Direto de Brasília-DF.
Um dos problemas graves que assola o mundo desde metade do século XX até nossos dias, é que passamos a exigir muita humildade de quem sabe e nos tornamos extremamente tolerantes com quem não sabe.
Até mesmo os cursos de Doutorado recomendam aos verdadeiros doutores (quem não é médico ou não fez curso de doutorado, simplesmente não é Doutor!), que ao escrever use o pronome “nós” ao invés de “eu”, para que o Doutor não pareça arrogante e seja rejeitado por quem o lê.
Enquanto isto, enquanto nosso mundo exige um caminhão de humildade de quem sabe, segue dando todos os ouvidos e orelhas a tolos das mais variadas espécies, cujas bocas ao abrir parecem exalar o odor putrefato de um sepulcro aberto, no qual jaz um cérebro ignorante e em decomposição há mais de quatro dias…
Sabemos todos que a globalização do Twitter, Facebook, Instagram e demais mídias sociais que existem e virão a existir, está criando inúmeras “jumentas de Balaão” (pesquise a fábula no Google).
São incontáveis “digitais influencers e youtubers” que mal sabem escrever o próprio nome: que não sabem fazer uma resenha de um livro à influenciar esta geração que aí está e cuja estrutura mental é da espessura de uma folha de papel A4.
O que vemos hoje é uma lógica invertida em que alunos esperam reverência de quem deveriam reverenciar. Se não querem reverenciar o saber do Professor, ao menos deveriam pagar-lhe RESPEITO! Seguir o caminho que indicam, esforçar por captar, compreender e interpretar a Linguagem, fazer a Lição, pensar e refletir sobre o que leem, se anteciparem ao futuro, se é que querem ter algum valor para o Mercado de Trabalho.
É inacreditável ver que as famílias, especialmente, a das últimas três décadas; o Estado e a sociedade MINAM a autoridade, a reverência e o respeito ao Professor, enquanto MIMAM filhos e cidadãos ignorantes.
Por certo, hoje é difícil dizer que não pode haver ensino sem Professor. Pode sim! O Google nos superou a todos em quantidade de informação. Mas, será que quantidade armazenada de informação basta? Será que o mero possuir informação harmoniza-se com a essência de “Ser Humano”? Se assim o for, não haverá dificuldade alguma em sermos superados pelas máquinas, futuramente.
Permita-me contar-lhe uma história que extraí das páginas do livro “Médico de Homens e de Almas”, da escritora Taylor Caldwell.
Cadwell conta que, já sob domínio do Império Romano (após o ano 27 a.C) vivia na Síria um Tribuno por nome Diodoro Cirino e, em sua casa um escravo liberto chamado Eneias.
O pai do tribuno Diodoro Cirino, por um gesto humano, havia custeado todas as despesas para que seu escravo Eneias tivesse o mesmo estudo que seu filho Diodoro e, assim, pudesse ser mantido como Professor da família. Assim o seria até seus 45 anos, quando deveria ser aposentado. Isto deixou escrito em testamento.
Com o passar dos dias Eneias casou-se com a escrava Íris que também vivia na casa do pai de Diodoro. Íris e Eneias tiveram um filho ao qual chamaram, Lucano. Este menino era por demais atento à tudo que via, ouvia. Desde cedo lia muito, inclusive sobre religião e filosofia.
Após a morte do pai, Diodoro Cirino, que era soldado, retorna para casa e assume o comando da família. Aos poucos percebe que Lucano, o filho do escravo liberto Eneias era uma criança diferente.
Certo dia Diodoro chegou para o pai de Lucano e dialogou assim:
“- Dize-me, Eneias – falou -, estou interessado por este teu filho. Quais são as esperanças para o futuro dele?
– Eu tinha pensado, senhor, que ele seguiria a seu serviço.
– Ah! Não! Ele não te fez confidências com referência ao desejo que tem de ser médico? (…) Eu próprio o mandarei para a escola de medicina em Alexandria, quando tiver mais idade. Nesse meio tempo, ele tomará lições com o preceptor de Rúbria.”
Lágrimas de gratidão correram dos olhos do pai de Lucano, que não tinham como custear os estudos de seu filho.
Preceptor é um educador ou mentor. Rúbria era a filha de Diodoro Cirino e um dos preceptores dela chamava-se Keptah, que também havia estudada na escola de medicina de Alexandria e era o médico da família.
Diodoro, então, entregou o menino ao seu primeiro Professor e disse: – Tu o ensinarás, Keptah!
Keptah o ensinava nas artes médicas, mas havia também um Professor grego, por nome Cusa, que Diodoro contratara para ensinar sua filha Rúbria e que também daria aulas gratuitas, a Lucano.
Sobre essa relação entre Professor e Aluno, na antiguidade, Taylor Caldwell, uma estudiosa e pesquisadora de temas antigos, relata como funcionava a disciplina e correção. Eis o que diz:
“Nem por isto Cusa deixou de se armar com um pequeno chicote, que usava em Lucano mais do que o necessário, quando em sua opinião o menino estava demonstrando uma estupidez irredutível”.
Pois bem, se para relatar a História é necessário ser isento, eis no relato anterior um fato que não pode ser negado. Os Professores recebiam dos pais o dever de ensinar seus filhos, mas também recebiam parcela da autoridade que possuíam para discipliná-los e corrigi-los.
Se certo ou não usar o chicote, esse é um juízo de valor exterior ao fato de que a disciplina poderia ser exercida sem qualquer oposição dos pais, que, ao contrário, confiavam que o Professor usaria a disciplina de forma moderada e suficiente para corrigir a estupidez e ignorância dos alunos.
Historicamente quatro métodos de castigo eram comuns até meados do Século XX (dentre outros). Ei-los:
“1) Palmatória: A palmatória (ou férula) era uma das formas de disciplinar mais usadas e cruéis de antigamente. O artefato de madeira, que se consiste em uma haste encabeçada por um círculo (semelhante a uma colher de pau) cheia de pequenos furos, era usada para bater nas mãos do estudante quando este cometia um erro. A palmatória fazia surgir na mão uma série de doloridas bolhas, que causavam muita dor ao aluno.
2) Ajoelhar-se sobre caroço de milho: Fazer o aluno ficar por alguns minutos ajoelhado no milho era outra forma de castigo muito usada pelos professores antigamente. A criança que cometia a “infração” era obrigado a ficar ajoelhado no grão normalmente na frente da turma toda, até o mestre decidir que já era suficiente. O milho invariavelmente cortava e perfurava a pele dos joelhos.
3) Reguadas: Esse era outro castigo comum. Normalmente durante testes orais, de matemática por exemplo, o aluno era levado para a frente da sala e submetido às questões do professor. Se ele estivesse recitando a tabuada, por exemplo, qualquer erro era digno de uma reguada no bumbum ou na mão do aluno. “dois vezes dois, quatro, dois vezes três, sete” e dá-lhe reguada nesse momento.
4) Chapéu de burro: O chapéu de burro era um espécie de castigo de psicológico, onde o aluno que cometia um erro era posto no canto da sala usando um chapéu com orelhas de burro, sendo ridicularizado pelos colegas e até pelo professor.”(https://www.fatosdesconhecidos.com.br/os-4-piores-castigos-que-os-professores-aplicavam-nos-alunos-de-antigamente/. Acesso em 20/03/2019)
Por óbvio devemos todos agradecer por não havermos sido alunos em épocas tais, mas o correto é banirmos os métodos inaceitáveis, sem substituí-los por qualquer outro?
Na série anterior de artigos que escrevi nesta Coluna, sobre “O dilema da lealdade dividida entre Nação e Estado”, expliquei que uma sociedade sem lei era o sonho da doutrina social chamada “Anarquia”. Se não aceitamos uma vida em sociedade, sem regras para a reger, disciplinar e até penalizar, porque devemos aceitar a Anarquia nas escolas?
Continua…