 de 600 milhões tep. Por outro lado, tem-se uma previsão de potencial de energia de quase 280 bilhões de tep no horizonte até 2050. Este valor representa o potencial de recursos não renováveis da ordem de 21,5 bilhões de tep e o potencial anual de 7,4 bilhões de tep de recursos renováveis ao longo de 35 anos.

O RS não ficará de lado e na escuridão todavia é crucial rever as bases do planejamento energético de maneira que catastrofes climáticas como essa não assolem sobremaneira outros estados da federação.

PAULA MEYER

Paula Meyer Soares Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas. Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas. A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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