Direto de Brasília, DF
A POLÍTICA E O UTILITARISMO PERVERSO
Utilitarismo é o nome dado a uma escola filosófica e política que trata da Busca da Felicidade, fundada por dois britânicos, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, como explico em meu livro de autodesenvolvimento “Técnicas Para Você Ficar Doidão”, a ser lançado simultaneamente em Portugal e Brasil, ainda neste semestre.
Um dos fundamentos dessa Escola que estuda os meios e os fins que alguém emprega na Busca da Felicidade é a Teoria do Valor Intrínseco, ou seja, “se algo é considerado bom em si mesmo, independentemente de outras consequências acredita-se que todos os outros valores derivam seu valor de sua relação com esse bem intrínseco, como um meio justificável para um fim.”
Vou te dar um exemplo para você entender bem: imagine que alguém tenha como FIM em sua vida ganhar dinheiro. O que deve fazer? Trabalhar e procurar ganhar LICITAMENTE um salário, dividendos ou adquirir bens economicamente valoráveis. Tal pessoa não pode furtar ou roubar alguém para adquirir o dinheiro que precisa, porque neste caso o MEIO, furtar ou roubar, não justifica o FIM, que é ter meios de sobrevivência. Entendeu?
Pois, bem! A Escola Utilitarista foi fundada considerando que os MEIOS devem ser éticos para que os FINS possam ser considerados justos. Mas, o que os políticos fizeram ao longo do tempo? Utilizaram-se politicamente desta Escola de Pensamento Filosófico e deturparam completamente seu conteúdo, criando o UTILITARISMO PERVERSO, em que qualquer meio justifica o fim desejado, mesmo que este meio empregado seja antiético e desumano.
Foi assim que Hitler justificou sua tentativa de implantar no mundo o Nacional Socialismo, aniquilando mais de 6 milhões de judeus, ciganos, homossexuais e pobres, ao argumento que aniquilar pessoas de sub-raças para criar uma super raça ariana era meio que justificava o fim.
Quando visitei a Fábrica de Schlinder e os campos de concentração e extermínio de Auschwitz e Birkenau(Auschwitz 2), na Cracóvia, Polônia, pude perceber ainda mais de perto a crueldade do Utilitarismo Perverso. Sentei e meditei próximo aos “fornos” nos quais seres humanos eram queimados vivos, ao argumento socialista nacionalista de Hitler e de seus apoiadores políticos, em verdadeira histeria, que aquele MEIO (exterminar sub-raças) justificava o FIM, a criação de uma imaginária “raça superior”.
O Utilitarismo Perverso para o qual os meios justificam os fins não é o mesmo concebido por Jeremy Bentham e John Stuart Mill, pois torna promíscua a relação entre Justiça, Direito e Moral, além de contrariar todo e qualquer princípio de humanidade. Aliás, no campo da Política o Utilitarismo Perverso é um dos maiores contributos à falência da Democracia Formal em que vivemos, na qual se nega cotidianamente o mínimo de dignidade social e econômica devido a cada cidadão, enquanto governantes enriquecem loucamente às custas de eleitores que se contentam com as “migalhas que caem das mesas de seus senhores”. Observe e verá que a política brasileira e do mundo é dominada pelo Utilitarismo Perverso.
Na Política, o utilitarismo perverso sublima a disputa pelo poder e engendra em suas entranhas a terrível falácia, que o fim justifica quaisquer meios adotados. Na Economia, por exemplo, só a monetização importa. Nesta linha de raciocínio coube ao escritor alemão Rupert Pritzl distinguir busca de renda e busca de utilidade, ao dizer que por trás do rentista se percebe um utilitarismo capaz de aprisionar o Estado para obter lucro fácil e rápido, permitindo ao mercantilismo se tornar mais uma forma de captura do Estado por parte da política que aprofunda cada vez mais a pobreza.
Por certo, na Busca da Felicidade é necessário considerar a busca individual e a coletiva. Esta assemelha-se a uma “felicidade institucional” que analisada à luz da política parece com o “utilitarismo de regra” baseado em leis, como se Leis fossem o maior achado da humanidade e capazes de promover a Felicidade para as sociedades, teoria adotada pelo economista e filósofo inglês John Stuart Mill, e presente em todos os Estados Democráticos de Direito desde o século XVI.
Divirjo desse pensamento, por entender que cada vez mais as leis se convertem em instrumentos utilitaristas de governos para os quais a justiça e felicidade do povo há muito não interessa. Para nossos governos a felicidade do povo deve estar refletida na obediência plena às Instituições estatais, mesmo quando estas negam o mínimo de dignidade social e econômica. Eis porque o Estado faz questão que o povo confunda Poder Judiciário com Justiça. Não é! Isto é ilusão! Poder Judiciário numa política e democracia formal como a que vivemos não passa de mero órgão aplicador de leis e decisões ideologizadas.
O Utilitarismo Perverso fundamenta-se na subversão da Verdade, ou seja, na mentira ou falácia, pois esta quando bem contada confunde a mente dos incautos, ainda mais nestes tempos em que o Estado com seu controle absoluto propositalmente marginaliza a inteligência, a fim de criar massas dirigíveis, governáveis.
Interessante é que na religião as pessoas estão ameaçadas pela condenação ao inferno no caso do “pecado da mentira”, perante o Poder Judiciário estão ameaçadas de sofrerem prisão em caso de cometimento de crime de perjúrio(mentir em juízo), mas na Política a mentira é a matéria-prima das eleições, dos planos e programas de governo, a “virtude” que elege e mantém os eleitos, e conserva os eleitores felizes e dispostos até a matar os amigos e irmãos que discordam de sua crença em tal ou qual candidato, a cada ciclo eleitoral.
A Política pariu o Utilitarismo perverso! Ambos criaram um núcleo no qual quaisquer meios justificam os fins. Eis porque as sociedades de eleitores idolatram e cultuam líderes e agem quanto a eles como se fossem deuses a cujo comando a obediência deve ser irrestrita. Em consequência tais líderes, seus familiares e protegidos tornam-se os donos do Poder em “loop”, pois vão e voltam como dirigentes do Estado. Quanto à Nação, bem, ela é só um detalhe! O povo que acorde cedo e coma o pão que o diabo amassou, pois para políticos a missão não é servir ao povo, mas se servir dele, devorá-lo como as bactérias fazem com o corpo morto e apodrecido.
Se você deseja compreender melhor o contexto político do Brasil e do mundo, te recomendo dois dos meus livros cujos links seguem abaixo: