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A História da Educação. Primeira lei do ensino: O Professor (Parte 6)

Direto de Nova Iorque, EUA.

Qual o papel do Professor no contexto da Educação? Qual a importância de definirmos esta questão?

John Milton Gregory diz que “o professor dever ser pessoa que conheça a Lição, verdade ou arte a ser ensinada”.

Milton enumera as seguintes “leis” às quais o Professor deve estar afeiçoado. Eis algumas “leis” de Milton que parafraseio:

1) Conhecer completa e familiarmente a lição que quer ensinar, sabendo que o domínio completo de pouco, pode ser melhor que a superficialidade de muitos temas.

2) Ganhar e conservar a atenção e o interesse dos alunos para a lição. Sem interesse em algo ninguém presta atenção em coisa alguma.

3) Empregar palavras compreensíveis. De Pouco ou nada adianta falar o que o aluno não compreende. Usar palavras ainda fora da compreensão do aluno é como falar grego para quem nada sabe de grego.

4) Começar por aquilo que o aluno já conhece bem e avançar para a nova matéria. O novo se revela à partir das comparações que o aluno consegue fazer entre seu mundo conhecido e o mundo novo que o Professor deve apresentá-lo pouco a pouco.

5) Estimular a mente do aluno para que ela aja por si, colocando-o na posição de um descobridor, ou antecipador. O papel do Professor deve ser o de guia que atravessa portal a portal do velho para o novo mundo de conhecimento.

6) Exigir que o aluno reproduza em pensamento a lição que está aprendendo, pensando, rememorando em suas várias partes e aplicações, até que possa expressá-la em suas próprias palavras. Alguém que reinterpreta um pensamento também se torna de alguma forma dono daquela ideia.

7) Rever, rever, rever, buscando e achando novas aplicações, corrigindo quaisquer ideias falsas, e completando a verdade. O conhecimento deve ser visto como o meio para solucionar problemas. Se o Professor não demonstrar que o conhecimento de idiomas serve para resolver problemas de comunicação; se não demonstrar na prática que o conhecimento de física, matemática, química são aplicáveis ao cotidiano, o aluno ouvirá a Lição, mas não terá interesse por ela,

8) Relacionar sempre o objeto de estudo com a vida. Alunos se interessam mais pela fórmula abstrata que se concretiza ante seus olhos, ou, pelo menos, que saiba que outra pessoa foi capaz de concretizá-la.

 

O mesmo John Milton recomenda cuidado para que o Professor não caia em certas armadilhas. Vou seguir parafraseando o que ele diz:

1) Não se esconda atrás da própria ignorância dos alunos para negligenciar seu dever de seguir estudando.

2) Não passe pela Lição a ser ensinada, como gato passa por cima de brasas.

3) Se não está satisfeito em ser Professor procure outra profissão, pois sem motivação a vida fica sem graça.

4) Se você não sabe a Lição, estude e, não use de falsa erudição para esconder sua própria ignorância.

Uma pessoa não pode ensinar o que não sabe e, como é crucial o Professor compreender bem a lição que vai ensinar, necessitamos liberá-lo para ler, pesquisar e ao final possa transmitir a Lição de forma viva e transformadora!

Fui Professor por 19 anos, lecionando para adultos. Escrevo desejando que entendamos o quanto o Professor merece REVERÊNCIA e RESPEITO, todos sem exceção e, especialmente, os que ministram o ensino fundamental séries iniciais e finais e ensino médio, porque estão desenhando caráter, esculpindo vidas, construindo sob responsabilidade sua e, hoje, maior que a responsabilidade da Família, do Estado e da Sociedade. Estas Instituições, praticamente, abandonou a educação de seus filhos/cidadãos às Escolas.

Se nossos governantes acompanhassem por alguns dias o cotidiano dos Diretores, Coordenadores, Orientadores Educacionais e dos Professores, veriam o quanto esses profissionais do ensino estão relegados a sua própria sorte.

Em regra, os alunos só os consideram amigos e protetores quando se veem em situação adversa. Quando tudo está bem, o Professor, Diretor e demais profissionais do ensino são vistos por uma boa parcela de alunos, como se adversários fossem. Alunos que jogam cadeira nas costas do Professor, outros que desacatam das formas mais diversas, tudo porque se sentem “intocáveis” e porque quando se lamuriam aos pais estes retornam à escola para ameaçar e até agredir física e psicologicamente os Professores e demais profissionais do ensino.

As famílias, o Estado e a Sociedade abandonaram os Professores a sua própria sorte. As famílias, por exemplo, não têm coragem de admitir que não educam mais, o Estado fabrica leis com pródiga proteção de crianças e adolescentes e em desamparo do Professor e demais profissionais do ensino e, por fim, as leis que os protegem não são divulgadas.

A sociedade, por todos os meios de comunicação sente necessidade de acompanhar a velocidade de nosso mundo telemático e, para renovar o conteúdo de seus portais de comunicação e entretenimento de vinte em vinte minutos, “unge”e “consagra” a todo instante novos “bobos da Corte” para entreter “outros bobos da Corte”. O resultado dessa operação em cadeia é que a esperança de podermos separar sábios de tolos está cada vez mais difícil.

O Filósofo Baruch de Spinoza em seu livro “A Ética segundo os geômetras” pergunta: “É mais fácil um sábio aprender de um tolo ou um tolo aprender de um sábio?”

Parece-me que a questão em nossa sociedade moderna não é mais esta, porque vivemos dias em que ungimos e consagramos tolos para ensinar pela TV, pelo Rádio, pelo Youtube e outras diversas mídias sociais. São os influenciadores digitais espécies variadas, feitos de papel a ensinar uma nova geração, a ser de papel. Pessoas cheias de síndromes, de transtornos, de distúrbios, de depressão porque querem ser artistas, jogadores de futebol ou modelos, achando que em tais profissões se ganha dinheiro sem trabalho. Tolos guiando tolos a desaguar no estágio de ensino e educação em que se encontra o Brasil. Como querer que nosso país se desenvolva de forma sustentável, permanente? Vamos seguir nessa gangorra em que hoje somos a nona economia do mundo, subimos para a sétima, depois caímos outra vez e, por aí vai…

Pensar nisto nos faz ver a urgência de investir no ensino da Ética, em resgatar a necessária noção de Hierarquia como uma relação de subordinação e coordenação. Filhos devem ser submissos e não submeter os pais. Alunos devem obedecer ao Professor, porque na Escola o certo é que mande este.

Ninguém neste mundo fugirá de ter que obedecer. Em casa mandam os pais, na escola mandam os Professores e demais profissionais do ensino, no trabalho manda o patrão e na vida manda a morte. A hierarquia está presente em todos os lugares e fases da vida e, afinal, qual o problema em obedecer a ordens legais e coerentes?

Necessitam, Família, Estado e Sociedade resgatar a autoridade do Professor e fazer seus filhos/alunos/cidadãos, compreenderem que assim como um capitão manda em seu navio, assim como o piloto manda em seu avião, e pode deter e prender quem quebra a ordem ou o contrato estabelecido, também o Professor e demais profissionais do ensino são o capitão e o piloto de cada sala de aula e de cada escola e sobre tais ambientes possuem autoridade.

No próximo e último artigo sobre a primeira lei do ensino, o Professor, explicarei o Poder de Polícia que o Professor e demais profissionais do ensino possuem e como devem proceder para deter e apreender alunos (crianças ou adolescentes e até mesmo pais e responsáveis) que cometam ato infracional e/ou crime.

Continua…

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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