Sidelcy Ludovico

A hora e a vez da moda plus size

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em conjunto com o Ministério da Saúde (MS), publicada em 21 de outubro de 2020, com dados coletados em 2019, houve um significativo aumento da obesidade em adultos em nosso país.

Dados dessa pesquisa nos levam a concluir que 96 milhões de brasileiros, ou seja, 60,3% da população adulta apresenta o Índice de Massa Corporal (IMC), unidade de medida internacional usada para calcular se uma pessoa está no peso ideal, maior que 25 kg/m² sendo assim classificadas com excesso de peso ou com sobrepeso.

Dessa pesquisa também pode se concluir que as maiores taxas de sobrepeso são encontradas nas mulheres que apresentam 62,6% contra 57,5% dos homens. Ademais, o estudo nos mostra que desde 2002 as prevalências de excesso de peso para adultos com mais de 20 (vinte) anos de idade têm aumentado em ambos os sexos e que esses valores aumentam com a idade concluindo a pesquisa que 10,7% das pessoas entre 18 e 24 anos, 23,7% pessoas entre 25 e 39 anos e 34,4%, na faixa etária de 40 a 59 anos foram classificadas com sobrepeso.

E esses dados tendem a aumentar em virtude da pandemia do novo coronavírus que nos impôs o home office, trabalho em casa, ou anywhere office, trabalho em qualquer lugar, e um nova maneira de nos vestir e de lidarmos com as questões relacionadas a beleza e a moda.

Não vamos aqui discutir as causas da obesidade, conceituada por especialistas como condição de saúde complexa que nenhum profissional consegue solucionar de forma simples e fácil, mas evidenciar com isso que a moda plus size tende a ser nos próximos anos a grande estrela da indústria da moda.

E grandes marcas internacionais evidenciando esse fato largaram na frente e tem escolhido modelos plus size como símbolos de suas coleções como a Versace, de Donatella Versace, e a Area, dos designers Beckett Fogg e Piotrek Panszczyk, que tem na sua lista de clientes celebridades como Beyoncé e Michelle Obama, que escolheram recentemente a modelo norte-americana Precious Lee, de 31 anos e com 30 quilos acima do padrão esperado para uma modelo dita convencional.

Precious Lee, filha de um cabeleireiro e de uma professora, cujo sonho era se tornar advogada para ter um armário cheio de roupas de grife, conta com outras grandes conquistas como ser a primeira modelo negra e plus size a estar na capa da Sports Illustrated Swimsuit, em 2015, o que fez com que ela estampasse a campanha de igualdade entre corpos, feita por Lane Bryant, em diversos outdoors e ônibus da Times Square, em Nova York, Estados Unidos, com a #PlusIsEqual.

Citamos o caso da modelo norte-americana Precious Lee apenas a título de ilustração, mas em nosso país também temos importantes modelos pluz size como Aline Zattar, Amanda França, Babi Monteiro, Cléo Fernandes, Daniela Catuta, Fluvia Lacerda, Isabela Trad, Jessica Praun, Juliana Romano, Letticia Munniz,, Marcela Costa, Maria Luiza Mendes, Mayara Russi, Mel Soares, Pamela Alexandra, Raissa Galvão, Thais Carla etc, que tem ajudado a desconstruir o padrão de beleza da mulher magra ou fitness.

No Brasil, marcas populares como Marisa e C&A já possuem coleções plus size e segundo dados da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest) esse mercado movimentou em 2018 cerca de R$ 7 bilhões. Tal fato levou, inclusive, a criação da Associação Brasil Plus Size (ABPS) pensada por profissionais vinculados ao setor plus size e alinhados ao pensamento acadêmico das universidades brasileiras com foco na promoção de pesquisas científicas, mercadológicas e tecnológicas.

De acordo com pesquisas realizadas pela ABPS o mercado plus size cresceu, nos últimos três anos, 21% e a expectativa era que avançasse e terminasse 2020 com 10% de aumento.

Contudo, acreditamos que a moda pluz size em nosso país, como diversas outras questões da indústria da moda mereçam um atento olhar sob pena de perda de competitividade internacional dos produtos por nós confeccionados.

Uma delas refere-se aos tamanhos padrão do que seria considerado plus size que atualmente são definidos de acordo com as medidas das pessoas. Para alguns seria moda plus size a partir do número 46 apesar de outras medidas deverem ser consideradas, como o busto acima de 90 e o quadril acima de 108, mas há divergências com relação a isso. Por outro lado, há agências que consideram plus size modelos que vestem manequim acima do número 40 e as mulheres com gordura localizada na barriga. Todavia, para outros, do manequim 44 para baixo de plus size não tem nada e no Brasil o padrão plus size seria do número 44 ao 62. Entretanto, nessa lista reúne-se modelos de todos os tipos como plus size com cintura fina ou com quadrilzão, plus size que não são gordas, mas são grandes e consideradas plus size para os padrões da moda tradicional que vem sendo desconstruída com o tempo e com as mudanças de valores das novas gerações.

Não há como negar que a popularização da moda plus size aumentou a autoestima das pessoas e facilitou a vida de quem veste numerações maiores e a indústria da moda começa a compreender essa questão.

Além disso, os constantes pedidos dos consumidores para que essas roupas não sejam diferenciadas em cor, estampa e tendência de moda das demais tem levado o setor a repensar todo seu processo criativo. Isso porque as roupas não precisam ter o papel de disfarçar o nosso peso, mas de valorizar partes dele ou ocultar algumas de nossas características, haja vista que todos nós temos uma parte que nos incomoda que pode ser a coxa, a barriga ou até mesmo o braço. Assim, esta é a hora e a vez da moda plus size.

 

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Imperatriz das Imperatrizes

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